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Filme da vez: Tenet (2020)

  

Um filme com uma premissa interessante e uma execução magistral, mas com um roteiro extremamente complicado

                                                                                        

Nota IMDb: 7,6 (até o dia da postagem) (IMDb)
Título original: Tenet
Ano de Lançamento: 2020
Diretor: Christopher Nolan
Estrelas:  John David Washington, Robert Pattinson, Elizabeth Debicki
Sinopse: Um agente secreto embarca em uma missão perigosa para evitar o início da Terceira Guerra Mundial.
Crítica: Michael

Alguns diretores alcançam um status diferenciado e conseguem o chamado "passe livre" para fazer o que bem entenderem com quanto dinheiro precisarem e sem muita interferência do estúdio. Certamente é o caso de Christopher Nolan que, após ressuscitar a franquia do Batman e ter outros grandes sucessos como 'A Origem', possui agora esse status. O lado positivo disso é que podemos ver na tela exatamente o que ele planejou, mas em contrapartida a falta de uma "checagem de realidade" às vezes faz com que ele não saiba que ultrapassou alguns limites. É justamente isso que acontece em Tenet que, apesar de ter uma premissa bem interessante e uma execução magistral, se complica demais ao ponto de ficar incompreensível em vários momentos.

De uma forma bem resumida (até porque não conseguiria explicar aqui todos os detalhes), a história mostra um agente secreto que é recrutado para trabalhar em uma força tarefa que procura evitar a destruição do planeta com o uso de uma tecnologia que "inverte" o fluxo natural do tempo de objetos e pessoas. Basicamente, ao ser invertido, um objeto ou pessoa começa a experimentar o tempo em sentido contrário, o que gera algumas cenas bem interessantes que com certeza exigiram bastante dos atores e da produção. O roteiro brinca com esse conceito de palíndromo em vários momentos, inclusive no próprio nome do longa (Tenet pode ser lido nos dois sentidos). O filme então faz uso dessa premissa para entrelaçar várias tramas que caminham em sentidos diferentes do tempo para gerar um resultado único e isso é o que acaba gerando bastante confusão, pois alguns detalhes passam despercebidos e deixam o espectador sem entender o que está acontecendo. Ainda que a trama central seja simples (agente secreto tentando impedir ataque terrorista que destruirá o mundo), o recheio disso tem vários aspectos interessantes e complexos que, se deixados para trás, fazem sobrar apenas um filme mediano e confuso.

Porém, em termos de execução o filme mostra que Nolan é um dos mestres da arte do cinema real. O uso de efeitos digitais é bastante contido e quase imperceptível e o filme possui algumas sequências de ação de tirar o fôlego como uma que envolve a colisão de um 747 com um hangar. Tudo isso feito com efeitos práticos. A ilusão do tempo invertido também é excelente e mostra que os atores precisaram fazer várias ações ao contrário para serem apresentadas nos sentido correto. Só de pensar na complexidade logística de juntar todos esses elementos de tempo invertido em cenas onde temos várias linhas do tempo já me dá dor de cabeça.

Outro ponto forte do filme é o seu elenco. John David é uma excelente surpresa como "o protagonista" e consegue carregar tudo com extrema habilidade e talento, convencendo também nas cenas mais físicas. Outro destaque é Robert Pattinson que tem uma atuação excepcional e se mostra como um dos grandes talentos atuais, se livrando de vez do estigma de "vampiro purpurina". De resto temos também a surpresa de Elizabeth Debicki e alguns rostos já conhecidos dos filmes de Nolan como Kenneth Branagh em um ótimo papel de vilão e Michael Caine em uma pequena aparição.

Em resumo, temos um filme que busca alcançar muita coisa ao mesmo tempo e acaba se perdendo no caminho. Com um roteiro extremamente complicado e que exija um trabalho árduo de análise e pesquisa para se poder compreender todos os detalhes, ele acaba desperdiçando uma premissa interessante e que poderia ter sido apresentada de uma forma mais palatável. De qualquer maneira, não se pode negar a genialidade de Nolan e sua capacidade de executar tudo isso de forma perfeita. Resta torcer para que ele não exagere a mão em seu próximo filme, porque caso contrário essa carta branca que ele possui pode acabar sendo revogada pelo estúdio se o retorno financeiro não for o esperado.

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