No NetFlix: GDLK (Primeira temporada)

 

Uma excelente série documental sobre a história dos jogos eletrônicos que tropeça em uma agenda pró-diversidade forçada

                                                                                                                  
Nota IMDb: 7,4 (até o dia da postagem) (IMDb)

Ano de lançamento: 2020
Título original: Hig Score

Crítica: Michael

Como alguém que cresceu jogando videogames, me considero um amante dessa mídia e conhecedor de grande parte de sua história. Desta forma, estou sempre interessado em documentários que se proponham a tratar do assunto e com esta produção original do NetFlix não foi diferente. Assim que vi o trailer me interessei imediatamente e depois de assistir aos seis episódios da primeira temporada posso dizer que, apesar de algumas forçadas de barra para se encaixar em uma agenda de pró-diversidade, esta série conta de forma excepcional alguns momentos marcantes da história dos videogames e de como alguns de seus representantes mais famosos foram concebidos.

Conforme disse antes, conheço muitas das histórias que esta série documental apresenta, mas confesso que não tinha conhecimento de vários detalhes particulares e em outros momentos fui realmente surpreendido por coisas das quais nunca tinha ouvido falar. Dentre elas, temos detalhes de como os arcades foram se popularizando e da saga de alguns estudantes universitários do M.I.T. para criar "mods" para as máquinas visando deixar elas mais difíceis. Temos também o famoso "crash" da indústria de games na época áurea da Atari e seu renascimento com a chega do Nintendo Entertainment System (ou NES), assim como a famosa batalha pela liderança do seguimento entre Nintendo e Sega realizada na década de noventa. Como "segamaníaco" assumido, fiquei surpreso com os detalhes de como a Sega montou sua estratégia para conquistar o mercado ocidental e rivalizar com a Nintendo. Isso sem falar das curiosidades sobre a criação de seu mascote Sonic. Outro episódio que se destaca é o sobre o surgimento dos jogos de luta e de como Street Fighter e Mortal Kombat foram concebidos e moldaram o gênero. O final da temporada mostra a chega da "era 3D" e da popularização do PC como máquina para jogos.

Além de tratar de assuntos super interessantes para os gamers, a série faz isso de uma forma muito eficaz e visualmente impressionante. Com depoimentos de grandes figuras da indústria e criativas representações "pixeladas" de algumas histórias, o documentário é um deleite para os olhos dos amantes dos games. Ainda que seja evidente a falta da participação de algumas peças-chave que são mencionadas, a produção caprichada e o devido respeito aos citados faz esta ausência ser menos sentida.

Porém, nem tudo me agradou. Mostrando mais uma vez que está com uma agenda de promover a diversidade a qualquer custo, o NetFlix inseriu vários fatos e elementos que acabaram soando forçados e em alguns momentos até fora de contexto. Temos por exemplo o foco em um jogo "caseiro" que é considerado o primeiro exemplar gay da indústria, do qual sequer tinha ouvido falar. Em outro momento o documentário apresenta jogadores homossexuais que encontraram nos jogos uma forma de fugir do preconceito contra sua escolha e isso acaba soando como algo triste.  Isso sem falar da duvidosa afirmação de que o inventor do conceito de um videogame com cartuchos foi um afro-descendente chamado Jerry Lawson por conta dele ter trabalhado no primeiro console comercial a explorar essa tecnologia, sendo que de fato isso já havia sido inventado anteriormente por Wallace Kirschner and Lawrence Haskel. Ainda que seja totalmente a favor do combate ao preconceito e intolerância, acho que isso precisa ser feito de forma adequada para não soar forçado e gerar o efeito contrário.

Mesmo assim, esta série documental disponível no NetFlix é simplesmente obrigatória para todos os amantes dos jogos eletrônicos e da sua história. Ao explorar o significado e potencial dessa mídia interativa, o documentário também presta um excelente serviço ao desmistificar muitos preconceitos que ainda permeiam a indústria, como por exemplo o fato de que videogame é algo apenas para crianças ou de que jogos violentos geram violência. Sem dúvida uma excelente opção para os interessados e mal posso esperar por uma segunda temporada que continue a explorar a trajetória e o futuro da indústria dos games.

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