Série da vez: A Nova Vida de Toby (2022)
Um retrato pessimista e enviesado sobre casamento e relacionamentos que ganha força por conta das suas atuações |
Nota IMDb: 7,7 (até o dia da postagem) (IMDb)
Título original: Fleishman Is in Trouble
Criadores: Taffy Brodesser-Akner
Estrelas: Jesse Eisenberg, Claire Danes, Lizzy Caplan
Sinopse: Toby Fleishman sabia o que esperar quando ele e sua esposa de 15 anos se separaram: fins de semana e todos os outros feriados com as crianças, alguma amargura residual, o momento ocasional de tensão em suas negociações de co-participação.
Crítica: Michael
A temática do casamento e do divórcio já foi abordada inúmeras vezes em filmes e séries de TV, mas a riqueza do tema dá a oportunidade de serem exploradas diversas visões com diferentes abordagens. Esta minissérie original do Star+ mergulha no assunto e ainda trata de outras questões como crise da meia-idade, depressão pós parto, aplicativos de namoro e criação de filhos. Ainda que ela veja o casamento sob uma lente bem pessimista e enviesada, temos algumas reflexões interessantes e a ótima interpretação do elenco estrelado transformam o resultado em algo que vale ser explorado.
Baseada em um livro de mesmo nome, a minissérie foca no divórcio de Toby e Rachel após quinze anos de casamento e também na vida da amiga de Toby chamada Libby e nas suas inseguranças e questionamentos enquanto passa pela crise da meia-idade e por problemas em seu próprio casamento. Libby funciona como a narradora da história e isso ajuda a dar um tom mais jornalístico à trama, principalmente pelo fato dela apresentar os dois lados do divórcio e mostrar que muitas vezes não existe um culpado, apenas duas pessoas que se tornaram diferentes e se afastaram com o tempo. Porém, o roteiro esquece de mostrar que existem alternativas a este cenário, quando o casal consegue amadurecer seu relacionamento e comunicação para abraçar essas diferenças e manter o respeito e o amor mútuos. Apenas no final ele mostra uma breve visão positiva que exime a culpa do outro pelo fato de sermos pessoas diferentes e que a aceitação da idade passa pela constatação de que não é possível voltar no tempo, sendo melhor aceitar sua passagem e abraçar as escolhas que fizemos da melhor maneira possível. A série também trata mais superficialmente alguns outros assuntos como a depressão pós-parto, os desafios da criação de filhos pequenos e os aplicativos de namoro. Outro ponto a ser destacado são as críticas sociais que só devem atingir seu potencial completo para quem conhece Nova York e o estilo de vida daqueles que possuem mais dinheiro.
Uma coisa muito interessante que a série faz é mudar o seu protagonista no decorrer dos oito episódios. O foco começa em Toby e no seu divórcio, mas aos poucos a narradora Libby vai tomando espaço e, após avaliar a separação dos dois através de ambas versões, ela vira o centro das atenções para resolver seus próprios questionamentos e, ao mesmo tempo, processar uma possível solução para seu amigo Toby. Desta forma, estes dois personagens ganham o maior destaque e os atores escalados não decepcionam. Jesse Eisenberg tenta se afastar um pouco da figura juvenil e nerd bom rapaz que sempre foi sua marca e convence no papel de um médico apaixonada pelo profissão e homem que precisa se reconstruir pessoalmente após o divórcio. Já Lizzy Caplan traz uma Libby bem mais reflexiva carregada de ironia e que também passa por um arco narrativo extenso para encontrar a paz com sua situação atual e escolhas do passado. Também é preciso destacar a excelente atuação de Claire Danes como Rachel que, apesar de ter um pouco mais de idade que o requerido para o papel, faz um ótimo trabalho e mostra todo seu talento dramático em momentos do seu personagem que exigem muito dela.
Temos então uma minissérie com um roteiro afiado e que não poupa golpes ao assuntos tratados, mas que pesa um pouco pelo fato de gastar a maioria do seu tempo na visão pessimista de casamento e relacionamentos e deixar apenas poucos momentos para um amadurecimento interessante dos personagens. Fica a ressalva dos temas e representações adultas e também do fato de alguns críticas focarem uma realidade social bem específica de Nova York. As interpretações são sólidas e ajudam a dar maior gravidade a tudo, sendo a parte mais interessante desta experiência que, como disse antes, vale ser explorada, nem que seja para saber como não lidar com os desafios de uma vida a dois.
Disponível na Star+ neste link.
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