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Filme da vez:O Primeiro Homem(2018)

Em um filme tenso, sobre um personagem tão introspectivo, superação, coragem e um pouco de loucura mostram o início épico da expansão espacial, tudo de acordo com a visão de um homem simples.

Não deixa de ser uma demonstração de poder dos introvertidos


Nota IMDb:
 7,7 (até o dia da postagem) (IMDb)
Ano de Lançamento: 2018
Diretor: Damien Chazelle(roterista/diretor de Rua Cloverfield, 10, assim como La La Land:Cantando Estações, Whiplash:Em Busca da Perfeição, entre outras obras)
Estrelas:  Ryan Gosling(como Neil Armstrong), Claire Foy(a agora eterna Rainha Elizabeth II na série The Crown, aqui é Janet Armstrong), Jason Clarke(aqui como o compreensivo e amigo Ed White), Corey Stoll(como o desbocado e complicado Buzz Aldrin), entre outras estrelas.
Sinopse: Nesse relato dos pontos cruciais da vida de Neil Armstrong até o pouso na Lua, segundo o ponto de vista desse personagem, vemos as dores, conquistas, perigos e reflexões sobre uma das maiores aventuras da Humanidade por alguém que vai atrás de algo além da fama.

Esperado por muitos, esse é um filme no mínimo diferente de tantos outros sobre a exploração espacial. Primeiro porque não tem um clima ufanista(bandeirinha do EUA e jeitão filme do Michael Bay - e por isso ele tem sido muito criticado lá). Também porque é uma visão carregada de uma sensação de realismo, drama por uma tragédia pessoal do protagonista e... por emular a visão desse peculiar herói muito introvertido.

Tão perto do aniversário de 50 anos desse grande feito, efeito de um esforço em recursos e pessoas(mais de 400.000) durante o agravamento do que viria ser a Guerra do Vietnã(ironicamente nada supera o desperdício de dinheiro do que a Operação Rolling Thunder nessa mesma guerra), o excelente trabalho se junta a grandes filmes quanto a ocupação espacial como Apolo 13, Os Eleitos e a excepcional Da Terra a Lua(obrigatório para quem é fã do assunto).

Com momentos de grande tensão como um teste do X-15, um foguete com asas que era uma espécie de honra para pilotos que de tão potente conseguia roçar a orbita da Terra, o vôo da Gemini 8 e o lendário Apolo 11,  há um sucesso em mostrar quão precária era a situação em caso de algo dar errado em uma aventura como essa. Para ter uma idéia do risco, a própria Gemini 8 usou o foguete Atlas que falhou muito no seu desenvolvimento, como pode ser visto aqui, servindo depois como espinha dorsal de mísseis intercontinentais. Só que o filme vai mais além das dificuldades técnicas e também ousa mostrar o custo de uma obsessão, marca de Chazelle que ele deixou claro em Whiplash e até La La Land.

Em um impressionante resumo da vida de alguém que aprendeu a voar antes de carteira de motorista, por falta de tempo, ao contrário do livro de mesmo nome, gastou nenhum momento para explicar a infância em Ohio, o que daria quem sabe uma luz sobre a personalidade difícil e extremamente econômica com as palavras, assim como absurdamente focada. Também não explica a passagem na Guerra da Coreia, para onde ele foi muito "verde", segundo palavras dele mesmo, e que definitivamente o mudou bastante.

Como resalva ao filme, acredito que o pessoal de markerting da NASA de  não deve ter ficado muito feliz com o filme já que é uma visão bem pragmática, assim como nem todos vão curtir o ritmo do filme(especialmente o final, que apesar ter momentos que beiram a poesia, tem um ritmo mais lento).

Outro ponto além dos excelentes efeitos especiais, momentos recriados das gravações originais e uma complexa engenharia de som(por favor assista no cinema ou em um sistema de som muito bom. Esse filme merece), uma grande virtude desse filme são as excelentes atuações. Em outra parceria do diretor com Ryan Gosling, excelente escolha para alguém que fala muito pouco mesmo, assim como Claire Foy faz jus à alguém que teve que lidar com uma perda tão grande, tinha uma responsabilidade de ser esposa de alguém engajado em uma aventura quase suicida e ainda sofrer o assédio da impressa  depois de um dos feitos mais impressionantes da Humanidade.

Antes de finalizar, acreditamos que podemos adicionar as seguintes informações a mais além do filme. Não há no filme a confusão sobre a famosa frase na Lua, assim como a grande contribuição de Buzz na hora da saída do modulo da Lua, por mais difícil que ele seja no campo de relacionamentos humanos. Depois de um feito desses, claramente não pela fama, que sempre foi vista como fardo por ele, tentou lecionar na universidade, o que no inicio foi bem difícil pelos seus feitos anteriores, e não pelo o engenheiro que ele era. Tentou até publicidade, e outros projetos, porém sua esposa, Janet, cansada de tocar sozinha uma fazenda junto com os filhos, decidiu se separar, o que disparou uma grande depressão em Neil. Ironicamente isso o fez pensar nessa obsessão de trabalhar e tentar ver a vida de outra forma. Isso culminou no encontro com sua nova companheira até sua morte em um hospital em um procedimento de tratamento de um problema cardíaco.

Para quem quiser se aprofundar sobre a vida dessa personalidade super interessante, a mais óbvia dica é o livro de mesmo nome que foi lançado aqui no Brasil, esse aqui. Um outro recurso é o documentário, adivinhe,  de mesmo nome, que pode ser visto aqui. E claro, se há uma entrevista com o protagonista, melhor né? Isso pode ser visto aqui. Há também como foram feitos alguns efeitos do filme, bem aqui. E continuando a parceria involuntária do Nerdologia, excelente canal do Youtube, um ótimo episódio sobre como ser astronauta, nesse link. E para finalizar, nada melhor do que o vídeo da própria NASA sobre o Gemini 8, certo? Interessante ver o que é a versão oficial aqui.

E um dos melhores momentos no filme, para mim, é o que Neil fala em sua entrevista para a vaga de astronauta quando perguntam porque ele quer ir. Vale sem dúvida muito a pena assistir no cinema!

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