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Livro da Vez:Oppenheimer - O triunfo e tragédia do Prometeu americano - Kai Bird e Martin J. Shewin

Em um livro que conta a saga de uma pessoa que seria a pouco provável facilitadora do nascimento da Era Nuclear, ainda mais pela bomba, vemos a relação de ciência e política(e como isso pode sim ensinar sobre quem sabe IA?), as difíceis decisões da guerra e o nascimento da Guerra Fria. Mas informações na crítica abaixo.

Olhando assim é bem bão ser limitado...:P


Não muito tempo atrás eu estava tentando explicar para a filha de um amigo meu porque guerras acontecem e lembrei de algo curioso. Houve tempo que a guerra tinha regras, que se marcava um lugar e uma hora, fora das cidades para evitar mais mortes, porém também porque para a vencedor uma cidade inteira é melhor do que uma cidade em chamas. Isso infelizmente não implicava o que ia acontecer com a população dela dependendo do humor do vencedor também.

E a Segunda Guerra Mundial era mais um triste exemplo da chamada Guerra Total. Acredito que isso é um ponto importante e que mostra que a vida dá voltas que nos levam a decisões difíceis e contraditórias, muitas vezes contra muita coisa que você acredita. Às vezes isso é bom, às vezes isso é ruim. No caso de Oppenheimer foi trágico.

Claro que as 1241 páginas da versão digital(e 640 na versão física...o porque logo depois pode ter ficado claro),em português assustam um pouquinho, mas faz um ótimo trabalho de detalhamento da vida de alguém tão complexo e brilhante, mas muito longe de perfeito, o que faz um retratado humano. Nascido em uma família judia rica alemã não praticante que emigrou para os EUA,  com pais brilhantes cada um ao seu jeito, estudou desde de cedo em uma escola humanista, se destacava pela grande inteligência com uma hilária história de um clube de geologia, mas se apaixonou pela Física, o que o levou a conclusão que definitivamente ele não seria feliz com a parte experimental por ser desastrado demais em laboratório(é nóis! Já paguei um bequer de laboratório! Sei como é isso :)), se encontrando na física teórica. 

Contudo, sabe aquela teoria do bonequinho de RPG que tem pontos e tal? Oppenheimer acho que era tão brilhante que acabou tendo que também levar o peso da depressão(me deixando feliz com a minha burrice...tá vendo?), tendo o famoso episódio da maça envenenada deixada para um professor por parte dele que na prática era uma tentativa de homicídio, sendo que graças a influência da família dele rendeu um tratamento obrigatório e quem sabe um convide para outros ares... Que no final algo que definiu o seu destino já que foi parar na meca da Física Quântica(anos 20 e 30), na época na Alemanha, que ainda sofria as graves consequências da derrota na Primeira Guerra, assim como a famosa queda da Bolsa de 1929(curiosamente a família dele escapou vendendo tudo antes do desastre).

É lá que ele entra em algo que faria ele ser essencial para o papel que iria desenvolver na construção da bomba. Já de volta ao EUA alguns anos depois, é tragicômica a situação de alguém que colaborou para a resistência espanhola ao franquismo(que lamentavelmente volta hoje em dia com uma nova roupagem na Europa), seja a pessoa catalizadora do projeto(escolhendo o local, indicando algumas pessoas chave, participando de decisões técnicas e até na tensa escolha do primeiro local da primeira bomba). Porém, ainda mais lendo o livro, o termo de pai da bomba é incorreto. Seria como um parteiro, provavelmente. Também a importância em momentos chave da bomba por parte dos ingleses poderia ter sido mais enfatizada(até na sabotagem da fonte da "água pesada" a disposição dos nazistas).

Curiosamente o livro em si não foca tanto na construção da bomba, que é naturalmente uma parte importante, porém mais em Oppie(como os amigos se referiam a ele), Kitty, a esposa dele, Strauss mostrando o qual perigoso é mexer com ego de algumas pessoas, naturalmente também falando de pessoas muito doidas como Niels Bohr, Albert Einstein, entre outras grandes personalidades. Também brilha bastante em mostrar o preço que ele pagou para evitar a evolução da bomba atômica para a temida Bomba H(de Hidrogênio, muitas vezes mais potente), avisando sobre o que viria ser a era da chamada Destruição Mútua Assegurada(ou em inglês MAD)(termo cunhado por Wilkie Collins em 1870), defendendo algo que seria mais ou menos a Agência Internacional de Energia Atômica e quem sabe ajudando para o que viria a se tornar o Start I e II de controle da proliferação de armas nucleares que por sua vez foi motivado por um pacto entre cientistas e artistas pelo mundo, principalmente por causa...de um filme pro armas(no caso do programa Guerra Nas Estrelas do governo Reagan) chamado O dia Seguinte...mas isso é história para outro post. :P Outra pérola é a explicação do porquê de um numero tão grande de armas nucleares e tão pouco foco em defesa espacial(irônico não?).

Porém, o livro tem alguns probleminhas... Claro que é muito bem escrito, ainda que dê a impressão de que um pouco mais de síntese seria bem vinda. Quem sabe excesso da influência do farto material da escuta do FBI durante anos na vida de Oppenheimer? E claro, não tem como não colocar o elefante no meio da sala da versão impressa em português não ter as notas das referências bibliográficas(que inclusive acho que poderia conter algo como 30% do livro sendo chato...:P). Realmente foi um tiro de bazuca em um livro tão importante. Há a recomendação pra a consulta no site do livro. Sério?!?!

Por fim, para quem realmente ainda quer mais informações, ou quem sabe quer entrar em um esquenta recomendo demais o podcast da BBC chamado The Bomb, contando a epopeia de Leo Szillard que mostra as engrenagens que levaram ao medo da obtenção da bomba, como ela foi feita, o problemas da espionagem e o mundo pós estreia. E não há como não citar o A Máfia Dos Bombardeiros de Malcolm Gladwell que fala sobre o desafio moral de bombardear um alvo de forma efetiva em guerra. E que tem tudo a ver com o que virou a maior objeção de Oppie sobre a bomba nuclear.


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