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No NetFlix: Messiah - Primeira Temporada

Nem tanto ao céu nem tanto à terra
                                                         
Nota IMDb: 7,8 (até o dia da postagem) (IMDb)
Título original: Messiah
Criadores:  Michael Petroni
Estrelas: Michelle Monaghan, Mehdi Dehbi, John Ortiz
Crítica: Michael

Acredito que a maioria dos cristãos como eu já se perguntaram: "Como seria se Cristo resolvesse voltar nos dias atuais?". Claro que a Bíblia traz a versão oficial disso no livro de Apocalipse, mas ainda assim este é um tema bem interessante que pode gerar discussões polêmicas. Este novo seriado do NetFlix tenta explorar isso, mas de uma forma bem neutra e muito mais politizada do que espiritualizada. Talvez o maior trunfo deste seriado tenha sido explorar esse tema sem o intuito de ofender os fiéis ou pregar para os demais, privilegiando o realismo e os aspectos culturais em questão.

O seriado mostra um homem misterioso que aparece pregando na Síria, profetizando a derrota do Estado Islâmico e dizendo que tinha sido enviado por seu "Pai". Após uma tempestade de areia que leva os invasores à derrota, ele consegue juntar milhares de seguidores e os leva pelo deserto em busca da terra prometida. Porém, após guiar seus seguidores até a fronteira com Israel e ser preso, de repente ele some e reaparece ajudando uma jovem americana e a salvando de um furacão no Texas. O pai desta menina é um pastor com uma crise de fé, mas vê isso como um sinal e sua vida acaba sendo completamente mudada com a chegado do "Messias".

Como disse antes, ao longo dos dez episódios da primeira temporada, a série navega muito bem ao tratar com o devido respeito tanto muçulmanos quanto cristãos, ainda que infelizmente prevaleça a representação dos primeiros como radicais religiosos dispostos a matar e morrer pela fé. Tudo isso é inserido em uma trama geopolítica que explora de maneira bastante realista como seria a reação das instituições de inteligência e governamentais, tendo como uma das protagonistas (Michelle Monaghan) uma agente da CIA responsável por acompanhar o caso. Outro aspecto interessante da trama é explorar o impacto cultural que isso teria nos dias de hoje e como as pessoas reagem de maneiras diferentes quando entram em contato com um possível messias. A série habilmente vai inserindo elementos espirituais e possíveis explicações plausíveis para tudo o que está acontecendo à medida que monta a imagem e o histórico do protagonista que se diz enviado por Deus. É um milagre ou uma ilusão? É um fanático ou alguém realmente buscando trazer a salvação à humanidade? É o Cristo ou o Anticristo? E, apesar de pequenos furos no roteiro, tudo permanece dentro de uma esfera plausível e que, pelo menos na primeira temporada, traz mensagens e reflexões interessantes relacionadas à paz, respeito e igualdade.

O elenco da série é de primeira, com óbvio destaque para Mehdi Dehbi como o protagonista do título. Ainda que pareça um pouco frágil, sua interpretação é bem confiante e ele tem o ar de mistério necessário para o papel. A já mencionada Michelle Monaghan despeja talento e credibilidade como a agente Eva (o nome te lembra alguém da Bíblia?) da CIA e traz um excelente contra-ponto para o Messias com seu pragmatismo inabalável. Outro que merece destaque é John Ortiz como o pastor Felix em seu conflito interior na busca de entender a vontade de Deus. Também não poderia deixar de elogiar a escolha do elenco e a acertada decisão de não ocidentalizar os personagens, inclusive com todo o elenco do Oriente Médio falando sua língua nativa.

Com uma produção de primeira e uma história bem intrigante e bem montada, esta é uma daquelas séries que são viciantes e prazerosas de assistir. Porém, os cristãos que vierem em busca de um novo "Deixados para trás" certamente ficarão decepcionados, assim como os agnósticos que esperam algo que venha desacreditar a existência de Deus e atacar as Escrituras. Ao se manter no campo do realismo respeitoso e focar nos aspectos culturais e políticos, o seriado consegue se esquivar bem das polêmicas e se manter interessante sem pender demais para um dos lados. Sem dúvidas algo muito recomendado para os interessados no tema e uma excelente fonte de conversas e discussões relevantes. Resta torcer para uma segunda temporada que mantenha esta estratégia e continue a explorar bem esta ótima premissa.

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