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Filme da vez: Top Gun - Maverick (2022)

 

Uma continuação que supera as expectativas e voa alto ao fazer o que parecia ser impossível

                                                                                                                 

Nota IMDb: 8,6 (até o dia da postagem) (IMDb)
Título original: Top Gun: Maverick
Ano de Lançamento: 2022
Diretor: Joseph Kosinski
Estrelas: Tom Cruise, Jennifer Connelly, Miles Teller
Sinopse: Após mais de trinta anos de serviço como um dos melhores aviadores da Marinha, Pete Mitchell está onde pertence, ultrapassando os limites como um piloto de teste intrépido e evitando a promoção de posto que o manteria em terra.
Crítica: Michael

Com a crise de criatividade que as grandes produções de Hollywood vivem é muito comum vermos continuações ou refilmagens de clássicos ganharem prioridade na hora de saírem do papel. O que é muito difícil de acontecer é termos um caso onde uma continuação de um filme de mais de trinta anos atrás não só consegue ser boa e justificar sua existência como inclusive ser melhor que o original em praticamente todos os aspectos. Pois é justamente isso que acontece com 'Top Gun: Maverick', um filme que consegue balancear de forma muito inteligente a nostalgia e a novidade e misturar isso com ação de tirar o fôlego e uma história muito interessante.

A trama mostra Pete Mitchell "Maverick" com mais de trinta anos de carreira como um piloto de caça buscando superar seus limites e provar que o ser humano ainda consegue fazer a diferença em um tempo onde a tecnologia é a força dominante. Quando ele é então chamado para voltar à academia Top Gun para preparar novos pilotos para uma missão arriscada, suas convicções serão testadas e ele também precisará enfrentar um grande trauma que ainda carrega do seu passado.

Os fãs do primeiro filme de 1986 vão se sentir em casa com a montanha de referências: a música tema, a jaqueta, o Ray-ban, a motocicleta que tenta acompanhar o caça e até mesmo uma cena com homens musculosos jogando na areia de uma praia. Temos também uma similaridade em termos da estrutura principal da trama e nas dinâmicas entre os personagens. Porém, as semelhanças param por aí, pois o filme faz um excelente papel juntar tudo isso a um desenvolvimento bem melhor dos seus protagonistas e suas motivações. Maverick agora é um personagem bem mais humano que no original e sua dinâmica com o filho do seu antigo parceiro Goose gera momentos de ótima dramaticidade. Claro que também existe um romance no meio de tudo, mas até isso é trazido de uma forma menos forçada que se encaixa melhor na trama e no arco de Maverick, ainda que Jennifer Connely acabe sendo desperdiçada em um papel que exige mais de sua beleza madura e sorrisos do que de seu grande talento. Temos também uma participação mais do que especial de Val Kilmer como o eterno Iceman que foi incorporado à trama de uma maneira respeitosa e importante. Isso sem falar de algumas reviravoltas interessantes que deixam o final muito mais emocionante.

E tudo isso foi feito sem deixar a peteca cair em termos de ação com as cenas mais impressionantes de combate de caças que o cinema já viu. Claro que a maioria delas ainda estica as leis da física e beiram a fantasia, mas a predominância de filmagens reais e efeitos práticos com tomadas belíssimas aliadas a uma trilha sonora de arrepiar fazem com que o ritmo seja alucinante nos momentos mais agitados do filme. Destaque mais uma vez para a disposição de Tom Cruise em participar de tudo sem usar dublês, sendo que ele inclusive tentou autorização para pilotar o caça, mas isso foi justificadamente negado devido aos riscos.

E por falar em Cruise, temos mais uma prova de que ele se recusa a envelhecer e continua desafiando expectativas. Ainda que muito mais maduro, ele mantém a mesma energia e presença de tela que tinha no original e inclusive tira de letra a cena obrigatória sem camisa junto ao elenco mais jovem. E sua excelente forma física só é superada pelo seu carisma e talento dramático mais uma vez desfilando na tela e convencendo no papel de um Maverick que desafia as regras em nome de suas convicções. Miles Teller também merece destaque como o filho de Goose e sua interação com Cruise é um dos pontos altos do filme. O resto do elenco mostra rostos novos e outros mais experientes e todos cumprem muito bem seu papel.

Este filme é então a prova definitiva de que é possível fazer uma continuação tanto tempo depois que não só se justifica como consegue ser melhor que o original. Deixando de lado a polêmica sobre a possível representação de uma "masculinidade tóxica", ele mostra respeito ao material original e consegue inserir elementos narrativos para enriquecer a trama e seus personagens sem deixar de ser algo divertido e que enche os olhos. Não é à toa que ele já arrecadou mais de um bilhão de dólares em bilheteria e segue em cartaz e enchendo salas de cinema mais de dois meses após sua estreia. Um filme simplesmente obrigatório para os fãs do original e para todos em busca de um entretenimento de alta qualidade.

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