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Filme da vez:Argentina, 1985(2022)

Tocando o tenso tema do julgamento dos responsáveis pela chamada Guerra Suja na Argentina, Ricardo Darín e elenco resgatam esse episódio que foi sendo perdido com o tempo na América Latina. Confira virtudes e alguns defeitos desse que é um dos essenciais para entendermos um processo que não passamos ainda.
Um herói(funcionário público) improvável...



Nota IMDb: 7,8 (até o dia da postagem) (IMDb)
Título original:  Argentina, 1985
Ano de Lançamento: 2022
Diretor: Santiago Mitre(Conhecido por roteiro de o morno A Cordilheira, O Estudante, Elefante Branco, Paulina, Abutres(com o detalhe de ter uma longa parceria com Darín))
Estrelas: Ricardo Darín(como bode da vez Julio César Strassera), Peter Lanzani(como o promotor adjunto Luis Moreno Ocampo), Norman Briski(como o amigo sincero Ruso), Jorge Gerschman(como o advogado de defesa), entre outras estrelas.
Crítica: Dissonantbr



Eu era pequeno e na grande biblioteca que dominava a sala de estar havia um livro que se destacava dos demais não só pelas cores chamativas, mas pelo titúlo: "Brasil:Nunca mais". Eu não sabia, mas era um livro que mesmo na abertura que o país vivia depois de 1984 era um desafio para quem conhecia militares. A história dessa livro que foi sendo gestado por Dom Paulo Evaristo Arns , o Rabino Henry Sobel e o Pastor presbiteriano Jaime Wright e uma equipe que fotocopiou vários documentos de forma clandestina de 1979 a 1985, acabou jogando luz sobre o porões da repressão do Regime Militar no Brasil. Mais informações podem ser vistas aqui. E muito provavelmente deve ter realmente tido sua inspiração no seu "irmão" argentino fruto do processo que o filme fala compilado no livro "Nunca más - Informe de la COMISIÓN NACIONAL SOBRE LA DESAPARICIÓN DE PERSONAS" que tem mais informações aqui

No filme vemos o promotor de justiça Julio César Strassera(aqui com Darín) que acaba por um azar sendo responsável pela acusação de todos os principais militares que movimentaram o aparato repressivo contra as guerrilhas utilizando tortura, violência e terror, de forma clandestina, sistemática e brutal de 1976 até a queda do regime em 1983, consequência direta dos fracassos econômicos e da desastrosa Guerra das Malvinas... Como era um senhor rabo de foguete(além da complexidade do caso, o prazo era ridiculamente pequeno, daí o medo de ser uma armadilha), boa parte dos nomes conhecidos do Direito Argentino foram recusando por medo de represálias diretas a si ou aos seus familiares. Aí a solução foi apostar em sangue novo que não entendia ou ignorava o perigo da missão.

E o filme que poderia ter caído na fácil armadilha de ser mais para estrangeiros não o faz, porém claramente acaba ensinando aos jovens o medos e fatos daquele jovem regime democrático que vivia sobre a sombra de um golpe(vale lembrar que Argentina tinha sofrido vários em pouquíssimo tempo), tudo envolto em uma difícil década dos anos 70 em termos financeiros e que apenas da metade dos anos 80 iria melhorar lá até o desastre da metade dos anos 90. Outra casca de banana era entrar no compreensível baixo astral que o assunto puxa, contudo o cinema argentino é mestre em um resultado agridoce de tratar de temas pesados alternando humor e um ritmo mais ágil. 

Claro que temos também aquele climão clássico de filme de tribunal(aliás excelente engenharia de produção com itens e iluminação impecáveis tirando um detalhe: os aparelhos de som não eram tão bons como se mostra no filme :))), mas aqui os relatos, todos baseados nos originais que pararam a Argentina da época, não deixam de emocionar, tal qual uma das cenas mais simples, porém fortes de um simples telefonema entre mãe e filho. Esses e outros momentos convidam a reflexão sobre o canto fácil de soluções que escapam do regime democráticos, ainda mais em uma perspectiva de crise como vemos a frente.

Resumindo, tirando alguns poucos momentos de engasgos, o filme é claramente apoiado na tabelinha de Ricardo Darín e Peter Lanzani(como Luis Moreno Ocampo) com grande desempenho em navegar nesse momento tenso que foi inédito, ainda mais na América Latina, resgatando um momento audaz e elucidativo de clamor de justiça, coisa que ainda não vimos aqui e talvez nunca a veremos. A leitura da acusação vai emocionar não só os amantes do Direito. Disponível na Amazon Prime e com certeza vai concorrer ao Oscar. 




E aqui a comparação do filme vs da imagens reais





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