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Momento nostalgia: A saga de um segamaníaco - Parte 3

Mirando nas estrelas e errando o alvo




O auge da Sega alcançado com o Mega Drive estava em declínio após o fracasso comercial dos diversos acessórios que tentaram aumentar a longevidade do console e a empresa precisava lançar um novo console para entrar de vez na era 32 bits e dos CDs. No meio de 1995 a companhia lança nos states o Sega Saturn, um poderoso console que tinha duas CPUs e entrada para CDs e cartuchos. Sem entrar nos detalhes técnicos, sua arquitetura complexa dificultou bastante a programação do jogos e pode ser considerada a principal causa do fracasso do console. 

Apesar de fazer sucesso no Japão, talvez por conta da base instalada de fãs da Sega e pela grande quantidade de jogos voltados ao público japonês, no ocidente o Saturn não conseguiu agradar e aos poucos foi perdendo espaço para a primeira versão do Playstation (a Sony acabava de entrar no mercado de consoles) e também para o Nintendo 64 (a turma do Mario ainda persistiu nos cartuchos!). Os prejuízos para a Sega foram imensos e a perda de sua base de consumidores na terra do Tio Sam foi um golpe forte que começou a minar o futuro da companhia no mercado de hardware. No Brasil, diferentemente de seus antecessores, o Saturn não fez muito sucesso. Com preço inicial caro (mais de R$800,00 numa época com salário mínimo de R$74,00) e sem tolerância com a pirataria, o console perdeu muito espaço aqui para o concorrente da Sony (onde a pirataria rolava solta!).

Até hoje me lembro como eu e meus irmãos conseguimos nosso Saturn: o dono da locadora onde alugávamos jogos e filmes (o Junei), também "alugava hora" de videogames (alguém lembra dessa época?!) e ocasionalmente vendia consoles. Nós falamos com ele que queríamos um Saturn e que pagaríamos em dinheiro à vista. Ele pulou na moto,  foi voando  na casa dele e voltou com a caixa do Saturn zerado. Pagamos ele e levamos a criança pra casa. Que alegria! Naquele momento eu não imaginava que era um videogame fadado ao fracasso e não me via comprando o PS1 e deixando ele de cabeça pra baixo pra fazer funcionar (e disso, alguém lembra?). Aos meus olhos, era um console fabuloso e tive momentos fantásticos com ele. Na minha opinião da época, se dependesse apenas do trailer que vinha no "CD Bootleg" do meu Saturn, o console teria sido um sucesso absoluto: http://www.youtube.com/watch?v=AkszT3e9eo4.

Mesmo fracassando comercialmente, o Saturn conquistou uma legião de fãs e é adorado por muitos ainda hoje, sendo que alguns jogos se transformaram em clássicos. Com a dificuldade em programar para o console, não é uma surpresa que os jogos da própria Sega (a mãe do bruguelo rebelde!) sejam os de maior destaque, como Panzer Dragoon, Sega Rally, Virtua Fighter, Daytona USA, etc . Mas mesmo em casos de jogos multiplataformas, algumas adaptações ficaram tão superiores no Saturn que isso gerava alvoroço entre os gamers. Um exemplo disso ocorreu com os jogos da Capcom da série Vs, como em X-Men vs Street Fighter. O Saturn dispunha da opção de adicionar RAM ao sistema usando cartuchos (que exigiam várias sopradas até serem reconhecidos!), o que dava uma vantagem significativa em relação ao PS1. Eu podia trocar de lutador "on the fly" no meu Saturn enquanto meus colegas tinham que ficar presos a jogarem com um só lutador por vez no seu PS1. Saturn Wins, Fatality!


Com sua história conturbada, o Saturn acabou tendo uma curta vida útil, sendo descontinuado em 1998. Com um prejuízo de quase 300 milhões de dólares e tendo que demitir 30% de sua força de trabalho, a Sega estava afundando rapidamente. O sucesso do PS1 trouxe a Sony para a equação do mercado e ela liderou essa geração com sobras, sendo seguida pela Nintendo e deixando a Sega na "rabeira". Algo precisava ser feito e a Sega decidiu lançar prematuramente um novo videogame, que representaria seu último suspiro na briga dos consoles. Mas isso será assunto para o último capítulo desta saga.

Antes de finalizar com a minha lista top 5 de jogos, uma nota triste: o roubo do meu Saturn. Isso mesmo. Na ânsia de vender o console para poder seguir minha vida gamer, não tomei as precauções necessárias, fui enganado na negociação e recebi um cheque sem fundos em troca do meu Saturn zerado e todos os jogos e acessórios (inclusive volante original da Sega). Meus irmãos ficaram muito chateados e não culpo eles, pois também fiquei arrasado. Tivemos que ficar um bom tempo sem videogame, mas pelo menos serviu para aprender a ser mais cauteloso.

Hoje novamente tenho o Saturn em minha coleção e ele merece um lugar de destaque nela. Talvez seja meu coração de segamaníaco falando mais do que a razão, mas posso dizer que o Saturn foi peça importante na minha história gamer e alguns jogos dele ainda estão na minha lista de clássicos eternos.

Por falar em lista, vamos ao meu top 5. Mas antes, uma observação importante: na época do Saturn não tive acesso a alguns clássicos absolutos, como Panzer Dragoon Saga ou Nights: into Dreams, por isso não irei colocar esses jogos na minha lista e irei montá-la apenas com jogos que experimentei naquele tempo. Vamos lá:

1) Sega Rally Championship




Mesmo correndo risco de ser injusto, posso dizer que na minha opinião esse foi o melhor jogo de corrida do Saturn e um dos melhores da geração 32 bits (eu colocaria ele atrás apenas do Gran Turismo). Apesar de ser um jogo essencialmente arcade e muito curto (apenas 4 pistas), a sua jogabilidade apurada, gráficos avançados (para a época) e trilha sonora fenomenal formaram um conjunto irresistível e com grande valor de replay. Esse talvez tenha sido o jogo mais lido pelo meu Saturn. Eu e meus irmãos ficávamos competindo para marcar os melhores tempos nas pistas e nos divertimos bastante tentando achar o atalho de cada estágio. E isso sem falar que o jogo rodava a 30 fps (NUSSA!) e ainda tinha opção split screen no modo versus! Por isso tudo é que ele está no topo da minha lista!

2) X-Men versus Street Fighter




Como já disse, os proprietários do Sega Saturn poderiam fazer uso do cartucho de memória para experimentar esse jogo de luta em toda a glória disponível no arcade, com direito a trocar de lutador e a se deliciar com toda a "extravaganza" 2D em alta velocidade. Para a época, quando os arcades ainda eram algo relevante, ter em sua casa uma adaptação perfeita poderia ser a diferença entre ser um loser ou o maioral entre a galera da rua. E as mães agradeciam o fato da gente estar jogando só em casa! Esse vai em sua homenagem, mãe!

3) The Need for Speed



Hoje em dia a série NFS é bem conhecida pelo seu estilo arcade e jogabilidade frenética, mas houve uma época em que o foco do jogo eram apenas os carros e todo o resto era apenas uma desculpa para pilotá-los. O primeiro jogo da franquia tinha uma seleção de lendas das pistas, como: Lamborgini Diablo, Porsche Carrera, Acura NSX, Ferrai F355, etc. No menu de seleção de carros era possível ver informações detalhadas e até um video-clip mostrando o carro real em ação. Os interiores dos carros eram bem detalhados e os gráficos também impressionavam com seu "foto-realismo". Os estágios eram estradas com tráfego e policiais atentos ao excesso de velocidade, com destaque para o filme que passava quando você era pego. A trilha sonora também era fantástica e variada, fazendo excelente uso da mídia de CD e dando total certeza de que se trata de um jogo da geração 32 bits.

4) Virtua Fighter 2:




Esse jogo não poderia ficar fora da minha lista por ser um divisor de águas no gênero dos jogos de lutas. A inovação dos gráficos e  da jogabilidade 3D em um jogo de luta foram algo inédito e provaram que seria possível tirar o visual "chapado" do estilo. Melhorando em praticamente tudo se comparado à primeira versão, este jogo encantou o mundo e trouxe aos lares a experiência arcade de forma quase perfeita. Os lutadores são bem variados e possuem estilos diferentes que agradaram a todos os gostos. Além de criar um novo estilo, este jogo também deu origem aos "jogadores esmagadores de botões", aqueles que venciam só apertando os botões aleatoriamente. Como um dos representantes da velha escola clássica, me recusei a entrar nessa onda. Talvez por isso que tenha apanhado tanto neste jogo e nunca tenha me atrevido a jogar alguma versão de Tekken.

5) Resident Evil:



Apesar da plataforma da Sony ter se transformado na "casa" da franquia, foi no Saturn que tudo começou para mim. Meu primeiro contato com o survival horror foi muito intenso e eu posso dizer que foram naqueles momentos de tensão e sustos que nasceu mais um fã da série (hoje estamos um pouco órfãos, mas isso é assunto pra outro post). A experiência foi mais aterrorizante para mim pelo fato de que acabei com uma cópia de Biorhard ao invés de Resident Evil. Para quem não sabe, isso significa que eu fiquei com a versão japonesa do jogo. Ou seja, aquele puzzle dos quadros ou o aquele de ter que entrar no computador, que para outros foram tranquilos, para mim foram um terror absoluto. Tive que pedir penico e recorrer aos "universitários" da locadora do Junei pra decifrar os enigmas, mas todo o esforço foi recompensado por esse jogo fantástico que definiu um gênero. Isso apesar da dublagem terrível e dos videos bregas das cutscenes, dignos de cine trash. Se tiver estômago, veja a abertura da mesma forma que eu vi na época ("No, don't go!!!!"): http://www.youtube.com/watch?v=8XgxZIWoMaE.



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