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Série da vez: WeCrashed (2022)

Uma minissérie baseada em fatos reais que através de seus protagonistas inspirados consegue entreter e gerar revolta ao mesmo tempo

                                                                                                                                        

Nota IMDb: 7,3 (até o dia da postagem) (IMDb)
Título original: WeCrashed
Criadores: Drew Crevello, Lee Eisenberg
Estrelas: Jared Leto, Anne Hathaway, Kyle Marvin
Crítica: Michael

O mundo já viveu vários exemplos de pessoas que com seu carisma e presença conseguiram enganar investidores e instituições e causar prejuízos milionários, como por exemplo no famoso caso da Theranos (do qual falamos aqui). Esta série retrata um outro caso real como este da empresa WeWork criada por Adam Newman e que foi um dos exemplos mais devastadores de má gestão e péssima supervisão, o que acabou seriamente prejudicando a vida de várias pessoas, principalmente dos empregados que dedicaram parte de sua vida à empresa. Com interpretações fantásticas de Jared Leto e Anne Hathaway, esta série original da Apple TV+ gera sensações conflitantes e é um grande alerta aos perigos da cultura do guru corporativo.

Um dos resultados que temos ao juntar duas pessoas com uma característica dominante parecida é que ela será potencializada. Isso foi justamente o que parece ter acontecido com a união de Adam Newman e Rebekah, duas pessoas extremamente narcisistas e com ideias totalmente desconexas com a realidade. Baseada em fatos reais, esta minissérie de oito episódios mostra como o carismático Adam, potencializado por Rebekah, consegue criar do zero uma "empresa unicórnio" de aluguel de espaços de coworking chamada WeWork que se espalhou pelo mundo e chegou a ter seu valor estimado em mais de 47 bilhões de dólares. Porém, foi um crescimento totalmente não sustentado que, somado às excentricidades do casal, acabou como um dos maiores fracassos recentes do mundo corporativo e a quase falência total da empresa. 

Se metade do que foi mostrado realmente tiver acontecido, é um alerta assustador ao perigo da cultura do guru corporativo que arrasta seguidores e toma decisões impulsivas. É neste sentido que a série acaba causando sensações conflitantes. Ao mesmo tempo que o espectador fica maravilhado com as interpretações fantásticas de Leto e Hathaway e com o qualidade da série, ela também gera revolta pelo total desrespeito que Adam e Rebekah mostraram com seus empregados e investidores, além de uma série de questionamentos de como eles conseguiram enganar  por tanto tempo os investidores.

Mas isso não remove os méritos dos protagonistas que realmente esbanjam talento. Jared Leto prova que é mesmo um camaleão e, apesar de um sotaque forçado e de não ter a mesma presença física do verdadeiro Adam Newman, consegue convencer no papel de guru empreeendedor carismático e excêntrico que nunca aceita um "não" como resposta. Já Ane Hathaway é o ponto alto e está tão boa no papel da uber narcisista Rebekah que gera grande antipatia sempre que está em cena, o que acontece bastante e inclusive gerou certas críticas do público. Kyle Marvin também merece destaque como o "Wozniak da vez" que segue um guru e é quem realmente realiza o trabalho pesado necessário para a empresa.

Tudo isso faz com que esta série seja uma excelente oportunidade para conhecer mais da conturbada história da WeWork, principalmente pelas interpretações fabulosas de Leto e Hathaway. Talvez tudo o que foi retratado irá gerar uma certa revolta, principalmente pelo desfecho, mas esta pode ter sido a intenção: gerar uma alerta sobre a necessidade de rever os critérios que permitem pessoas como Adam e Rebekah de causar danos tão grandes, principalmente porque no final quem paga a conta são os empregados ou pequenos investidores.

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