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Documentário da vez:Seaspirancy - Mar Vermelho(2021)

Em um polêmico e necessário documentário, a relação humana com o mar é visitada e colocada em xeque o que vemos como sustentável assim como exploração desse importante ambiente. Confira mais detalhes na crítica abaixo


Momento de discutir a relação com os mares


Nota IMDb: 8,3 (até o dia da postagem) (IMDb)
Ano de Lançamento: 2021
Diretor: Ali Tabrizi(que além desse também fez Vegan de 2018) e produção dos A conspiração da Vaca: O Segredo da Sustentabilidade)
Estrelas:  Ali Tabrizi, Richard O'Barry, Lucy Tabrizi, Lori Marino, Tamara Arenovich, Paul de Gelder, entre outras pessoas
Crítica: Dissonant

Okey, okey... Eu sei que o que muita gente menos quer é mais alguma coisa para se preocupar. Porém, muito abaixo do radar para muita gente, a relação com o mar tem mudado em todo o mundo por vários motivos que vamos listar abaixo. Mas antes disso, fiquei intrigado com uma coisa mundana que me aconteceu no início desse ano em João Pessoa: a oferta de camarão estava bem baixa e muitos pescadores reclamavam que estavam tendo pouca captura. Como algo estava mudando. Quanto a esse fato ainda persiste a dúvida: foi pontual ou é consequência de uma tendência resultante de uma exploração que passou do ponto. Não tenho mais dados para afirmar o que de fato ocorreu.

Voltando ao filme, o diretor e narrador se diz um longo amante do mar e suas criaturas, tentando fazer o máximo que ele pode para melhorar as condições desse sofrido meio de vida(emprego, comida ou lazer) de tantas pessoas... Mostra a preocupação com o plástico que acaba disparando uma longa cadeia que dá nome ao filme. Mas longe de defender alguns alvos do filme, acredito que esse documentário sofre com mal muito comum de querer muito mais reforçar um posicionamento do que ir atrás de alguma verdade, ainda que inconveniente. Tanto que é muito difícil acreditar que nenhuma das grandes organizações que tem milhões em investimento não se dariam ao trabalho de responder, nem que seja via email, um questionamento tão básico, como o diretor faz questão de mostrar. Nem que para não atrapalhar o fluxo da obra, coloque aquele famoso espaço de resposta no final do filme. Mas nem ouve isso.

É estranho também a obra não fazer referência a já consolidados clássicos como The Cove, documentário que fez tanto barulho e foi ganhador de Melhor Documentário de 2010 no Oscar, assim como o longo e complicado histórico dos criadouros de Salmão no Chile e outras regiões da Europa. É ainda mais estranho a grande ausência de mais dados sobre outras regiões além de parte da Europa. Por que ele não citou as grandes frotas pesqueiras chinesas? Seria esse o limite de confusão que produção toparia ir?

Mesmo assim o filme tem seus méritos em indagar e estimular perguntas que sempre voltam à difícil definição de o que é sustentável. As redes de arrasto, a fiscalização das atividades pesqueiras(quem, como e com qual autoridade), o papel do consumidor e como aumentar a produção para atender um mundo com cada vez mais gente? E claro, a relação sobre produção e doenças. Seja no consumo de frutos do mar, assim como a ausência deles para vários povos do mundo. Tudo isso bem complexo e que demanda muita pesquisa.

Longe de indicar soluções, tanto no filme(que aponta para soluções análogas ao consumo de carne, como os produtos que simulam o gosto e textura feito com base em plantas) como aqui na crítica, o é um problema tão sério que várias nações tem reforçado suas marinhas e já ocorreram alguns incidentes, inclusive militares por causa da exploração marinha. Temos desde da briga pela posse do Ártico pela Rússia, as ilhas artificiais chinesas, como a chamada Guerra do Atum que ocorreu aqui no Brasil em 2018, assim como o problema em 2016 com um navio também chinês na Argentina. Peru, Equador , Chile e Colombia também relatam problemas, indo inclusive além das águas internacionais. Isso sem contar com a problemática exploração do petróleo, que muitos casos é uma maldição já conhecida(seja pelo custo ambiental, político ou de corrupção(ou todos juntos)).

Houve naturalmente a reação há vários envolvidos no filme. Em uma resposta no The Guardian aqui, ONGs argumentam que foram tiradas de contexto, assim como algumas informações exageradas ou simplesmente erradas. Até uma das informações de que os mares simplesmente estariam exauridos em 2048, segundo o autor dessa pesquisa, não é correta, contudo, segundo ele, tanto faz a data se realmente segundo a nossa relação de consumo está garantindo exatamente esse destino(mais informações podem ser vistas aqui).

Resumindo, acusado de ser uma propaganda vegana disfarçada(de fato seria honesto por parte do narrador deixar claro isso logo no início, podendo ou não explicar o porquê disso), o documentário faz boas ponderações sobre consumo, modo de produção e o impacto no meio ambiente. Pode ou não exagerar em alguns pontos, ser ingênuo em alguns, ou simplista, quem sabe sendo que uma minissérie seria muito melhor para tratar um caso tão complexo. Contudo, vale conhecer e refletir sobre algo que sem dúvida vai tomar conta do noticiário internacional, além do que vem ocorrendo. É só observar. Disponível na NetFlix.


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