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Filme da vez: O Último Duelo (2021)

  

Um épico medieval com produção e elenco excepcionais que conta uma história trágica e com temática relevante para os dias atuais

                                                                                                                

Nota IMDb: 7,5 (até o dia da postagem) (IMDb)
Título original: The Last Duel
Ano de Lançamento: 2021
Diretor: Ridley Scott
Estrelas: Matt Damon, Adam Driver, Jodie Comer, Ben Affleck
Sinopse: Uma história de traição e vingança realizada por Ridley Scott, com Jodie Comer, Adam Driver, Matt Damon e Ben Affleck nos papéis principais.
Crítica: Michael

Existe um ditado antigo que diz "quem ganha a guerra conta a história" e isso já foi visto em várias ocasiões durante o decorrer dos séculos. Mas e se fosse possível conhecer a história por diferentes pontos de vista? Do vencedor e do perdedor? Esta é a interessante premissa do novo épico medieval do mestre Ridley Scott que traz elenco e produção excelentes para tratar de uma assunto extremamente relevante ainda nos dias atuais.

A trama é uma adaptação livre do livro de mesmo nome publicado em 2004 que, por sua vez, se baseia em uma história verídica ocorrida durante a Guerra dos Cem Anos no século XIV. Nela, uma mulher é o centro de um conflito entre dois homens após ter sido estuprada por um deles e, mesmo correndo risco de vida, procurar ajuda do outro (seu marido) em busca de justiça. Para piorar a situação, os dois homens, que já foram amigos, viviam um período de imensa rivalidade por conta de disputas de poder. O conflito então acaba sendo resolvido por um duelo até a morte, o último aprovado pela corte francesa, visto na época como uma forma de trazer à tona a verdade e justiça divinas. Impotente no meio de uma sociedade extremamente machista, a mulher aguarda o resultado do qual sua vida depende, pois se seu marido for derrotado ela será considerada mentirosa e executada na fogueira. Sem dúvidas é um tema polêmico e que infelizmente é bastante atual por conta da luta contra o abuso sexual e moral contra mulheres que até hoje não foi erradicado da nossa sociedade.

Mesmo sem ter lido o livro, uma rápida pesquisa mostra que o filme toma várias liberdades criativas para apimentar os fatos e deixar a disputa mais dramática, mas este é o fluxo esperado em um transição para a telona e o resultado é sim interessante. O grande destaque vai para a escolha criativa de contar a história dos fatos em três pontos de vista diferentes do trio de protagonistas. E isso é feito de forma a não gerar muitas repetições de cenas e sem cansar o espectador, pois apenas alguns pontos chaves são revistos em cada perspectiva e o foco é maior nas partes que ficam subentendidas em cada uma das três
narrativas. No final temos o encontro dos três relatos e o desfecho com o duelo. A qualidade de produção é digna dos clássicos de Ridley Scott e o diretor mostra que ainda tem o talento para criar obras visualmente impactantes e com batalhas épicas. O destaque positivo vai para a prevalência dos efeitos práticos e o uso de efeitos digitais apenas como forma de acentuar a violência e dar mais apelo visual ao retrato da era medieval, algo extremamente raro hoje em dia.

E apesar da história focar muito nas figuras dos dois homens que se enfrentam no duelo, a verdadeira protagonista é a mulher. A interpretação comovente da belíssima Jodie Comer traz um misto de pureza e personalidade forte para pintar o retrato de uma mulher que sem dúvidas estava à frente do seu tempo e não aceitou compactuar com a enorme injustiça que sofreu. E no desfecho, o retrato de sua impotência diante do "jogo de azar" que decidirá seu destino é sincero e impactante. O filme é construído de maneira a mostrar que ela está de fato sozinha no meio do conflito de poder e Jodie Comer retrata isso com maestria. No papel de seu marido, temos um Matt Damon maduro e totalmente seguro, brilhando também nas cenas de combate. Como seu oponente, temos Adam Driver afiado em mais uma papel que mostra seu talento para anti-heróis. Temos também um Ben Affleck inspirado finalmente retornando a uma grande produção.

Curiosamente, mesmo com boas críticas o filme teve um desempenho abaixo do esperado na bilheteria e, em uma declaração polêmica, o diretor Ridley Scott afirmou ser culpa da geração dos "Millennials" e sua falta de disposição em ver qualquer coisa além dos seus smartphones. Como um pioneiro desta geração (nascido em 1981), posso afirmar que isto não é uma regra e que gostei bastante do filme.  Talvez as causas deste fracasso tenham muita mais a ver com a falta de interesse atual neste gênero de épicos medievais, o que é uma pena pois este filme tem uma qualidade excepcional e conta uma história com temas extremamente relevantes ainda nos dias atuais.

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