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Eu faria assim: Filme de ficção científica - O Devorador de Ossos - Capítulo 6 - Parte 5

Mark se deleita com a vista enquanto se prepara para o impulso gravitacional em Marte
                                                                                             
A vista de uma das janelas da Pioneer não traz muitos atrativos, mas o sorriso no rosto de Mark parece com o de uma criança apaixonada por filmes que foi ao cinema pela primeira vez. Ele está sem a roupa espacial, em trajes mais confortáveis e flutuando próximo a uma janela redonda na lateral da espaçonave, logo atrás da cabine de comando. Seu olhar procura sem sucesso o planeta Terra e ele rompe o silêncio com uma pergunta dirigida a M.A.I.C.:

- Você consegue mostrar alguma imagem atual do planeta Terra, “M”?

O computador responde logo em seguida:

- Temos a câmera voltada para a o propulsor principal traseiro e que deve trazer ainda a imagem da 

Terra. Colocando imagem no monitor central.
A tela que fica no centro da mesa de controle da cabine de comando mostra agora a imagem do propulsor traseiro. Próximo ao brilho azul intenso do plasma, é possível ver um pequeno ponto azul que representa o agora já distante ponto inicial da missão. Mark se sente privilegiado e até emocionado por estar presenciando algo assim e fala com a voz trêmula:

- Apenas um pálido ponto azul. Se lembra disso, “M”?

O computador demora alguns segundos para responder, mas sua voz logo volta a se manifestar nos alto-falantes da Pioneer:

- Não tenho registro de nenhum evento relacionado a isso em meu banco de dados.

Mark dá uma risada irônica e depois fala:

- Que pena, seria muito legal se eles tivessem te dado mais do que apenas a voz do grande Carl Sagan. Quem sabe eu até poderia tirar algumas dúvidas do livro ‘Contato’ e do que você achou da adaptação para o cinema.

Mais uma vez M.A.I.C. demora antes de responder:

- Me perdoe Mark, mas não tenho registro de nenhum evento relacionado a isso em meu banco de dados.

Mark então faz uma careta e diz:

- Sem problemas, “M”.

A conversa descontraída dos dois é então interrompida pelo rádio comunicador da espaçonave com a voz de Peter:

- Nasa para Pioneer. Mark, na escuta?

Mark usa alguns corrimões para se puxar até uma das cadeiras da cabine de comando, se senta e se prende com o cinto. Depois, ele pega o comunicador e o coloca na cabeça para responder:

- Mark na escuta.

Um bom tempo se passa até que a resposta venha, o que demonstra que Mark já está bem distante da Terra:

- Ótimo, Mark. Nossa telemetria mostra que a Pioneer está totalmente operacional. O reator de fissão está em plena capacidade e o sistema Vasimr, ativado na sua partida da Terra, está estável e operando até melhor do que esperado e acelerando a Pioneer cada vez mais. A previsão é que em menos de vinte e quatro horas você chegue até Marte para fazer a manobra de impulso gravitacional, mas não se preocupe porque já programamos M.A.I.C. para executar a operação. Como você está se sentindo agora que entrou para a história?

Mark dá um sorriso discreto e responde:

- Estou ótimo, mas ficaria bem melhor se todos soubessem o real motivo dessa missão, pois ia soar bem mais heroico.

Após uma longa espera, a resposta de Peter vem após uma risada no rádio:

- Sim, mas você sabe que não podíamos fazer isso. Clint se encarregou de vender a história para a imprensa e, para todos os efeitos, esta é apenas uma missão inaugural da Pioneer e da Interceptor que irá coletar amostras do oceano de Europa. Mudando de assunto, vamos ter que ser breves por conta do atraso na comunicação que está aumentando cada vez mais, como você já deve ter percebido. Antes que ele fique muito grande e tenhamos que conversar por gravações, eu queria tentar abrir o link com a base da Antártida para ver se você consegue conversar com a Sibelle uma última vez ao vivo. Tudo bem?

Mark se alegra com a proposta e responde prontamente:

- Sim, claro, será um prazer.

Enquanto a resposta não vem, o coração de Mark se acelera e ele pensa no que irá dizer a ela. Depois de alguns minutos, a voz do coronel Burke surge no rádio:

- Saudações, Mark, aqui é o coronel Burke. O Peter nos disse que estamos conectados a você. Estamos muito felizes com o andamento da missão até agora e com sua disposição em se arriscar em nome da segurança nacional.

Mark faz uma careta e fica feliz com o fato de não haver vídeo, caso contrário todos perceberiam sua decepção por não ter ouvido a voz de Sibelle. Ele espera um pouco e tenta dispensar Burke da forma mais educada possível.

- Obrigado, coronel, mas não estou fazendo nada além da minha obrigação profissional. Eu gostaria de falar com a Sibelle, ela está por aí?
Mais alguns minutos excruciantes se passam até que a resposta aparece:

- Me desculpe, Mark, mas a Dra. Sibelle precisou acompanhar John até a tenda onde está o amigo dele, pois ele está um pouco abalado psicologicamente. Mas não se preocupe, eu posso dar o recado a ela, o que você queria dizer?

O desapontamento de Mark é evidente e ele respira fundo por saber que não terá uma última chance de conversar com Sibelle antes de tudo o que está por vir. Além disso, o fato dela estar novamente tão próxima a John começa a trazer à sua mente alguns pensamentos preocupantes, ainda mais considerando a situação incerta em que eles ficaram em termos de relacionamento antes que Sibelle fosse para a missão na Antártida. Ainda assim, ele sabe que precisa manter a compostura e tenta dançar de acordo com a música:

- Sem problemas, apenas diga para ela que eu sou grato pelo apoio que ela me deu para realizar este sonho e que vou dar o meu melhor para que ela se orgulhe de mim.

A resposta vem algum tempo depois:

- Afirmativo, Mark, pode deixar. Desejamos boa sorte na missão e estaremos aqui acompanhando tudo e dando o apoio e o direcionamento necessários.
Após essas palavras, Mark traz uma expressão mais séria, pois em sua mente ele sabe que gostaria de ter dito muito mais coisas a Sibelle, principalmente pedido perdão por sua ausência e falta de dedicação no casamento nesses últimos anos. Porém, antes que ele possa divagar ainda mais, é interrompido novamente pela voz de Peter:

- Ok Mark, que pena não ter conseguido falar com a Sibelle, mas não se preocupe, ela está bem. A partir de agora devemos nos comunicar mais por gravações, mas continuaremos atentos aqui a todas as informações de telemetria e pelo que vimos você pode ficar tranquilo que o M.A.I.C. está fazendo um ótimo trabalho gerenciando a espaçonave e sua trajetória.

Mark respira fundo e responde:

- Obrigado Peter, pode deixar que eu e o “M” estamos nos divertindo bastante. Eu tentarei registrar o progresso e mandar gravações de acordo com o que foi combinado. Muito obrigado pelo excelente trabalho de todos aí. Câmbio e desligo.


Ele então remove o comunicador da cabeça e fixa o olhar para o vidro frontal da Pioneer, vislumbrando o seu destino. Apesar de toda a alegria pela realização do sonho e das preocupações domésticas que carrega, Mark sabe que precisa se manter focado no objetivo e preparado para os desafios que deverá enfrentar.

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