Série da vez: Gaslit (2022)

   

Uma excelente minissérie dramática que traz um novo ponto de vista sobre o escândalo Watergate

                                                                                                                                        

Nota IMDb: 7,2 (até o dia da postagem) (IMDb)

Título original: Gaslit

Criadores: Robbie Pickering

Estrelas: Julia Roberts, Sean Penn, Dan Stevens

Crítica: Michael

O escândalo Watergate, no qual o presidente Nixon foi forçado a renunciar após ser descoberto um esquema de escutas ilegais durante sua campanha à reeleição, marcou a política dos EUA na década de setenta e teve repercussões que ecoam até hoje em tempos onde o conceito de democracia tem sido revisto e muitas vezes deturpado. Desta forma, uma nova visão dos fatos deste evento pode ser bastante interessante e é justamente isso que esta nova minissérie do Starz procura trazer. Com um elenco estrelado e um roteiro inteligente e provocante, o resultado é bastante positivo desde que as expectativas estejam bem alinhadas.

É preciso desde o começo deixar claro que o foco do seriado não é no presidente Richard Nixon, o grande alvo e mentor do caso Watergate, sendo que ele quase nem é mostrado no decorrer dos oito episódios da minissérie. Ao invés disso, o roteiro foca no seu círculo mais próximo de assessores e nas pessoas que acabaram se envolvendo neste escândalo e como isso afetou sua vida pessoal e profissional. Desta forma, ainda que as questões políticas sejam apresentadas e temas correlatos sejam tratados, a trama prioriza os aspectos dos dramas pessoais das principais figuras deste evento e a jornada que elas traçam durante o período. Vemos então outras questões como preconceito racial, alcoolismo, violência doméstica, conflitos conjugais, abuso de medicamentos e problemas mentais sendo retratados e montando um quadro dos efeitos que algo tão marcante trouxe a estas pessoas.

E certamente a escolha do elenco é algo fundamental para que esta abordagem funcione, sendo que o seriado não decepciona neste departamento. Julia Roberts encabeça a turma e mostra que ainda tem talento dramático de sobra apesar de estar um pouco sumida das telas. Além de esbanjar carisma com a beleza de uma mulher que soube envelhecer em uma profissão tão cruel com a idade para o sexo feminino, ela brilha e rouba todas as cenas no papel de mulher sulista e esposa do chefe da campanha de reeleição. No papel de seu marido, vemos um Sean Penn quase irreconhecível embaixo de quilos de maquiagem, mas que tira isso de letra com seu talento e também convence no papel. Temos também o excelente Dan Steves no papel de um dos assessores de Nixon e ele mostra mais uma vez seu grande talento para séries dramáticas e prova que é merecedor de mais chances, talvez até na telona do cinema. Para completar, temos o ótimo Shea Whigham como um Gordon Liddy totalmente excêntrico e surtado e a belíssima e talentosa Betty Gilpin no papel da esposa de Dan Stevens.

Temos então uma excelente minissérie dramática que traz um novo ponto de vista sobre o escândalo Watergate, deixando de lado a figura de Nixon e focando nos dramas pessoais dos outros atores deste episódio histórico. Mesmo considerando as liberdades dramáticas, o resultado é excelente e com certeza irá agradar a todos que aceitem esta abordagem diferente e mais pessoal. Destaque para a interpretação digna de premiações de Julia Roberts e do resto do elenco estrelado e para a produção de época caprichada com figurinos e locações de dar inveja às melhores produções de Hoolywood. 

Disponível no STARZPLAY neste link. 

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