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Série da vez: Entre Estranhos (2023)

  

Uma minissérie que demora demais para revelar e explorar sua interessante premissa

                                                                                                                                            

Nota IMDb: 7,6 (até o dia da postagem) (IMDb)
Título original: The Crowded Room
Criador: Akiva Goldsman, Todd Graff
Estrelas: Tom Holland, Amanda Seyfried, Sasha Lane
Sinopse: Um suspense psicológico que se passa em Manhattan no verão de 1979, quando um jovem é preso por um crime chocante, e uma investigadora improvável deve solucionar o mistério por trás dele.
Crítica: Michael

Existem casos de séries ou filmes cuja premissa não fica clara desde o início e a intenção geralmente é causar surpresa ou trazer reviravoltas que irão tentar causar um impacto no espectador. Porém, para dar certo, isso exige um roteiro muito bem escrito e que revele os segredos no momento certo, sem se arrastar demais ou conter falhas de lógica que posteriormente irão gerar insatisfação no público. Quem já viu filmes como 'O Sexto Sentido' ou 'Clube da Luta' sabe bem do que estou falando. Levemente baseada em um livro de 1981 escrito por Daniel Keyes, a minissérie original da Apple TV+ 'Estre Estranhos' infelizmente não pode ser incluída na lista de sucesso em sua intenção de esconder sua premissa e trazer reviravoltas, mas mesmo assim ela ainda consegue ser interessante para os mais pacientes e resistentes a conteúdos pesados por conta de sua ótima produção e bom desempenho do elenco estelar.

Falar sobre a premissa desta minissérie seria entrar em território de spoilers e estragaria as surpresas que ela tenta tão desesperadamente preservar por mais da metade de seus dez episódios. Sem revelar nada relevante, podemos dizer que a trama mostra o jovem Danny Sullivan sendo preso após um tiroteio sem vítimas fatais no Rockefeller Center em Nova York onde ele alega que sua cúmplice fugiu. A polícia acha estranho o seu comportamento errático e então chama a psicóloga Rya para ajudar na investigação e descobrir se ele é ou não um psicopata. Os dois começam então uma jornada que irá revelar segredos do passado de Danny e como tudo isso o transformou na pessoa que é hoje capaz de cometer esse crime, sendo que isso será fundamental para ajudar na sua defesa durante o julgamento que se aproxima.

A descrição acima parece remeter a um drama criminal comum, mas a minissérie está longe disso, pelo menos nas suas intenções. O problema é que a trama se arrasta muito mais do que deveria e apenas a partir do sexto episódio começamos a ver suas reais intenções com a premissa sendo finalmente revelada. Além disso, algumas falhas de lógica diminuem bastante o impacto das surpresas apresentadas, sendo que algumas das reviravoltas são previsíveis. Mesmo assim, os mais pacientes verão momentos bem interessantes uma vez que a série finalmente mostra suas cartas e exige ainda mais dos seus protagonistas em termos de atuação. O problema é que para piorar o seriado trata de temas extremamente pesados como drogas, abuso de menores, distúrbios mentais, autoflagelação, etc, e mesmo que não tenha momentos tão gráficos em seus momentos mais chocantes, irá exigir um sangue frio e certamente não é recomendado para os que possuem sensibilidade a estes assuntos. Isso parece ter afetado inclusive o protagonista da série, Tom Holland, uma vez que ele deu vários depoimentos após ter filmado a série dizendo que foi bem impactado e decidiu tirar um ano de folga após as filmagens.

E por falar nele, é preciso destacar a entrega e a coragem de Tom Holland no papel de Danny. Apesar de não convencer mais como um adolescente, ele se aproveita de sua fama de "bom rapaz" e joga com ela para subverter expectativas e chocar o espectador nos momentos mais desafiadores deste papel que parece ter exigido bastante dele. Além dele, Amanda Seyfried tem o maior tempo de tela e mostra que tem mesmo bastante talento entregando até mais do que seu papel como a psicóloga Ray permite por conta da falta de desenvolvimento adequado de algumas de suas motivações. O resto do elenco de suporte tem vários rostos conhecidos como Jason Isaacs e todos entregam boas performances.

No final, 'Entre Estranhos' é mais uma minissérie original da Apple TV+ com excelente qualidade de produção e ótimo elenco, mas que infelizmente tropeça na forma lenta de revelar sua premissa e acaba diluindo e até minimizando o impacto que ela causa. O premiado roteirista Akiva Goldsman, que já ganhou um Oscar em 2002 por 'Uma Mente Brilhante', abusa da paciência do espectador e estrutura de maneira errada a trama que demora muito a explorar as facetas mais interessantes da premissa e dos personagens que a povoam, deixando ainda pelo caminho alguns furos de lógica narrativa. Ainda assim, vale para aqueles mais pacientes que não forem sensíveis aos temas pesados que ela apresenta, principalmente pelas ótimas atuações dos dois protagonistas e pelos  momentos da segunda metade em que esta premissa é bem trabalhada.

Disponível na Apple TV+ neste link

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