Jogo da vez: Assassin's Creed IV - Black Flag (PC)
- Plataforma: PC
- Metascore: 84 (User Score: 7,7)
Eu acompanho os jogos da série Assassin's Creed desde seu começo, mesmo não tendo jogado a maioria deles. Sua jogabilidade inovadora de "free roaming" que permite ao protagonista correr e pular usando o cenário em estilo "parkour", somado ao seu combate empolgante e cinematográfico, criaram uma das grandes franquias da atualidade. Após sofrer com a fórmula repetitiva de explorar-matar/roubar/espiar-explorar empregada no primeiro da série eu me distanciei um pouco e pulei o segundo jogo (que muitos consideram o melhor). No terceiro, comecei a jogar para experimentar a nova mecânica de navegação no oceano mas desisti antes mesmo de conseguir chegar nela (e olha que joguei um bocado!). Para minha surpresa, logo em seguida a Ubsoft lançou a quarta iteração da franquia, agora situada na temática dos piratas. O resultado é um excelente jogo com um imenso e complexo mundo aberto, gráficos de ponta, jogabilidade refinada e um modo de exploração/batalha naval que em si já valeria o valor cobrado.
A história desta vez tem como pano de fundo a ambientação pirata e, como anteriormente, mescla isso com a batalha entre assassinos e templários e todas as teorias de conspiração e dominação mundial que já estamos acostumados. Ainda que a Ubsoft insista em trazer o conceito de que a história está sendo revivida através da tecnologia "Animus" e fique interrompendo a ação para trazer momentos de interação na linha de tempo atual, desta vez temos obstruções menores e menos freqüentes que, ao meu ver, ainda adicionam pouco, são muito chatas e totalmente dispensáveis. Quando estamos dentro do "Animus", acompanhamos o protagonista Edward Kenway que, após abandonar seu amor, parte em uma jornada em busca de riqueza e é obrigado a se transformar em um pirata/assassino e se envolver nos conflitos entre os corsários e os governos controlados pelos templários. A campanha principal faz um excelente uso do imenso mundo aberto criado e traz uma grande variedade de missões em terra e no mar que trazem a diversidade tão necessária à franquia. Somam-se a isso as inúmeras missões paralelas, as buscas a tesouros em terra e no mar, as caças a baleias e tubarões e toda a mecânica de navegação e batalhas navais. É tanto para se fazer que, mesmo terminando a campanha principal tendo evoluído meu navio ao máximo e tomado todos os fortes do mapa, ainda assim a porcentagem que consegui foi de 66%.
A jogabilidade evolui bastante desde os primórdios da série e nesta iteração o combate está muito mais fluido e divertido. A possibilidade de obter materiais pela caça, evoluir o personagem e comprar novas armas e roupas é algo que cria uma profundidade ainda maior ao jogo e proporciona uma grande sensação de recompensa. Não experimentei as funcionalidades online, mas pelo que vi é possível participar de eventos públicos (como caçar a Moby Dick) e também criar uma frota própria de navios que batalham sozinhos e ajudam a minerar recursos.
Mas, na minha opinião, a maior novidade e a grande vitória deste jogo foi ter incorporado de forma tão competente a navegação e o combate naval à história. A simulação das ondas, do clima e da fauna do oceano é algo que enche os olhos e cria um novo jogo dentro do jogo. A escolha da temática pirata ajudou bastante nisso e torna essa transição em algo natural dentro da história. Ao ver os trailers, tive a impressão de que seria muito difícil controlar o navio e travar as batalhas, mas essa impressão se dispersou quando comecei a jogar e passei pela rápida e divertida curva de aprendizagem. Perdi a conta de quantas horas passei navegando simplesmente para abrir o mapa e evoluir meu navio através das batalhas navais. Essas batalhas são fantásticas e requerem uma estratégia de abordagem e certa habilidade, principalmente quando se enfrenta um dos navios lendários (são quatro ao todo, um em cada canto do mapa). Após inutilizar a embarcação inimiga, é possível invadi-la em um "mini-game" emocionante e divertido que traz objetivos variados (como matar o capitão ou os oficiais a bordo) e faz o jogador se sentir dentro de um filme de Piratas do Caribe. A interação naval fez tanto sucesso que já se ouvem rumores de um jogo paralelo utilizando apenas essa nova jogabilidade.
Consegui rodar o jogo sem muitos problemas na configuração máxima usando um Core i5 e minha GTX 660Ti e posso dizer que o game tem gráficos de ponta. A física é extremamente realista, tanto em terra firma quanto no oceano. Destaque também para as mudanças climáticas que afetam o ambiente como um todo com chuvas, neblina, tempestades marítimas com tornados e até ondas gigantes que podem danificar a embarcação. Os efeitos sonoros e as músicas cumprem muito bem seu papel e estão em perfeita harmonia com a temática pirata, inclusive com direito à tripulação cantando a plenos pulmões durante a navegação.
O extenso tamanho deste texto reflete a grandeza de conteúdo disponível neste jogo. E, para a nossa alegria, na maioria do tempo esse conteúdo vem acompanhado de grande diversão e senso de recompensa. Para quem terminou a campanha principal, já existe uma expansão disponível chamada "Freedom Cry" (que inclusive foi lançada também como jogo à parte) e um DLC que traz uma história de uma assassina chamada Aveline. Fica aí a recomendação deste grande jogo que conseguiu me prender até o fim (isso hoje em dia é raro) e me fez reconhecer que a fórmula da franquia ainda pode render bastante entretenimento se for materializada com uma boa história e em jogos inovadores, variados e bem refinados como este.
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