Eu faria assim: Filme de ficção científica - O Devorador de Ossos - Capítulo 5 - Parte 1
 |
| A equipe da NASA discute sobre a proposta de Sibelle e o destino do projeto Explorer está em jogo |
A tela preta do monitor é encarada pelos três com espanto e claramente eles ainda não internalizaram tudo o que lhes foi dito e muito menos a forma como a reunião foi encerrada. Clint é o primeiro a sair do estado de choque e a se manifestar com um tom bem humorado apesar de sua preocupação aparente:
- Uau, com certeza eu não esperava por isso quando saí da cama hoje cedo…
Depois é Peter que, após dar uma risada discreta, olha para ele e diz:
- Pois é, nem em meus sonhos mais criativos eu pensei que seria assim que receberia a confirmação da existência de vida extraterrestre.
Mark é o único que mantém a expressão fechada e fala sem olhar para os dois:
- Vocês estão perdendo o foco, ou será que eu fui o único que ouvi o pedido deles para mudarmos o itinerário do projeto Explorer?
Clint respira fundo e fala:
- Sim, claro, mas como disse para eles, nós na NASA não trabalhamos desta forma impulsiva e sem planejamento adequado. Afinal de contas, somos uma entidade pública e não podemos desperdiçar o dinheiro dos contribuintes. Ainda que eu entenda que esta é uma descoberta única e concorde em priorizar uma missão para lá, não farei isso de maneira irresponsável.
Peter parece concordar com as palavras de Clint e tenta apoiar sua argumentação:
- E como eu inclusive destaquei na reunião, a ameaça biológica parece estar contida e não vejo motivo de urgência maior.
Mark fecha os olhos, respira fundo e diz:
- Sinceramente eu acho que tem alguma coisa estranha e acho que eles estão escondendo a real situação. Ainda que a contaminação esteja sob controle no momento, basta um erro para a situação se inverter. E se o organismo for realmente tão perigoso quanto eles estão falando, podemos estar diante de um possível fator de extinção completa. Além disso, a insistência de Sibelle parece revelar a real urgência. Ela trabalha aqui e sabe como a NASA opera. Para ela fazer um pedido desses e insistir tanto é porque existe alguma motivação maior. Isso sem falar da forma estranha como a reunião acabou logo depois que alguém falou algo no ouvido do coronel.
Clint reflete nas palavras de Mark e coça a cabeça, mas depois de alguns segundos tenta retrucar:
- Realmente, eu também fiquei preocupado com o que ouvi, mas concordar com essa missão significaria arriscarmos o projeto Explorer e todo o trabalho que vocês fizeram.
Mark finalmente olha nos olhos de Clint e responde com firmeza:
- E você acha que é fácil para mim jogar fora todo o planejamento e preparação que fiz para a missão inaugural a Marte? Dediquei os últimos anos da minha carreira para esse projeto e com certeza não estou disposto a arriscar tudo de forma irresponsável. Porém, como Sibelle disse, esta é uma oportunidade única para confirmarmos a origem de uma segunda vida no nosso sistema solar . E, se esta contaminação sair do controle, nossa espaçonave é a melhor chance que temos de encontrar a cura em um curto espaço de tempo e evitarmos um desastre biológico.
Clint escuta com atenção e fica calado enquanto rumina pensamentos. Ele olha para Peter meio que sugerindo sua intervenção. Depois de alguns segundos, Peter olha para Mark com uma expressão séria e diz:
- E você estaria disposto a arriscar sua vida em uma missão tão perigosa que não vai dispor de planejamento adequado? Digo isso porque não existe outra opção. Só você estaria qualificado para fazer isso e não teríamos tempo para programar um piloto automático.
Mark respira fundo, olha para Peter e fala:
- Sim, eu entendo os riscos e estou disposto a aceitá-los.
Peter olha novamente para Clint e diz:
- E quanto à questão do sigilo sobre o objetivo da missão?
Clint responde prontamente:
- O lado político é o de menos, eu consigo cuidar disso. O que mais me preocupa é a questão técnica e o risco ao meu pessoal, mas pelo visto Mark não liga para isso. Sendo assim, deixo a decisão para você, Peter. Se você achar que sua equipe está pronta para este desafio, eu autorizo e cuido da parte burocrática.
Peter então se recosta na cadeira e a empurra. Depois, ele se levanta e começa a caminhar pela sala como se estivesse fazendo contas em sua mente. Após alguns segundos, ele interrompe o silêncio e fala:
- Pelo que conheço do meu equipamento e da minha equipe, seria possível sim, ainda que muito arriscado. A Pioneer já está pronta e os últimos ajustes na Interceptor foram finalizados. Só precisamos instalar o M.A.I.C. no computador central e estaremos operacionalmente capazes de realizar a missão.
Mark se empolga com a resposta e seu coração começa a bater mais forte com a ansiedade. Enquanto isso, Clint indaga novamente Peter:
- E em quanto tempo você acha que conseguiríamos chegar a Europa?
Neste momento Mark, que já estava fazendo esses cálculos, se intromete e responde:
- Pelo que conheço da Pioneer, se utilizarmos os propulsores iônicos em potência máxima e também fizermos uso dos propulsores E.M. Drive, acredito que poderíamos gastar menos do que uma semana.
Clint e Peter fazem uma cara de surpresa com a resposta e cabe a Peter questionar:
- Mas ainda nem fizemos um teste em potência máxima…
Mark rebate logo em seguida:
- Justamente, esta seria a oportunidade perfeita de esticar as pernas do equipamento.
Depois, ele dá uma risada que é recepcionada com certa desconfiança por Peter. Clint então tenta finalizar a conversa:
- Ok, sendo assim, acho realmente faremos isso. Eu entrarei em contato com o chefe do Projeto Nautilus e pedirei para ele enviar o submersível para vocês junto com as instruções de uso. Enquanto isso, vocês comecem a fazer os preparativos e deixem que eu avisarei o coronel Burke sobre nossa decisão. E que Deus nos ajude!
Depois disso, ele se levanta e sai da sala de reuniões. Peter e Mark ficam sozinhos e calados por um tempo. Peter se aproxima de Mark, que ainda está sentado, e diz:
- Se alguém tivesse dito que nossa missão inaugural seria para estudar vida extraterrestre eu com certeza questionaria sua sanidade…
Mark balança afirmativamente a cabeça e responde:
- Sem dúvidas, meu amigo. O importante é que nosso projeto tem a chance de entrar para a história da NASA e da ciência.
Peter faz uma careta e diz:
- Eu só espero que por um motivo bom!
Depois os dois sorriem para aliviar a tensão. Peter então fala:
- Me deixe começar a pensar nos nossos preparativos e você trate de dormir bem para recomeçarmos os ajustes amanhã.
Mark faz um sinal positivo com os dedos e depois vê Peter se retirar apressadamente da sala. Ele fica sozinho e suspira em um misto de excitação e medo. Os riscos de sua missão acabaram de aumentar de forma assustadora, mas da mesma forma também cresceu a sua importância. No final, Mark se sente privilegiado em poder fazer parte de um momento tão significativo.
Lembrando que você pode nos acompanhar no FaceBook em https://www.facebook.com/MexidoDigital ou no twitter com @mexidodigital (https://www.twitter.com/MexidoDigital)
Nenhum comentário