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Filme da vez: A Grande Muralha (2016)

Esta é a cara de um homem que trocou um Oscar por uma aventura muito louca no outro lado do planeta
                                                                                                     
                                   
Nota IMDb: 6,0 (até o dia da postagem) (IMDb)
Título original: Yimou Zhang
Ano de Lançamento: 2016
Diretor: Yimou Zhang
Estrelas: Matt Damon, Tian Jing, Willem Dafoe
Sinopse: No século XV, William (Matt Damon) e Tovar (Pedro Pascal) são dois mercenários em busca de “pó negro” (pólvora). Depois de escaparem do ataque de uma criatura misteriosa, eles se encontram, acidentalmente, aos pés da Grande Muralha. Lá, eles acabam aprisionados pelos guerreiros chineses, que estão na iminência de sofrerem um ataque. Reza a lenda que, a cada 60 anos, uma horda de monstros tenta transpassar a barreira, para se alimentar dos humanos que vivem do outro lado.


Já faz um tempo que o mercado Chinês está movendo engrenagens em Hollywood e muitas produção são feitas para agradar essa cultura e lucrar com seu potencial grande público. A franquia 'Transformers' é um bom exemplo e incorporou temas e personagens orientais para abocanhar esse mercado com grande sucesso. Outro caso famoso foi o do filme "Warcraft" que, apesar de fracassar nos Estados Unidos, fez um sucesso estrondoso na China e acabou com uma bilheteria bem recheada que pode inclusive garantir uma continuação. Pensando assim, a ideia de pegar uma estrela tarimbada de Hollywood e colocar num filme inspirado numa lenda chinesa que se passa no seu monumento mais famoso é certeza de sucesso, certo? Parece que não.

O filme traz o queridinho Matt Damon como um mercenário chamado que viajou com seu amigo  (Pedro Pascal - o ator com cara de Burt Reynolds que faz sucesso no 'Narcos') para a China atrás da fórmula da pólvora, mas eles acabam cruzando com criaturas estranhas que estão tentando passar pela muralha da China. Lá eles se juntam a um exército local que defende as fronteiras do país desses monstros que atacam o país de tempos em tempos. A premissa é mesmo bem absurda e o roteiro está cheio de furos, não desenvolvendo bem nem os humanos e nem as criaturas, que foram feitas com efeitos especiais bem datados e não conseguem assustar ninguém, servindo apenas como uma desculpa para as cenas de batalha. Damon se esforça ao máximo, mas seu personagem é vazio e com motivações bem duvidosas e o fato dele ser o guerreiro mais habilidoso (até mesmo se comparado aos orientais) soa mais como uma ofensa ao público alvo e o tiro acaba saindo pela culatra, talvez explicando porque o filme não teve o sucesso esperado na China.

O diretor, Yimou Zhang, que já nos presenteou com excelentes filmes como 'Herói' e 'Clá das Adagas Voadoras', faz o que pode com esse monte de esterco flamejante jogado em seu colo e as partes que mais funcionam no filme parecem ter vindo dele. Os figurinos orientais são belíssimos e os atores escolhidos estão perfeitos e possuem grande habilidade e carisma. A protagonista Tian Jing, ainda que não tenha química alguma com seu "par romântico" Damon, convence no papel de líder guerreira. E se os efeitos das criaturas deixaram a desejar, a parte da muralha e a produção das armas e lutas é de primeira qualidade, o que mostra que esse monumento tem sim um grande potencial a ser explorado no cinema, desde que não envolva monstros bisonhos vindos do espaço.

Com orçamento de mais de 150 milhões de dólares e tendo arrecadado menos de 50 em territória norte-americano, este filme foi um dos grandes fracassos do ano e só não foi um prejuízo completo porque no resto do mundo arrecadou quase 300 milhões de verdinhas. Estamos diante de um daqueles filmes pipoca com orçamento volumoso e que seria um ótimo candidato para arrebentar na sessão da tarde. Só dedique seu tempo se estiver sem opções e atrás de um filme para relaxar e lembrar das aventuras do Simbad. Espero que Hollywood aprenda esta lição e que poupe outros atores do calibre de Damon de passar por esse vexame. E pensar que, ao invés deste petardo fedegoso, ele poderia ter estrelado 'Manchester à Beira Mar' que acabou rendendo um Oscar para seu substituto, Casey Affleck.

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