Filme da vez: Mulher-Maravilha 1984 (2020)

 

Um filme que se perde na década de oitenta e vira um genérico Sessão da Tarde com efeitos modernos

                                                                                         

Nota IMDb: 5,5 (até o dia da postagem) (IMDb)

Título original: Wonder Woman 1984

Ano de Lançamento: 2020

Diretor:  Patty Jenkins

Estrelas:  Gal Gadot, Chris Pine, Kristen Wiig

Sinopse: Avançando para a década de 1980, a próxima aventura da Mulher-Maravilha nos cinemas a coloca frente a dois novos inimigos: Max Lord e Mulher-Leopardo.

Crítica: Michael

Para começar quero deixar registrado que não sou um grande fã do primeiro filme de 2017 da Mulher-Maravilha. O seu ponto forte e talvez o motivo do seu sucesso tenha sido por finalmente trazer uma protagonista feminina para o gênero de super-heróis e representando-a de forma respeitosa, mas os problemas de roteiro e principalmente o vilão digital me impediram de achar o filme algo mais do que mediano. Sendo assim, quando vi as primeiras opiniões bem positivas sobre esta sequência eu fiquei esperançoso de algo muito melhor, mas após assistir ao filme devo dizer que terminei desapontado. 

O filme traz a heroína da DC agora na década de oitenta, mas ainda lutando para superar a perda de Steve e encontrar seu lugar no mundo. O efeito dessa escolha de época reflete diretamente em vários aspectos do filme, com figurinos, músicas e até mesmo elementos do roteiro que retratam uma época mais "pipoca" do cinema. E é justamente aí que surge o maior problema ao meu ver: a premissa escolhida para justificar toda a trama. É algo tão conveniente e "mágico" que tira quase todo o peso do filme e o transforma em uma sessão da tarde com efeitos modernos. Tudo bem que a questão da nostalgia é bem legal e traz grande parte do alívio cômico, assim como já vimos em 'Stranger Things', mas isso não pode ser uma muleta e deveria ter sido usado apenas como um bônus. Existe sim uma mensagem bem interessante que a diretora/roteirista tenta transmitir, sobre a verdade e a beleza das coisas simples ao nosso redor, o que inclusive é algo que cai bem na época atual de pandemia, mas ela é tão superficial e fantasiosa que seu efeito se esvai assim que o filme acaba.

Os atores até que se esforçam e Gal Gadot faz o que pode, mostrando que foi sim a escolha certa para representar a amazona no cinema. Desta vez ela se supera nas partes mais físicas e quase nem se percebe o uso de dublê, mas algumas cenas digitais ficam bem forçadas. Outro que faz o que pode é Pedro Pascal e consegue alguns bons momentos como o vilão, mas seu personagem é muito mal construído e tem motivações bastante superficiais. Kristen Wiig está ótima na primeira metade do filme sendo ela mesma, mas assim que precisa virar uma vilã ela não convence e parece que vai soltar uma risada nos momentos em que tenta ser séria. O retorno de Chris Pine é um "tapa-buraco" e ele pouco acrescenta, parecendo que foi apenas um produto da premissa mágica e da diretora se perguntando: "Já que temos isso aqui, por que não trazer ele de volta?".

Para piorar, o filme tem mais de duas horas e meia e mostra que poderia ter sido alvo de uma montagem mais caprichada com alguns momentos se arrastando além do necessário. Porém, nem tudo é ruim e deve-se dar crédito aos bons efeitos especiais e a alguma cenas de ação bem boladas. Além disso, palmas para a Warner pela decisão de lançar o filme também em streaming ao mesmo tempo do que nos cinemas, pois afinal de contas ainda estamos em plena pandemia e obrigar as pessoas a se aglomerarem seria irresponsável.

Enfim, creio que apenas os fãs mais radicais da Mulher-Maravilha ou as pessoas que estejam desesperadamente precisando ouvir a mensagem passada pelo filme irão achá-lo tão bom assim. A opinião geral dos espectadores tem sido negativa e o filme parece ter polarizado o público. Resta saber o que acontecerá com a heroína daqui para frente e se a diretora Patty Jenkins conseguirá se manter à frente da franquia que, ao meu ver, precisa sim ser repensada. 

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