Filme da vez: Elementos (2023)

Um filme com uma história familiar e previsível, mas que mesmo assim tem uma execução belíssima capaz de nos emocionar e trazer à tona o DNA Pixar.

Nota IMDb: 7,0 (até o dia da postagem) (IMDb)

Título original: Elemental

Ano de Lançamento: 2023

Diretor: Peter Sohn

Estrelas: Leah Lewis, Mamoudou Athie, Ronnie Del Carmen

Sinopse: Em uma cidade onde cidadãos de fogo, água, terra e ar vivem juntos, Ember, uma jovem impetuosa, e Wade, um cara que segue o fluxo da vida, irão descobrir algo elementar: o quanto eles têm em comum.

Crítica: Michael

A Pixar já criou alguns dos melhores filmes de animação do cinema, mas desde a aquisição pela Disney e um escândalo interno o estúdio tem sofrido com a inconstância em termos da qualidade. A pressão de lançar dois filmes por ano certamente é um fator a ser considerado e após o criticado 'Lightyear' em 2022 tivemos agora em 2023 o divisor de opiniões 'Elementos' que estreou em junho e não foi bem nas bilheterias, mas quando foi lançado no serviço de streaming da casa do rato foi o maior sucesso de audiência da Disney+ até agora. O que explicaria este fenômeno e será que a Pixar um dia vai reencontrar o mesmo caminho brilhante que trilhou no passado?

Este filme mais recente do estúdio conta uma história muito familiar sobre um amor proibido por conta de diferenças aparentemente irreconciliáveis que precisam ser superadas para que os amantes consigam ficar juntos. Até aí nada de novo e este foi justamente o ponto de maior crítica em relação ao filme: a sua trama muito familiar e previsível. No entanto, para os que conseguirem superar isso (e talvez aí esteja a explicação para as opiniões divididas) é impossível negar a forma única como ele foi contada e a maneira inteligente e emocionante que isso foi feito. Aqui temos um universo onde os elementos (fogo, água, terra e ar) são cientes e onde uma jovem de fogo está lutando para corresponder às expectativas do pai e retribuir seu sacrifício por ela enquanto precisa controlar suas literais explosões de raiva. Mas então ela conhece um jovem de água que é bem diferente e que consegue expressar seus sentimentos e aos poucos vai ajudando ela a fazer o mesmo para controlar seu temperamento "quente". Os dois vão criando um laço forte que precisa superar algo que logicamente parece impossível: como água e fogo podem se misturar?

Com certeza a metáfora dos elementos é bem na cara para representar as diferenças culturais e de classe social, mas tudo isso é feito de uma maneira cheia de personalidade e com boas doses de humor e de emoção. Apesar de previsível, o roteiro é muito bem escrito e irá certamente marejar os olhos até mesmo dos mais durões. Tudo isso é complementado por uma animação de excelente qualidade e de uma trilha sonora belíssima que coroa as referências à cultura e tradições indianas que permeiam o filme. A dublagem nacional também ficou muito boa, assim como os textos dentro do filme que foram todos bem traduzidos (dentro do possível) para o português do Brasil.

Uma das principais características dos melhores filmes com "DNA Pixar" talvez seja o fato deles conseguirem conversar muito bem com todas as idades, divertindo as crianças e emocionando os mais velhos com suas várias camadas. Se aqui não temos uma premissa nova ou que traga surpresas, pelo menos a execução tem todos os outros elementos que nos permitem reconhecer o que este estúdio de animação tem de melhor. Talvez a Pixar nunca volte ao mesmo patamar de antes, até mesmo porque ela nos deixou mal acostumados e elevou demais o padrão nos tempos em que não pertencia a um conglomerado gigante com agenda apertada e objetivo claro de visar o lucro. Mas isso não impede que ela ainda entregue entretenimento de qualidade capaz de nos emocionar e ensinar boas lições, principalmente aquelas que por mais simples ou repetidas ainda tenhamos tanta dificuldade em aprender.

Disponível no Disney+ neste link

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