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Filme da vez: O Rei Leão (2019)

Um filme com visual impressionante ofuscado pela impossível tarefa de refazer um clássico imune ao tempo
                                                                                                            
Nota IMDb: 6,4 (até o dia da postagem) (IMDb)
Título original: The Lion King
Ano de Lançamento: 2019
Diretor: Jon Favreau
Estrelas:  Donald Glover, Beyoncé, Seth Rogen
Sinopse: Simba (Donald Glover) é um jovem leão cujo destino é se tornar o rei da selva. Entretanto, uma armadilha elaborada por seu tio Scar (Chiwetel Ejiofor) faz com que Mufasa (James Earl Jones), o atual rei, morra ao tentar salvar o filhote. Consumido pela culpa, Simba deixa o reino rumo a um local distante, onde encontra amigos que o ensinam a mais uma vez ter prazer pela vida.
Crítica: Michael

Uma das demonstrações de que o tempo está passando e que você está ficando velho é o fato de estarem refazendo os filmes da sua infância. A Disney está em uma onda de sucesso com "remakes live action" de seus clássicos animados há alguns anos e era só uma questão de tempo até que 'O Rei Leão' entrasse na lista. Porém, há alguns filmes que nunca deveriam ser sequer considerados para esse tipo de tratamento, seja porque eles representam o pináculo da sétima arte em seus gêneros e permanecem relevantes ou por que eles são um feliz produto da época em que foram feitos. Isso deveria valer também para animações, mas a grande máquina de gerar dinheiro não conhece limites e aqui estamos. Felizmente, apesar de não acrescentar em termos de história e tropeçar em alguns aspectos, este filme consegue não estragar o clássico e é um marco em termos de visuais gerados por computador.

Como já disse, a história é basicamente a mesma: um jovem leão precisa lidar com a morte do seu pai e aceitar seus destino de reinar apesar de seus medos e limitações. Em termos de ensinamentos, tudo o que fez do primeiro filme um clássico está presente. O famoso "círculo da vida" que mostra a conexão de todos os seres vivos e o ciclo da morte que gera vida. O engraçado "hakuna matata" que ensina a não se preocupar com nada e apenar relaxar e fazer o que te deixa feliz. E finalmente o meio termo entre essas duas coisa que gera o equilíbrio tão necessário para uma vida saudável. Até mesmo as músicas tão adoradas e cantadas por marmanjos que passaram dos trinta estão todas presentes e em sua maioria foram executadas de uma maneira impressionante. Tirando algumas adições que tenta motivar ou explicar melhor certas decisões, o roteiro é idêntico. Mas então por que este filme tem recebido críticas tão duras de algumas pessoas?

A questão a ser discutida é o verdadeiro motivo para este remake. Muitos estão reclamando pelo fato dele copiar a história e, em vários momentos, até cenas completas do original. Mas essas pessoas precisam entender o dilema do talentoso diretor Jon Favreu: fui escolhido para refilmar um clássico praticamente perfeito, e agora? A minha decisão teria sido a mesma dele: eu não mexeria no roteiro, apenas no visual.

E neste quesito o filme é simplesmente fantástico. Talvez o termo "live action" seja mal usado aqui uma vez que tudo, inclusive o cenário, é gerado por computador. Ainda assim, em vários momentos achei que estava diante de uma paisagem real habitada por seres vivos de verdade. A tecnologia visual chegou a um ponto onde é difícil distinguir realidade de ficção, tirando é claro os momentos onde os animais fazem bicos para falar. No entanto, o problema de se ter animais tão realistas em um filme repleto de drama é o fato de que fica quase impossível expressar emoção de maneira convincente, algo muito mais fácil para uma animação tradicional ou com personagens mais caricaturados. Esta é a outra grande crítica que estão fazendo a este filme e, ainda que os efeitos sejam realmente fantásticos, eles trazem esse fardo junto com o deleite visual.

Outro ponto que gera comparações injustas é em termos das dublagens originais. Felizmente consegui ver a versão legendada e pude justamente sentir esse efeito. Mesmo com o retorno glorioso de James Earl Jones e sua voz, que em si já é uma entidade, para interpretar Mufasa, como superar a clássica interpretação de Scar feita por Jeremy Irons? O elenco escolhido faz o que pode e o resultado é sim muito bom. Destaque para o Pumbaa de Seth Rogen e sua química com o novo Timão do afinadíssimo Billy Eichner, gerando os momentos mais engraçados do filme.

Ao meu ver, os críticos deveriam poupar os talentos envolvidos nesta refilmagem, principalmente o diretor. Diante de uma tarefa quase impossível de repaginar um clássico, eles fizeram o melhor que podiam. O verdadeiro alvo das críticas deve ser a escolha de refazer um filme que, mesmo hoje em dia, ainda permanece com sua qualidade e mensagem intactos. Os executivos deveriam aprender de uma vez por todos que alguns filmes são intocáveis, mesmo diante das tentações tecnológicas ou financeiras. Mas é claro que seria muita inocência achar que algo irá falar mais alto do que a chance de faturar uma grana fácil. E viva o capitalismo!

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