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No NetFlix:Chile, 1976(2022)

Em um filme que é mais suspense, com vários toques de drama, vemos dona Carmen, uma mulher de classe média alta que tenta levar a sua vida a parte da fome animal do regime ditatorial chileno no seu pior ano. Até que o padre da comunidade pede para cuidar de um "delinquente". Confira maiores detalhes, sem spoilers, na crítica abaixo.

Bem longe de um céu tranquilo e cor de rosa



Nota IMDb: 6,6 (até o dia da postagem) (IMDb)
Título original:  1976
Ano de Lançamento: 2022
Direção: Manuela Martelli(Machuca(2004), B-Happy(2003), Il futuro(2013), De la Noche a la Mañana(2020)
Estrelas: Aline Küppenheim(como a intrépida Carmen), Alejandro Goic(como o marido cansado Miguel), Amalia Kassai(como a tensa filha Leonor), Francisco Ossa(como Padre Rafael), Elvis Fuentes(como o sinistro Humberto),  entre outras estrelas.
Crítica: Dissonantbr

Antes de tudo, tenho que alertar que agora entendo uma forte característica desse filme. Ele é...digamos...hermético em seus detalhes. Vou dar um exemplo. Apenas quem viveu naquele tempo ou ouviu falar de "vacilos" sabe que quando a ligação tem clicks estranhos, sabe que "tem boi na linha"(escuta ilegal), coisa que era fácil de confundir com a baixa qualidade das linhas telefônicas muito tempo na América Latina. Outro exemplo, já no início do filme, é quando havia um sequestro das "forças de segurança", muitas vezes a plena luz do dia, as pessoas sequestradas falavam o seu nome para que seus parentes tivesse a última noticia delas. E para muitas foram as últimas mesmo.  E adianto: não acho justa a nota no IMDb. 

Ainda que não tão explicito na violência, o filme com um suspense crescente mostra o tenso jogo de faz de conta, muitos por concordância, medo ou porque simplesmente havia uma intricada cadeia de colaboradores em ambos lados. E com diferentes graus de consequências, dependendo da sua origem ou classe social, tudo ainda mais grave depois do golpe em 11 de setembro de 1973 até 1990. E depois progressivamente a sociedade chilena foi se separando da figura de Pinochet. Só que a constituição dele até hoje, mesmo pós uma tentativa frustrada de constituinte, continua.

E claro, não tem como falar desse filme sem citar a protagonista muito bem representada pela excelente Aline Küppenheim, atriz espanhola, mas muito famosa no Chile e na Argentina, tabelando com o  Francisco Ossa como Padre Rafael , assim como Alejandro Goic como o esposo Miguel. Mas dado o texto o destaque fica realmente para Aline como Carmen. A produção é simples, assim como o ritmo que pode entediar alguns, mas de novo há vários detalhes que me mantiveram esperto ao longo do filme.

Voltando ao filme, há várias sutilezas. Seja no dialogo da menininha falando que preferiria ser um animal selvagem do que uma princesa, o que contrasta com a história de Carmen, ou a útil desconfiança de qualquer forasteiro naqueles tempos.  Algumas sutilizas são praticamente impossíveis de saber, como a escolha do ano, já que foi o ano que a vó da diretora do filme morreu, já outras mais fáceis também porque 1976 coincide com a maior ferocidade do regime, assim como também é o ano que ocorre o golpe na Argentina. Por isso a verdadeira paranoia quanto quem é chileno e quem não é. Outra que é mais uma dica do que um spoiler é o dilema de Carmen já que ou ela tenta esquecer e saber o quanto menos o possível o que estava ocorrendo ou vive com as consequências e por um lado ironicamente seja mais livre.

Resumindo, se compreende como um resgate do registro dos tensos anos, ainda mais já que o tempo e a narrativa podem ir gerando uma sensação...cor de rosa, outra presença nada acidental no filme. Não é didático ou explicito, mas o suficientemente agoniante como registro de uma era que não deve ser esquecida para não voltar mais. Disponível na NetFlix.





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