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Série da vez:Sem Limites(2022)

Nessa minissérie de 6 episódios vamos acompanhar uma polêmica figura histórica que foi Fernão de Magalhães e Elcano na maior aventura marítima do seu tempo. Confira detalhes, inclusive históricos, na crítica abaixo.

Uma aventura motivada por questões legais...:P



Nota IMDb: 6,5 (até o dia da postagem) (IMDb)
Título original: Sin límites
Criadores: Miguel Menéndez de Zubillaga
Estrelas: Rodrigo Santoro(como Fernão), Álvaro Morte(Elcano), Niccolò Senni(como o que registra Pigafetta), Bárbara Goenaga(como a bela Beatriz), entre outros
Crítica: Dissonantbr



Antes de tudo vamos a alguns contextos históricos importantes que a série provavelmente não comenta porque em Portugal e Espanha talvez é de conhecimento geral. Na época da aventura, 1519, Portugal disfrutava o controle dos mares, fato que seria só contestado pela Holanda mais ou menos cem anos depois, e a relação de Espanha e seu vizinho não era das melhores. Portugal via o fluxo de descobertas e riquezas aumentar a cada dia, sendo que o seu vizinho também fazia descobertas, porém ainda tinha um atraso, em parte, porque sofreu mais tempo com a invasão moura, resolvendo a questão basicamente depois da Batalha de Granada, e mais importante ainda, não tinha controle de uma rota para onde vinham as especiarias. 

Por causa do Tratado de Tordesilhas, a Espanha procurava um jeito de evitar a rota portuguesa, evitando mais batalhas e taxas, assim como uma alternativa a parte da rota terrestre que era controlada por venezianos, indianos, otomanos, persas e árabes, além dos portugas.  Ou seja, um monte de atravessadores...:P E aí entra Fernão de Magalhães. Como ele já serviu a Coroa Portuguesa no Oriente, principalmente nas Ilhas Molucas, hoje parte da Indonésia, conhecia regiões ricas no cultivo de especiarias, principalmente noz-moscada e cravo-da-índia, que na época literalmente era avaliadas como se fosse de ouro. E Magalhães sabia, por frequentar uma espécie de núcleo de inteligência marítima, haveria um chamado Mar do Sul, o que hoje chamamos de Oceano Pacifico(ironicamente ele teria dado esse nome, ainda que outro navegador em 1515 do reino de Castela, Vasco Núñez de Balboa tinha o visto no istmo do Panamá). 

Com essa informação Fernão vai tentar propor um projeto para o Rei de Portugal, na época D. Manuel I, mas por acusações, na época bem substanciais, de que ele teria negociado com mouros, ainda que parte do seu trabalho tenha sido essencial para a identificação de produtos de especiarias, o Rei não queria conversa com ele. Determinado a provar seu ponto, foi a Espanha, e com a ajuda de Rui Faleiro, conseguiu uma audiência com o Carlos I em março de 1518 e em 1519 começa a aventura. Lembrando que era na prática um traição, ainda mais porque muita coisa que Fernão sabia era obra de inteligência portuguesa.

Voltando à série, muito bem feita para o padrão de TV, há algumas inconsistências históricas, como o curioso fato de que antes de ir para o Estreito que iria ganhar seu nome, a expedição iria parar em Pernambuco e Rio de Janeiro já que era normal os espanhóis passarem para o seu domínio ao sul da América, ainda que havia suspeitas das atividades. Vale lembrar que se hoje é difícil você ter domínio do nosso litoral, imagina naquela época... No final Fernão iria conseguir passar pelo extremos sul do continente, contornar e cortar caminho do que hoje chamamos de Terra do Fogo, famoso fim de mundo, e conseguir chegar às Filipinas. O que acontece lá, vou deixar de surpresa para quem assistir a série. Não vamos contar outras para não estragar a "viagem" da série ;P.

Mesmo assim, com certa liberdade artística, o ritmo, efeitos especiais, condução de história e principalmente atuação fazem dessa minissérie algo divertido e interessante. Os dois primeiros episódios são bem televisivos sendo que os outros 4 seriam em um ritmo bem diferente. Eu sei, eu sei...Muitos vão discordar, mas acho que poderia ter tido mais informações na tela da distância, data e outros detalhes até para dar uma ideia maior da loucura que essa viagem foi. Há raros momentos disso, talvez para dar a visão dos navegantes, porém para o público isso seria bem útil. Santoro e Álvaro Morte tem um excelente desempenho, o roteiro faz pulos temporais compreensíveis já que foram longos 3 anos de viagem, onde 242 pessoas partiram em 5 naves e apenas uma iria voltar com 18 pessoas. Ainda que , a série não fala, houve um motim ainda na ida de uma das naves, a qual conseguiu voltar a Espanha com uma versão não muito legal da viagem com Fernão.

Resumindo, é uma interessante série que tem suas liberdades artísticas, mas registra um dos grandes feitos, comprovando que a Terra era redonda(coisa que até na época o pessoal não tinha dúvidas há muuuuuuuuito tempo!), e por uma questão legal, e também por coisas tal insignificantes hoje em dia com as especiarias, uma aventura tão monumental foi feita e de fato iria mudar a visão do Mundo. Não é perfeita, mas vale a pena mesmo assim. Disponível na Amazon Prime Video.


E de bônus uma entrevista em espanhol com Santoro




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