Documentário da vez:Chernobyl - The Lost Tapes(2022)

Como excelente complemento à já ótima série Chernobyl, a HBO lança um documentário com várias imagens e relatos inéditos sobre antes, durante e depois do acidente que foi a gota d'água para o fim da URSS. Confira detalhes na crítica abaixo

Uma verdade inconveniente...

Nota IMDb: 8,1 (até o dia da postagem) (IMDb)

Ano de Lançamento: 2022

Direção: James Jones(The Riots 2011:One Week in August(2021), On The President's Orders(2019), Unarmed Black Male(2016))

Estrelas: Moradores de Pripiat, autoridades soviéticas e mundiais.

Crítica: Dissonantbr

Programada para chegar à HBO dia 22 de junho de 2022, a série no Brasil ainda não aparece, ainda que tenha sido lançada lá fora. Infelizmente não é a primeira vez que isso acontece, havendo um descompasso entre a matriz e aqui. É possível que o motivo seja legendas, ou algo do tipo, ou simplesmente uma decisão comercial. Uma pena já que tive que usar uma VPN para poder assistir, mas... Deve ter o lançamento confirmado nos próximos dias e vale a pena lembrar desse documentário.

Um dos grandes eventos do século passado, o acidente de Chernobyl ficou na História como o mais grave com energia nuclear com fins pacíficos e acabou acelerando o fim da União Soviética, a qual já vinha sofrendo depois de uma série de revezes econômicos e militares. E em 2019 a HBO fez uma excelente série contando, com algumas liberdades narrativas, mas com grande precisão a maior parte dos fatores que levaram ao desastre, os esforços para conter as consequências e preço na vida de milhares de pessoas, direta e indiretamente. A crítica da mesma pode ser vista aqui.

Nesse documentário, utilizando algumas imagens de repórteres que estavam acompanhando História, alguns sem querer, muitos morrendo pela exposição à radiação letal, temos a noção real não só de quão parecida Pripiat com tantas outras cidades planejadas, que tinha a vida voltada aos reatores nucleares, uma cidade jovem e com muitas crianças, iria se tornar mundialmente conhecida como uma cidade fantasma, cenário para filmes e jogos, principalmente de terror.

Seguindo desde da construção do primeiro reator(de setembro de 1977), até o quarto(de novembro de 1983) e o que explodiu, considerado o modelo mais moderno da União Soviética, por meio de relatos e filmagens a sensação de agonia, mentiras oficiais, despreparo e desespero dos sobreviventes, tudo começando em um teste, ironicamente, em rotina e de segurança, na madrugada de 26 de abril de 1986, resulta em fogo no reator com o pedido de socorro aos bombeiros as 1:26 da manhã.

A notória dificuldade de reconhecer erros e um desastre, característica famosa do regime soviético, mas não exclusiva, iria gerar atrasos que iriam resultar na evacuação da população da cidade 36 horas depois do acidente, ainda com orientação de levar apenas a roupa necessária para poucos dias de afastamento, e a proibição de não levar animais de estimação. A situação era tão crítica que as filmagens da época tinham uma espécie de flash que é reflexo direto da radiação do lugar.

Com fortes cenas das consequências do envenenamento radioativo, principalmente em crianças e animais, é um filme pesado, contudo necessário para compreender que é um episódio que não deve ser esquecido, com pena de ser repetido. Com o retorno, agora também por pressão da realidade do mercado de energia mundial, a energia nuclear tem que ter regras claras e auditáveis de segurança. Sobre possível pena de consequência de décadas de zonas de exclusão, um número absurdo de casos de câncer e prejuízo humano e material. A contagem oficial de mortos chega ser uma piada de mal gosto. Disponível na HBO Max.