Filme da Vez:Oppenheimer - O mundo Mudará para Sempre(2023)
Facilmente uma das pessoas que ajudaram a definir o século XX e o atual, nesse filme de três horas de duração vemos a glória e o preço, mas principalmente a ciência e a política...e egos... Confira na crítica abaixo, sem spoilers, a mais nova obra de Christopher Nolan, suas virtudes e defeitos.
Muito longe desse filme ser uma bomba ;) |
Acredito que o primeiro elefante na sala é definitivamente a duração do filme, três horas cravadas. E tanto eu, como as pessoas que viram que eu conheço, assim como vários críticos, veem como uma façanha que o filme que mantenha a atenção em boa parte desse tempo, tanto que o espectador vai sentir a impressão de um filme de duas horas. E já que estamos falando sobre o tempo, sim, Nolan faz de novo sua mania, ou assinatura, depende de quem vê, da linha temporal um pouco confusa, indo e voltando várias vezes ao longo da projeção(tá que algumas vezes ele dá a dica do ano por detalhes ou o ano escrito em algo).
Baseado no livro Oppenheimer, o Prometeu Americano, com crítica aqui, a ênfase definitivamente é na personalidade, parte lenda/especulação em cores, parte os registros oficiais em preto e branco em seu projeto mais importante que foi o auxilio da criação da bomba atômica, assim como as consequências tanto de ações anteriores como as picuinhas acadêmicas/políticas. E claro, não tem como se falar desse filme sem especular sobre o quanto ele sabia como o mundo ia mudar.
Naturalmente a engenharia de som é espetacular, no sentido de lamentar não ter visto em um cinema iMax(porém com momentos impressionantes de volume/impacto sonoro), os efeitos visuais são impressionantes, não só na artística recriação da visualização do que imaginava Oppenheimer, mas também na famosa explosão de 16 de junho de 1945 no primeiro teste. E se somarmos o elenco de peso com Cillian Murphy(magro de dar dor, sempre fumando, fazendo desse mais um personagem intrigante na sua carreira), Matt Damon(como o general que construiu o Pentágono e sabe adiantar as coisas), Emily Blunt(como Kitty), Robert Downey Jr(como o mordido senador Lewis Strauss), Kenneth Branagh(como o complexo Niels Bohr), Florence Pugh(como a brilhante e deprimida Jean Tatlock), Gary Oldman(como o polêmico Harry Truman), toda essa galera de peso, sendo impressionante o custo aparente de 100 milhões de produção(50 mais ou menos de divulgação, que acabou economizando bastante com a rivalidade com o filme da Barbie(pois é)), quase como uma pechincha(dada a bilheteira, ele se pagou já na primeira semana e vai render algumas vezes esse valor).
Também obviamente não há como resumir o enorme livro em um filme de 3 horas, porém os macro fatos lá, mas talvez em nome da liberdade criativa, algumas coisas não foram exatamente daquele jeito ou simplesmente são pura obra de ficção. E tudo bem. Inclusive uma delas é justamente a construção que leva ao final de grande reflexão com uma frase final. Há farto material comparando o que se sabe e o que vemos em tela, recomendando esses dois vídeos aqui que fazem um trabalho muito melhor do que eu poderia.
Contudo, há algumas coisinhas que foram deficiências, principalmente escolhas, como o desenvolvimento muito aquém do que se sabe de Kitty e Jean Tatlock, com uma redução enorme das motivações e personalidades, ainda que com o macro não desvirtuado. Acrescentaria à informação de que houve sim um enorme peso na pessoa de Oppenheimer depois do julgamento, deixando a dúvida de o que ele poderia ajudar se o processo fosse diferente, assim como também não foi dado o respectivo peso da participação britânica que não foi pequena para o nascimento da bomba, assim como o enorme esforço de dificultar a obtenção por parte dos nazistas de algo parecido. Outro ponto ausente é que havia uma proposta de alternativa para o uso da bomba, nem que fosse feita por uma delegação de cientistas e autoridades inimigas em alguma demonstração de campo. Por fim, ainda que muuuito por alto tenha sido tratada no filme, a decisão de uma proliferação do número de armas, assim como o aumento da potência delas foi alertado por Oppie, tendo ele sugerido uma alternativa além da Agência Internacional de Energia Nuclear, focando na defesa contra mísseis como o que foi talvez o projeto Star Wars de Reagan e hoje seriam os misseis de interceptação Patriot e o israelense Iron Dome e suas derivações.
Resumindo, em uma incrível obra, mostra as difíceis decisões de alguém que auxiliou(o termo pai não é justo) ao nascimento da Era Nuclear, assim como a construção da Guerra Fria, por mais que alertasse, assim como a triste história da ciência sem a reflexão das consequências práticas. E a importância de brigas entre egos podem render problemas sérios. Nos dois sentidos. Disponível nos cinemas.
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