Filme da vez:Nomadland(2020)
Com 3 Oscars, baseado no livro reportagem sobre a situação precária de parte dos trabalhadores no EUA, o sonho americano muitas vezes termina em uma situação de nômades modernos, acabam em um estilo e filosofia de vida próprios. Confira mais detalhes desse misto de documentário e ficção na crítica abaixo.
Um registro de nossos dias. |
Em um curioso retorno depois de 25 anos, pude assistir no Drive In aqui em Brasília a dois filmes concorrentes e premiados do Oscar, com direito a uma enorme caixa de batata frita com bacon e refrigerante, distanciado por um carro de distancia do coleguinha em ambas direções. Como era o segundo filme do dia, algumas pessoas fora embora, mas os poucos espaços vagos foram preenchidos pelo o filme que estava dando o que falar.
E logo de cara aviso que não é um filme simples ou para todo tipo de público. Inclusive, apesar da personagem Fern ser ficcional, ela representa muitas pessoas que tinham a certeza de uma vida tranquila quando mais velhos ser demolida por uma relação de trabalho que está cada vez mais duvidosa e sem amparo social. A relação do trabalhador que sonhava em trabalhar na mesma empresa durante anos a fio foi ruída por repetidas crises e mudanças no pacto social. De repente, muitas vezes já com uma idade avançada, se viam sem emprego, sem casa e também muitas vezes sem saúde. E justamente atrás de uma oportunidade de ganha pão e morando dentro de vans, os nômades modernos vão de estado a estado dos EUA atrás das mais variadas formas de emprego, muitas ou perigosas ou insalubres.
Baseado no livro reportagem de 2017 de Jessica Bruder que deve sair no Brasil pela editora Rocco, o filme é a errante jornada não apenas do próximo emprego de Fern, mas também de um significado, reflexão e identificação, uma forma de tecido narrativo com relato de várias pessoas que foram relatadas no livro os quais podem ter sofrido uma doença, ou desemprego, ou dívidas ou simplesmente algo que os fez pensar sobre como viviam. É uma luta pela sobrevivência, mas também uma busca de sentido de vida, já que muitas pessoas ali dedicaram muitos anos de vida à empresas e de repente se sentiram excluídas de uma série de aspectos da vida americana.
Resumindo, o filme tem um ritmo lento, mais contemplativo muitas vezes, difícil para boa parte do público, sobre os perigos, problemas, vantagens como solidariedade, ou até certa forma um minimalismo, assim como limitações sobre a compreensão/lidar com o passado, assim como uma liberdade que não vem de graça, ainda que muitas vezes vinda de uma situação de grande revés. Às vezes durante a projeção não seria exagero ter a impressão que muitos daqueles representados em tela são uma espécie de ronins, vagando pelo os Estados Unidos de nossos dias.
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