Série da vez: The Strain (2014 - 2017)
Uma sério com mitologia excelente e enorme potencial. Confira se no final o saldo foi positivo. |
Nota IMDb: 7,4 (até o dia da postagem) (IMDb)
Criadores: Guillermo del Toro, Chuck Hogan
Estrelas: Corey Stoll, David Bradley, Kevin Durand
Mesmo sem conhecer os quadrinhos no qual esta série se baseia, assim que fiquei sabendo de sua adaptação para a TV eu me interessei bastante (tanto que a mencionei logo em seu lançamento). Além do nome de Guillermo del Toro como um dos criadores, o tema de "apocalipse vampiro" e a promessa de reescrever as regras sobre essas criaturas da ficção foram suficientes para me fisgar. Depois de assistir todas as quatro temporadas e de ver a história com um desfecho que, apesar de apressado, encerrou de forma respeitosa para aqueles que acompanhavam o seriado, chegou a hora de deixar minha opinião e analisar (com o mínimo de spoilers possível) se todo esse potencial foi realizado.
A trama segue o Mestre, o primeiro vampiro de sua espécie, que consegue infectar os humanos ao sugar seu sangue com sua "língua tentáculo". Esta infecção se dá por conta de vermes (Strain do título) que entram na corrente sanguínea da vítima e se reproduzem para causar transformações anatômicas e fazer com que a pessoa vire um vampiro escravo do Mestre. Assim como na mitologia tradicional, eles não podem ser expostos à luz solar e são alérgicos à prata, mas não existe aquele lance de símbolos religiosos ou de estaca no coração. Além disso, eles não possuem uma vontade própria e, sem o controle do Mestre, não passam de zumbis irracionais. Neste cenário, enquanto o Mestre executa seu plano mais ambicioso para escravizar a humanidade, um grupo de pessoas lideradas por Setrakian, um sobrevivente do holocausto que dedicou sua longa vida na luta contra o mestre, precisa se unir para combater esta ameaça.
Além da figura carismática (até demais) de Setrakian, interpretado por David Bradley, no grupo de resistência temos um médico do CDC chamado Ephraim (Corey Stoll) e seu filho Zach (Max Charles) , um caçador de ratos chamado Fet (Kevin Durand), a hacker Dutch (Ruta Gedmintas) e o ex-condenado Gus (Miguel Gomez). Já do "lado do mal", temos nomes diferentes na pele do Mestre (ele pode trocar de corpo) e o seu braço direito interpretado pelo nazista Eichorst (Richard Sammel).
A mitologia da série é muito bem construída, mas não espere qualquer tipo de justificativa para a existência do Mestre. Mesmo assim, várias ideias boas, como o fato dos vampiros reterem a memória de seus familiares e voltarem para casa para atacá-los primeiro, ou o fato dele poder dar "livre arbítrio" para alguns escolhidos, ajudam a criar um universo muito convincente e que serviria como pano de fundo para uma excelente trama. O problema é que, infelizmente, quase todos os protagonistas são pouco interessantes e seus diálogos e comportamentos chegam a ser hilários em vários momentos. Além disso, algumas escolhas, como por exemplo focar quase todo o desfecho no filho de Ephraim (interpretado de forma horrenda por um ator totalmente desinteressante), se mostraram muito erradas e acabaram diminuindo os méritos da série. Ainda assim, ao meu ver a série tem vários atrativos e inclusive se mostra superior a vários dramas de zumbis. Se você gosta de terror e, como eu, se interessou pela mitologia, com certeza vale à pena,
Falando em méritos, além da mitologia, destaque para a produção, com alguns efeitos especiais interessantes para o orçamento de TV e excelente maquiagem. Além disso, vários momentos épicos de combate ou até mesmo de "apocalipse" foram retratados de forma muito convincente e emocionante. Isso sem falar de vários temas sobre perseguição, liberdade de expressão e fascismo que são levantados durante todo o seriado e inseridos de forma inteligente no seu mundo. E também é preciso destacar que, apesar da baixa audiência, o canal FX respeitou os fãs e, mesmo que abruptamente, entregou um desfecho adequado.
Enfim, se você resolver dar uma chance e fizer vista grossa para algumas interpretações piegas e furos de roteiro, com certeza conseguirá extrair diversão dessa excelente mitologia criada pela mente frutífera e singular de Guillermo del Toro. Pena que seu enorme potencial não tenha sido explorado com melhores personagens e escolhas mais acertadas sobre o foco da trama.
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