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Filme da vez: Bingo - O Rei das Manhãs(2017)

Sucesso, fama, drogas e rock and roll e.... um programa infantil. Confira o que achamos desse filme sobre um marco da cultura brasileira dos anos 80

Supere o medo de palhaços...É por um bom motivo

Nota IMDb: 9,0 (até o dia da postagem) (IMDb)
Ano de Lançamento: 2017
Diretor:  Daniel Rezende(premiado editor de grandes filmes como Cidade De Deus, A Árvore da Cida, RoboCop, Diários de Motocicleta, Tropa de Elite, entre outrosm)
Estrelas: Vladimir Brichta(como o Bozo...digo, Bingo), Pedro Bial(como o poderoso na Globo, digo Mundial...), Leandra Leal(como a Lucia, a que tenta botar ordem na casa da mãe Joana que era o estúdio), Augusto Madeira(com um papel feito para ele como o camaraman anos 80 mesmo), Cauã Martins(como o menino que tinha uma camisa muito legal de ônibus espacial e com muita paciência com o pai), Emanuelle Araújo(com apimentada Gretchen), Domingos Montagner(em uma rápida participação como mestre de palhaço), a excelente Ana Lúcia Torre(como a matriarca Marta Mendes que já teve dias melhores), entre outras estrelas.
Sinopse: Filho de uma famosa atriz, pai separado, tenta sair de produções pornô para o sucesso. Só que há um problema:ninguém pode saber que é ele o famoso palhaço. 

Assistir o Bozo nos sábados de manhã era parte de um ritual bizarro, já que eu descia para acordar dois amigos meus que moravam no mesmo prédio. E enquanto eles ou se arrumavam, ou começavam uma briga a lá Tom e Jerry, com direito a bater a cabeça um do outro no cômodo do quarto, assistia o inicio do programa com sincero desinteresse: gostava mais dos desenhos, que eram fracos especialmente nesse programa. Só que era particularmente um ritual antes de descermos e termos nossa parcela de atividades físicas que as crianças de hoje são privadas(seja segurança, desinteresse, ou até desconhecimento que dá para ter vida fora do convívio com eletrônicos(bizarro eu falando isso...Vai ver é o efeito nostálgico)).

Envolto em polêmica, Bingo é um caso bem curioso de esforço para cobrir um personagem que marcou época e garantiu o que deveria ser uma barbada: o Bozo era um sucesso estrondoso nos EUA há mais de 10 anos quando, na política de migração de atrações que o Silvio Santos viu na gringa para o SBT, tinha sido uma grande aposta do canal. E a partir daqui temos duas versões. Para os mais novos, temos a versão oficial nesse especial, que nem cita a polêmica... E cuidado, há pequenas intervenções do Gugu Liberato...:)



Só que fruto de uma entrevista da Revista Piauí, o inicio da atração não foi bem tão tranquila. E nisso que foca o filme. Claramente limitado à talvez problemas jurídicos, muitos personagens e histórias não foram abordadas no filme. Papai Papudo que já era uma figura ficou de fora, por exemplo. E o Silvio por exemplo, nem é citado. Isso é uma coisa que faz falta em no terceiro ato quando o filme perde um pouco de ritmo, até um pouco do gás. Contudo não faz do mesmo menor. É um curioso e impressionante esforço em mostrar como era feita a TV no Brasil nos anos 80. E aqui seria fácil fazer um fã service de focar as coisas dos anos 80. Aquaplay, fitas Basf, Mappin, Fiat 147, TV de Tubo e muitas outras coisas estão lá. Inclusive a música que é uma virtude a parte do filme. Ainda que não é o que o diretor quer, ainda que ele tenha sido identificado como um dos grandes saudosistas daquela época.

Sem querer fazer muitos spoilers, também vale alertar que o Augusto Mendes não é uma transposição do que foi a vida de Arlindo Barreto, mas um resumo de muitas coisas e a tosqueira da época. Algumas coisas são preservadas, ainda que com nomes parecidos que permitem a correlação da Globo, Xuxa, SBT entre outras envolvidas. Outra coisa também conservada era a frustração de um ator que tinha experiência com Pornochanchada e queria ter algum trabalho que pudesse apresentar para o seu filho e família. Contudo, por ironia do destino, a marca exigia que o ator nunca fosse revelado. Isso gera uma série de problemas que só vão se agravando com o sucesso e fama. Outro exemplo de como era o dia a dia do programa segue abaixo.




Porém se tudo isso que foi dito já é um motivo de conferir, o cuidado técnico é realmente excelente, principalmente quando se trata de plano sequência(há um em uma parte do filme que é realmente primoroso). A escolha de iluminação, até foco da câmera mostra toda a experiência do diretor em anos de edição. E um excelente desempenho de atores, em especial Vladimir Brichta e Leandra Leal. Claro, Augusto Madeira com o irritante operador de câmera com sua risada característica.


Resumindo, muito bem recebido pela crítica especializada, e pelo público da época, é um filme peculiar sobre um período também "bizarrinho". E pode ser um dos primeiros a aproveitar tanta coisa que aconteceu na TV daquela época. Só espero que seja um pouco mais audaciosa em mostrar o contexto político social da época. Dá pra fazer isso sem ser chato.





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