Filme da vez: On The Rocks (2020)

 

Uma comédia romântica que perde a chance de ser mais do que mediana

                                                                                        

Nota IMDb: 6,6 (até o dia da postagem) (IMDb)

Título original: On The Rocks

Ano de Lançamento: 2020

Diretor: Sofia Coppola

Estrelas: Bill Murray, Rashida Jones, Marlon Wayans

Sinopse: Uma jovem mãe que se reconecta com seu pai playboy em uma aventura por Nova York.

Crítica: Michael

A parceria entre Bill Murray e Sofia Coppola vem de longa data e o excelente 'Encontros e Desencontros' de 2003 é a prova de que os dois podem produzir ótimos filmes. Neste mais recente trabalho da dupla em uma produção original da Apple TV, porém, ainda que Murray esbanje talento e simpatia trazendo seu humor característico, o roteiro e algumas escolhas de elenco impedem que o resultado seja tão positivo.

A trama traz uma mãe que está passando por uma fase difícil e sem inspiração no trabalho quando também começa a desconfiar que seu marido, que anda viajando bastante, está tendo um caso. Ela então confidencia seus medos a seu pai excêntrico e os dois começam uma aventura para chegar à verdade enquanto também buscam aparar as arestas do seu relacionamento. A premissa é até interessante e gera momentos de genuína diversão, principalmente em relação a esta dinâmica entre pai e filha. Porém, o desfecho acaba sendo decepcionante por retirar a validade de quase tudo que havia sido levantado antes e trazer um ar de futilidade ao filme. Até mesmo no quesito do relacionamento entre os dois não chegamos a uma conclusão satisfatória e a sensação é de que a jornada não gerou crescimento. Talvez tenha sido intencional, mas isso não diminui a frustração e o gosto amargo que ficam para o espectador.

Também em termos de elenco temos algumas escolhas erradas que comprometem o resultado, principalmente com Marlon Wayans no papel de marido da protagonista. Ele parece pouco à vontade neste papel mais sério e sua expressão deixa no ar o suspense se ele vai fazer alguma piada pastelão a qualquer momento. Outra escolha ruim foi a de Jessica Henwick como "a outra", pois ainda que sua participação seja pequena ela soa bastante superficial e deslocada. Mesmo assim, a dupla feita por Bill Murray e Rashida Jones consegue conduzir grande parte do filme e elevar algo que poderia ser bem mais desastroso. Murray está afiado como nunca no papel de pai playboy que casa perfeitamente com seu estilo e Rashida traz bastante veracidade e empatia ao papel de sua filha, tanto que fica difícil acreditar que ela teria mesmo se casado com o personagem de Marlon Wayans, talvez pela falta de química dos dois.

No final das contas, apesar dos defeitos levantados estamos diante de uma comédia romântica que serve como bom passatempo. Ela poderia ter sido muito mais se o desfecho não anulasse grande parte do esforço anterior, mas isso não tira os méritos das excelentes performances de Murray e Rashida Jones que conseguem carregar o filme nas costas e fazer uma limonada com o que tinham à disposição. Vale por isso e pela chance de ver Bill Murray no estado da arte e mostrando como um comediante pode envelhecer de forma digna no cinema. 

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