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Eu faria assim: Filme de ficção científica - O Devorador de Ossos - Capítulo 5 - Parte 8

Sibelle e John fazem contato com o mundo externo, mas sua ousadia pode botar tudo a perder
O vento frio que sopra impiedoso apesar do dia sem fim da Antártida castiga Sibelle e John que estão do lado de fora da estação de pesquisa esperando uma oportunidade para entrar sem serem vistos. Os dois estão sentados e olhando para a entrada que está está sendo vigiada por um guarda. John percebe que Sibelle está tremendo de frio e se aproxima dela, passando o braço por sobre seu ombro e a apertando para tentar esquentá-la. Depois, ele diz:

- Assim que esse guarda der uma trégua a gente entra na estação e liga o rádio na antena para tentar fazer contato com o mundo externo. Enquanto isso, vamos ficar mais juntos para não congelarmos.

Sibelle parece um pouco incomodada mas está sentindo tanto frio que decide aceitar a proposta em nome da autopreservação. Quando John percebe sua receptividade, ele fala:

- E por acaso você sabe com quem podemos falar? Devo confessar que não tenho ninguém lá fora com quem possa contar e tudo que restou para mim está aqui nesta base.

A cara de surpresa de Sibelle com as palavras de John é seguida por um questionamento:

- Como assim? Nenhum amigo ou parente sabe que você está aqui?

John dá um grande suspiro e depois responde:

- Na verdade eu aceitei vir para cá justamente para fugir do mundo lá fora e das pessoas. Depois que nos separamos, tudo me fazia lembrar de você e, como não consegui superar isso, resolvi me isolar. Para minha sorte, aqui fiz grandes amigos e me sinto em família. Por isso estou tão preocupado com Bob e Mindy…

A voz de John fica trêmula e Sibelle percebe a emoção tomar conta dele. A confissão de que até hoje ele não superou a separação também pega ela de surpresa, principalmente porque ela havia isolado completamente essa parte do seu passado e se ocupado com o trabalho e a rotina com Mark. Porém, seu lado racional fala mais alto e ela decide voltar o foco para o objetivo deles:

- Sinto muito em saber isso, John, mas agora precisamos manter nossa concentração em entrar na base e nos comunicarmos. Nós da Nasa temos um canal de rádio que fica sempre na escuta para ser usado em casos de emergência por equipes de campo. Já usei ele em vários trabalhos externos como astrobiologista e sei a frequência. Também sei que ele é ligado ao computador central da base e só precisamos torcer para que alguém esteja monitorando. Precisamos agir logo, cansei de esperar.
Sibelle se levanta abruptamente e começa a caminhar em direção ao guarda. John ainda estava processando as palavras de Sibelle e fica tão surpreso com a reação dela que se mantém imóvel e apenas observando ela se distanciando. Depois, ele vê ela conversando com o guarda e apontando para a tenda de pesquisa onde Burke está com a Dra. Masterson. Alguns segundos se passam e depois o guarda sai apressado caminhando em direção à tenda. Sibelle olha para John e faz um sinal para que ele se aproxime da entrada da base. Ainda meio tonto com a situação, ele obedece e enquanto se aproxima de Sibelle em sua mente fica claro que a mulher que está ali diante dele não é mais a mesma que ele conheceu e está muito mais racional e decidida.

John chega até Sibelle e a questiona:

- O que foi isso?

Sibelle dá uma leve risada e diz:

- Eu disse para ele que Burke o estava chamando na tenda de pesquisa com urgência. Isso vai nos dar algum tempo, mas não muito, então precisamos correr.

Os dois entram rapidamente na base e se dirigem para a sala de controle. John abre a porta para Sibelle entrar e depois vai até um canto da sala e alcança por debaixo da mesa para pegar o rádio comunicador antigo que ele havia mencionado. Ele o coloca sobre a mesa, liga na tomada e depois pega o fio da antena e o conecta na antena principal da base. Em seguida, ele aperta o botão que liga o rádio e diz:

- Pronto, agora é só você fazer sua mágica. Enquanto isso vou ficar de olho na porta.

Sibelle se aproxima, pega o microfone do rádio com uma mão enquanto mexe no ajuste da frequência com a outra. Depois, ela diz:

- Aqui é a Dra. Sibelle, astrobiologista da Nasa, alguém na escuta, câmbio?

Após um breve chiado, ela prossegue:

- Preciso falar urgentemente com Mark ou Peter, câmbio.

Eles aguardam ansiosos por uma resposta sabendo que a qualquer momento o guarda pode voltar. Sibelle repete o chamado e torce pelo melhor.

Enquanto isso, no hangar do Projeto Explorer, Mark está concentrado no meio de mais uma simulação, desta vez do procedimento de aproximação a Júpiter para usar sua gravidade para desacelerar a Pioneer. No momento em que ele está se preparando para fazer uma manobra arriscada, M.A.I.C. interrompe a simulação e acende as luzes da cabine do simulador. Mark fica irritado e diz:

- O que aconteceu, M.A.I.C.? Eu estava quase conseguindo desta vez!

M.A.I.C. demora alguns segundos para responder e depois fala com sua voz calma e inconfundível de Carl Sagan:

- Detectei o seu nome em uma transmissão de rádio que está sendo monitorada pelo computador central da Nasa. As palavras “Mark” e “urgente” foram mencionadas várias vezes, por isso decidi interromper a simulação. Se quiser posso conectá-lo com a transmissão agora.

Mark fica surpreso e, apesar da irritação com a interrupção, decide aceitar:

- Ok, espero que seja algo importante mesmo.

Poucos segundos depois, o som de chiado toma conta do ambiente do simulador e logo em seguida uma voz conhecida é ouvida:

- Nasa, aqui é a Dra. Sibelle em uma situação de emergência, alguém da escuta? Câmbio.

Na sala de controle da base de pesquisa, Sibelle e John estão impacientes e já quase desistindo por conta da falta de resposta. Porém, a voz agitada e surpresa de Mark interrompe o suspense dos dois:

- Sibelle! É você mesmo?

Sibelle quase dá um pulo de susto e depois responde pelo rádio:

- Mark? Como assim? Você estava monitorando essa frequência?

Mais alguns segundos de chiados se passam antes da resposta:

- Na verdade foi o meu novo amigo M.A.I.C. que fez isso, mas não importa. Como você está? O que aconteceu?

Sibelle respira fundo e tenta conter a emoção pois sabe que seu tempo está se esgotando. Ela arruma seus pensamentos e fala:

- Estou bem, Mark, mas não tenho muito tempo. Estou com John aqui na sala de controle da base de pesquisa da Antártida e estamos entrando em contato para falar sobre a real situação da minha missão.

Mark não ouviu nada após o nome de John ser mencionado e retruca:

- John está aí? Como assim?

Sibelle se irrita com Mark e responde:

- Por favor, Mark, preste atenção. O agente infeccioso que descobrimos é muito mais letal do que imaginávamos e um dos membros da equipe de John está à beira da morte. Além disso, estamos com sérias dúvidas sobre as verdadeiras intenções do Coronel Burke, pois escutamos ele conversando sobre algum protocolo secreto com a Dra. Masterson. O nosso medo é que eles queiram de alguma forma encobrir o que está acontecendo aqui, talvez até de maneira brusca para eliminar qualquer evidência ou risco de contaminação externa.

O silêncio de Mark mostra que ele parece ter se assustado com as palavras de Sibelle. Sua voz parece mais trêmula na resposta:

- Meu Deus! Bem que eu tinha desconfiado do papo desse coronel Burke. E olha que nós estamos fazendo o possível para ajudar, inclusive aprovamos a missão emergencial para Europa. Eu parto amanhã.

Um barulho do lado de fora da base denuncia a chegada de alguém e John sinaliza para Sibelle que ela precisa terminar a conversa. Sibelle então fala no comunicador em tom mais baixo:

- Mark, eu preciso desligar porque alguém está chegando. Lembre-se do que falei, mas não cancele a missão e nem conte para Burke da nossa conversa. Assim que puder…


John nem esperou Sibelle terminar a frase porque já é possível ouvir os passos que se aproximam e puxa o rádio da tomada. Depois ele jogou uma manta sua que ainda estava na sala de controle por sobre o comunicador para disfarçá-lo. Ele então olha para Sibelle e espera uma reação dela para saber o que fazer enquanto os passos ficam mais altos e eles estão prestes a serem surpreendidos. O coração dos dois se acelera e eles sabem que precisam reagir rápido para evitar que todo seu esforço tenha sido em vão.
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