Filme da vez: Liga de Justiça de Zack Snyder (2021)
Uma versão bem diferente da que foi lançada em 2017. Confira porque isso é bom na nossa crítica a seguir |
Nota IMDb: 8,3 (até o dia da postagem) (IMDb)
Título original: Zack Snyder's Justice League
Ano de Lançamento: 2021
Diretor: Zack Snyder
Estrelas: Henry Cavill, Ben Affleck, Gal Gadot
Sinopse: Impulsionado pela restauração de sua fé na humanidade e inspirado pelo ato altruísta do Super-Homem, Bruce Wayne convoca sua nova aliada Diana Prince para o combate contra um inimigo ainda maior, recém-despertado. Juntos, Batman e Mulher-Maravilha buscam e recrutam com agilidade um time de meta-humanos, mas mesmo com a formação da liga de heróis sem precedentes o ataque ao planeta ainda pode ser catastrófico.
Crítica: Michael
Sem dúvidas estamos em um momento sem precedentes e temos vivenciado o que antes parecia impossível. Quem imaginaria que o clamor dos fãs, suportado em peso pelo elenco, tornaria possível Zack Snyder terminar a sua versão para o polêmico filme Liga da Justiça que, em 2017, foi lançado sob a "direção" de Joss Whedon após Snyder ter sido afastado do cargo? E quem diria que, com o dobro da duração e batendo quatro horas o filme se tornaria algo tão mais coeso e prazeroso do que a versão lançada por Whedon? Por incrível que pareça, tudo isso é verdade e você pode conferir na crítica (com leves spoilers) a seguir os detalhes do que achamos desta nova versão do filme que reúne os principais heróis da DC.
Primeiro é preciso fazer uma retrospectiva dos fatores que levaram este filme a se transformar em realidade. Após uma recepção justificadamente ruim à primeira tentativa de reunir heróis da DC em Batman vs Superman de 2016, os executivos da Warner ficaram com medo de apoiar Snyder na realização da sua visão completa para o filme da Liga da Justiça e, após uma tragédia pessoal com o suicídio de sua filha, aproveitaram para substituí-lo por Joss Whedon (diretor do primeiro Vingadores) e lançar uma versão diferente que focasse mais na Mulher-Maravilha e tivesse um tom mais leve como os filmes da Marvel. Porém, o tiro saiu pela culatra e o filme lançado em 2017 teve péssima recepção da crítica e do público. Não demorou para detalhes da produção conturbada após a troca de diretor surgirem, inclusive com denúncias de abuso e ambiente tóxico feitas pelo ator Ray Fischer que interpreta o Cyborg. Junto com isso surgiram também rumores de que a versão idealizada por Snyder existia e seria possível restaurá-la. A partir daí começou um movimento forte que juntou os atores e os fãs para o lançamento da versão original, culminando dois anos depois no anúncio da Warner de que iria financiar o relançamento do filme na plataforma da HBO Max da forma como foi idealizado por Zack Snyder.
E então chegamos aqui, finalmente com a visão original de Snyder realizada e, felizmente, ela é muito melhor do que o filme lançado em 2017. Por que? Conforme explicamos na nossa crítica (veja aqui), o filme de 2017 é uma verdadeira colcha de retalhos com uma história apressada e desconexa, mostrando claramente sofrer da falta de uma visão uniforme. Diferentemente do universo do MCU que foi construído aos poucos antes de unir seus heróis em 'Os Vingadores', o DCEU teve poucos filmes e quase nenhum tempo para apresentar seus personagens antes da reunião. Sendo assim, o filme da Liga da Justiça precisaria de um bom tempo para construir as motivações e apresentar cada um deles de uma forma satisfatória. E é justamente isso que a versão de Snyder faz com louvor, apesar de manter alguns furos do roteiro de 2017 e adicionar outros. Mas aqui cada um dos heróis recebe tempo a mais para assumir seu posto na Liga e alguns deles recebem muito mais destaque, como o Cyborg de Ray Fischer que, no primeiro filme, praticamente "caiu de paraquedas" no grupo. O próprio Aquaman de Jason Momoa tem mais chance de justificar suas ações e até preparar melhor seu filme solo que só viria depois. O mesmo vale para o Batman de Afleck, que finalmente mostra a que veio, e o Flash de Ezra Miller que continua sendo um ponto forte e o melhor alívio cômico do filme. E mesmo com uma participação ainda curta, o Superman de Cavill tem um impacto bem maior no filme (isso sem falar do lendário barbear digital que não rouba mais a cena). A única que não se desenvolve tanto é a Mulher-Maravilha de Gal Gadot, relegada ao papel de trazer exposição à trama, mas mesmo assim ela brilha nas cenas de ação.
E por falar em ação, esta é outra grande diferença nesta versão. Além de mais quantidade, temos cenas com maior impacto visual e diversos momentos de "fotos do grupo" que vão trazer lágrimas aos olhos dos fãs da DC. Zack Snyder sempre se destacou em suas cenas de ação e aqui não é diferente, mas com isso também vem sua assinatura com excesso de câmeras lentas e músicas esquisitas em momentos emotivos (mas de resto a nova trilha sonora é excelente). Outro ponto negativo é o fato dos efeitos especiais denunciarem quais foram as cenas que precisaram ser refeitas e também a falta de orçamento para elevar tudo a um nível que se espera para uma produção deste tamanho. Ainda assim, o tom visual do filme recebeu um verdadeiro upgrade e o famigerado céu vermelho foi erradicado.
Outra correção feita por Snyder está no departamento dos vilões. Agora Steppenwolf é uma figura muito mais ameaçadora e traz um visual fantástico combinado com uma personalidade e ações embasadas que fazem ele se distanciar do clichê ambulante que foi no filme de 2017. Até mesmo em sua derrota ele proporciona o momento mais épico e visceral do DCEU. Além disso, temos a aparição excelente de Darkseid e parte de sua "gangue", trazendo um apelo similar ao que vimos com o Thanos na Marvel.
Estamos então diante do melhor filme do DCEU e um dos melhores já dirigidos por Snyder. Sem dúvidas este é o Liga da Justiça que os fãs mereciam em 2017 e o simples fato dele ter chegado à tona é uma amostra do poder que eles possuem ao se unirem por uma causa comum. No entanto, ele faz parte de uma visão de uma trilogia pensada por Snyder e não traz um desfecho completo, deixando enormes pontas e tramas que certamente nunca serão aproveitadas agora que o universo da DC se distanciou de Snyder e parecer estar focado apenas nos filmes solo de seus heróis, inclusive com o reboot do Batman batendo à porta. Nas redes sociais já existe um clamor para que a visão de Snyder seja continuada, mas sinceramente chega a ser inocência achar que isso algum dia acontecerá. É mais saudável se alegrar com a conquista dos fãs em transformar este filme em realidade e sonhar com um universo alternativo onde ele teria sido lançado em 2017 e talvez o destino do DCEU tivesse tomado outro rumo.
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