Eu faria assim: Filme de ficção científica - O Devorador de Ossos - Capítulo 9 - Parte 8
A Nasa apresenta as opções para Mark e ele precisa tomar uma decisão difícil |
Um pedaço de comida desidratada está
flutuando próximo a Mark e ele olha atentamente o fenômeno enquanto também
flutua e desfruta de um momento raro de descontração. Ele então acerta a comida
com o dedo e vê ela começar a girar em sua direção. Assim que ela chega mais
próximo, Mark abre a boca e a engole de uma vez. Após algumas mastigadas, ele
diz ainda de boca cheia:
- Até que esse negócio de gravidade
zero é divertido, “M”.
A resposta de M.A.I.C. vem logo em seguida
com sua voz serena:
- Por algum tempo sim, mas considerando
que esta espaçonave foi projetada para viagens de longa duração, a gravidade
artificial é a melhor maneira de evitar degeneração dos ossos e músculos.
Mark faz uma careta e retruca:
- Lá vem você estragar minha
brincadeira com sua sinceridade.
O silêncio de M.A.I.C. após a fala de
Mark denuncia que ele está ocupado com alguma coisa. De repente, ele diz:
- Acabamos de receber uma nova
transmissão da Nasa. É uma gravação em vídeo de Peter. Você quer ver?
Mark joga o saco de comida longe e
grita enquanto se joga para flutuar até a cadeira de comando:
- Claro!
Ele então se senta na cadeira e se
prende com o cinto. A gravação da Nasa começa a passar no monitor principal.
Peter parece abatido e cansado com olheiras grandes e roupa amassada. Ele está de
pé em frente a uma tela e acompanhado de alguns engenheiros da Nasa. Ele então começa
a falar olhando diretamente para a câmera:
- Olá Mark, tudo bem com você? Dentro
de algumas horas já será possível nos comunicarmos em tempo real, mas
precisamos te passar a situação com urgência e por isso fizemos esta gravação.
Nosso time analisou todos os dados da Pioneer após o alarme do reator e rodamos
todos os cenários possíveis. No final, chegamos a apenas duas opções que
parecem viáveis e deixaremos você escolher qual prefere executar.
Mark respira fundo e cruza os braços
enquanto aguarda. No vídeo, Peter continua sua fala enquanto gesticula e aponta
para algumas imagens:
- O primeiro plano e o que consideramos
mais seguro seria passar direto pela Terra e esticar sua viagem um pouco para
dar uma volta maior e usar a gravidade do Sol para desacelerar a Pioneer e
trazê-la novamente para a Terra em uma velocidade que permitiria um resgate.
Isso adicionaria pelo menos seis meses ao seu retorno, mas nos daria tempo suficiente
para preparar e planejar a missão de resgate.
Mark fecha os olhos e inclina a cabeça
para trás em sinal de desaprovação e desespero. Ele então se volta novamente
para o monitor enquanto Peter começa a explicar a alternativa:
- O segundo plano é algo extremamente
arriscado, mas que teoricamente seria possível. A ideia é religar o reator
quando você chegar à Terra e usá-lo uma última vez para ativar os
retropropulsores de desaceleração. Porém, assim como aconteceu com a
Interceptor, o reator irá explodir antes de te desacelerar completamente.
Acreditamos que, devido aos sistemas de proteção que circundam os reatores, também
será uma explosão controlada e que após isso você ainda seria capaz de usar os
propulsores de oxigênio para manobrar a Pioneer e tentar um pouso forçado na
Terra terminando de desacelerar a espaçonave na reentrada na atmosfera. Como a
Pioneer não foi projetada para pousos, você precisará ficar na Interceptor e
desacoplá-la durante o pouso. Após isso, podemos ativar o paraquedas de emergência
dela para uma aterrisagem segura no oceano.
Mark coloca a mão no rosto que está
pálido como a neve e nem parece acreditar nas opções que foram apresentadas.
Antes que ele possa reagir, Peter finaliza:
- Eu sei que é duro pedir que você tome
esta decisão, mas achamos isso justo considerando que é a sua vida que está em
jogo. Infelizmente, a Pioneer ainda está a uma velocidade gigantesca e
precisamos que tome esta decisão imediatamente porque sua previsão de chegada à
Terra é em menos de dezesseis horas. Força Mark e que Deus esteja com
você.
O vídeo é então interrompido e Mark
sente seu coração acelerando. Ele olha para a frente e vê o ponto azul que
cresce aos poucos no horizonte e vai ganhando forma. Ele lembra que todas as
pessoas que ama e tudo que conhece estão ali. Sua mente contempla os dois
cenários possíveis e tenta achar a melhor opção. A saudade de casa e de Sibelle
o deixam mais próximo do segundo plano. O silêncio é interrompido pela voz de M.A.I.C.
que diz:
- Você está bem, Mark?
Mark olha para uma das caixas de som de
onde a voz de M.A.I.C. saiu e depois de alguns segundos de reflexão ele
responde:
- Eles só erraram em uma coisa, “M”. Eu
não estou sozinho nesta viagem. Se tem uma coisa que você provou até agora foi
sua importância para esta missão, inclusive salvando minha vida. Então, nada
mais justo que você participe desta decisão. A Nasa parece preferir o primeiro
plano por ser o mais seguro. Eu estou preferindo a segunda opção porque não
quero passar mais seis meses nesta nave e estou morrendo de saudades de casa.
Cabe a você desempatar e escolher qual dos dois planos vamos executar.
O silêncio toma conta da Pioneer enquanto
Mark espera ansiosamente pela resposta. Após alguns segundos que parecem uma
eternidade, M.A.I.C. fala:
- Muito obrigado pela consideração,
Mark. Porém, minha programação me impede que eu tome uma decisão quando o
comandante da missão está apto a fazê-lo.
Mark balança negativamente a cabeça e
insiste:
- Pois considere isso uma ordem. Você
precisa decidir. Só devo te alertar que eu ficarei de extremo mal humor se
tiver que permanecer aqui por mais seis meses e não garanto que serei um bom companheiro
de viagem.
Ele dá uma gargalhada e depois espera
novamente a reação de M.A.I.C. que diz:
- Sendo assim, escolho apoiar sua
decisão de tentarmos o pouso na Terra. Eu também não vou gostar de passar mais
seis meses sem um adversário digno no xadrez.
Mark sorri e grita:
- Muito bem, “M”, é assim que se fala!
Pode comunicar nossa decisão para a Nasa e falar para eles preparem tudo. Terra
aí vamos nós! E que Deus nos ajude!
Mark olha novamente pelo visor da
Pioneer e procura o planeta Terra que se aproxima. Apesar de sua calma
aparente, no fundo ele sabe dos riscos e sente medo de que tenham escolhido
errado. No entanto, ele decide manter a esperança de que poderá estar em casa
em breve, são e salvo, para rever sua amada Sibelle.
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