Série da vez:A Casa do Dragão - Primeira Temporada

Mesmo com o enorme peso do sucesso anterior, e o desastroso fim de Game of Thrones, a nova série que é dois séculos antes do mesmo universo acerta em não simplesmente repetir fórmulas da série mãe, mas pode deixar algumas pessoas insatisfeitas. Confira virtudes e defeitos na crítica abaixo, como de praxe, sem spoilers...

Trrreeeetaaaaa! :P

Nota IMDb: 8,6 (até o dia da postagem) (IMDb)

Título original: House of the Dragon

Criadores: Ryan J. Condal, George R.R. Martin

Estrelas: Matt Smith(como o nada fácil Principe Daemon Targaryen), Milly Alcock(como a jovem Princesa Rhaenyra Targaryen), Emma D'Arcy(como a adulta Princesa Rhaenyra Targaryen), Paddy Considine(como o Rei Viserys), Rhys Ifans(como Otto Hightower), Sonoya Mizuno(como a sofrida Mysaria), Emily Carey(como a jovem Rainha Alicent Hightower),Olivia Cooke(como a Rainha adulta Alicent Hightower), entre outras estrelas

Crítica: Dissonantbr

Vamos começar já com o coração aberto já dizendo que eu já fiquei com má vontade com a ideia original. O final catastrófico do Game of Thrones, as críticas sobre os métodos da série, e a saudade de personagens e recursos narrativos deram um obstáculo bem grande para a nova série. E os primeiros episódios lutaram muito pra superar essa sensação.

E já aviso uma coisa que vários esperavam. Há mais "tretas" políticas do que dragões. Seja por questão técnica/custo, mas acredito que principalmente por design, o mais importante nesta história, pelo menos nessa fase, as intrigas do que os efeitos, sendo o fantástico seja um plus, um meio, do que o objetivo. E de fato isso acontece bem melhor na segunda metade dessa temporada de 10 episódios com a média de 57 minutos.

Na primeira parte temos a apresentação da dinastia, as famílias, o problema de sucessão e o maior de todos os absurdos: uma mulher não poderia ter poder e paz , ainda mais se fosse a Rainha. E por meio de um problema de sucessão, a oportunidade de brilhar é farta para vários personagens, com grandes atuações de Milly Alcock(como Rhaenyra) e a sua contra parte, Emily Carey(Alicent Hightower), assim como suas versões adultas(Emma D'Arcy como Rhaenyra e Olivia Cooke como Alicent), com um grande destaque a Paddy Considine como o complexo Rei Viserys, não sendo exceção para um conjunto de personagens secundários, alguns excelentes, com a série vai ganhando corpo sem depender tanto de computação gráfica. Aquela regra de "ah, vc está gostando desse personagem? E se ele morresse?" ainda continua válida. Mesmo assim vai frustrar muitos que só iriam atrás da formula antiga, ainda que há uma grande porção de violência e nudez(é uma série adulta definitivamente).

Uma coisa curiosa é perceber que aqui há pequenas, mas importantes diferenças quanto ao material do livro, o que é uma boa coisa, já que o livro base Fogo e Sangue é mais composto de uma coleção de são relatos, às vezes contraditórios(parte da graça do livro é justamente essa), de fontes, e aqui vemos uma sucessão de fatos, como uma série normal. Há mudanças no comportamento de algumas personagens e isso é ótimo porque , como costumamos falar, por serem mídias diferentes, as formas são diferentes e nada impede de tentar coisas de formas novas. Tanto comportamento e destino diferem e isso não é algo ruim definitivamente, mas claro, são mudanças que costumam convergir a um mesmo destino no rumo da história.

E sim, o fantástico está lá. A aventura também, porém nessa temporada o motor da história é a questão da luta de poder e o custo pessoal e coletivo do mesmo. E há um custo de ritmo, com muita gente reclamando que há muita "falação", alguns vão reclamar que é um novelão, contudo a exposição de absurdos, principalmente monárquicos, ou ...autocráticos... Fica a reflexão pra quem quiser ver...:P Aliás a série é riquíssima em metáforas... E temos três exemplos pesados de partos... A primeira vez me deu um desconforto muito grande.

E claro...os dragões!!! Foram usados menos do que eu imaginava, mas isso é ótimo. Claro, nem todos momentos e iterações são surpreendentes... Ainda que nos momentos mais importantes se vê um carinho maior com as grandes criaturas, inclusive em um momento fundamental no final dessa temporada e que difere dos livros(e pra um ganho narrativo).

Resumindo, é uma temporada corajosa por fugir de soluções fáceis, algumas pessoas vão reclamar de que há muito "falação", ou como diria minha amiga, "treeeta!", contudo personagens muito interessantes, inclusive secundários, um roteiro que tem evoluído bem, um final que é um ótimo convite a saber o que vai acontecer, mas... com um grande problema. A segunda temporada deve vir em algum momento apenas em 2024! Dois anos de espera é uma senhora penalidade...:/ Disponível na HBO Max e pelo menos chega antes da próxima copa...:P