Filme da Vez:Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis(2021)
Com uma sinopse que não empolgaria muito em condições normais, a Marvel aposta e vem colhendo bons frutos de sucesso de público e crítica. Mas será que é isso tudo? Descubra mais detalhes, naturalmente sem spoilers, na crítica abaixo.
Famoso caso de quase lá, mas você ainda assim fica muito grato pela vista! |
A China e outros países do sudestes asiático, além de uma enorme riqueza cultural, compõem um mercado maravilhoso que muitas vezes a Disney e tantas outras empresas americanas tentaram ganhar a simpatia. No cinema, um diretor que ganhou as graças desse mercado é o Michael Bay e esse sucesso fez com que a franquia Transformers dificilmente tenha alguma reformulação no curto/médio prazo. Contudo, na maioria das vezes adaptações de lendas ou grandes histórias amargam visões estereotipadas ou erradas, o que não surpreendentemente se tornam em grandes fracassos. Só que deram a chance de colocar o controle na mão de descendentes da grande comunidade chinesa americana/canadense e o resultado tem sido positivo para praticamente todo mundo. E isso em um momento que há tão pouco tempo atrás movimentos xenófobos atacaram inclusive fisicamente tantos, inclusive idosos asiáticos.
Voltando ao filme, temos como história um filho que renega a missão dada pelo pai, um poderoso guerreiro, e decide viver uma vida normal estacionando carros até que o destino decide que ele deve se provar como um guerreiro para evitar um grande desastre, envolvendo poder e amor. Claro, tudo isso envolto em excelentes cenas de artes marciais, humor, muita CGI, mas principalmente carisma.
E não se tem como não falar de carisma nesse filme e não citar Awkwafina que faz a divertida amiga de Shaun e a fluidez de movimento de Fala Chen como mãe de Shaun. Sim, claro, o próprio Simu Liu como Shaun é simpático, contudo essas duas detonam das suas maneiras dentro do filme. E falando ainda de elenco, Meng'er Zhang como a irmã de Shaun deveria ter mais tempo de tela e essa impressão deve render algo mais(como podemos ver em um dos finais secretos pós créditos), porém, ainda sobre o elenco, negativamente Ben Kingsley aqui de novo tem que pagar a pena do péssimo personagem Trevor Slattery servindo como alívio cômico que ficou bem deslocado do fluxo do filme.
E falando em fluxo, o primeiro ato de apresentação, justificativa e o segundo de busca e desenvolvimento são os grandes bons momentos do filme. Porém, o final com a opção de CGI e algumas soluções de roteiro bem Marvel acabam sendo os grandes problemas do filme. A maravilhosa Michelle Yeoh como a tia Ying Nan e um pouco mais de roteiro dariam muito mais alegria. E falando dela, além do Tigre e o Dragão, claro que a gente vai lembrar das lutas... E que tem toda a assinatura de Jackie Chan porque o coreografo, Andy Cheng, de longa parceria com ele está aqui em várias cenas, a linda luta inicial dos pais de Shaun, quase um confronto de Kung Fu e Tai Chi Chuan, assim como também excelente a luta do ônibus, ou como a do andaime(e uma curiosidade: de fato até hoje se usa andaimes de bambu amplamente na China até hoje), fazem esse filme valer a pena, muitas vezes acertadamente encaixadas com humor, ainda que a trilha sonora não raro fica perdida ao longo da projeção(sem contar uma propaganda descarada de carro).
Resumindo, nesse filme que pode ser marcado como o retorno às salas de cinema para muita gente, grandes apostas são feitas no personagem Shaun e os Dez Anéis e seus amigos, tudo envolto em um trabalho com muito carinho, mesmo que claramente com interferências(principalmente no final). Evoluções frente aos quadrinhos(anéis viram argolas, entre outros detalhes que não vamos comentar para não gerar spoilers), um detalhe importante entre os dois protagonistas principais e que tudo isso que vimos vão ter consequências importantes nos próximos filmes da Marvel, fazendo o fã valer conferir, mesmo com os seus problemas, esse divertido filme. Disponível nos cinemas!
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