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No NetFlix:Uma Fábrica Americana(2019)

Nesse super curioso documentário, um bilionário chinês decide aproveitar os restos de uma fabrica fechada da GM para iniciar uma produção de vidros para carros e caminhões, porém as coisas não são exatamente como ele tinha planejado. Confira o que achamos na crítica abaixo

O dinheiro não é o maior maior denominador comum


Nota IMDb: 7,5 (até o dia da postagem) (IMDb)
Título original: American Factory
Ano de Lançamento: 2019
Diretor: Steven Bognar e Julia Reichert(participaram de um filme que é espiritualmente falando o antecessor desse chamado The Last Truck:Closing of a GM Plant)
Estrelas: Cho Tak Wong(o dono e fundador da empresa chinesa), Robert Allen(operador de forno), Dave Burrrows(Vice-presidente da filial), John Crane(diretor de segurança no trabalho), Rob Haerr(como supervisor de produção), Jeff Daochuan Liu(como presidente da filial), entre outros trabalhadores da planta.
Sinopse: Em uma espécie de experimento, um bilionário chinês decide aproveitar o esqueleto de uma fábrica abandonada e começar a produzir vidros. Porém, ele encontra uma realidade bem diferente da sua terra natal.
Crítica: Dissonantbr


Confesso que esse documentário quase passou desapercebido por mim, o que seria uma pena. Primeiro porque mesmo não sendo exatamente imparcial, o filme de fato dá espaço para a apresentação dos pontos de vista de cada um dos lados, não em quantidades exatamente iguais. E segundo porque eu ironicamente já passei por uma experiencia parecida, só que com indianos. Eu mesmo tive que explicar para um diretor que estava super surpreso porque não iriamos trabalhar no sábado já que apesar de termos 44 horas de jornada, o costume era dar o sábado e domingo como descanso. E por fim, o terceiro e mais forte é que ele levanta sim questões importantes sobre produtividade, qualidade de vida e competitividade. E isso deve afetar o Brasil de várias formas.

O filme começa justamente no triste fechamento do mais importante coração da cidade de Moraine, Ohio, bem no auge da crise que fez grandes empresas americanas fecharem fabricas ou mudar os polos de produção para países com custos menores. Muitos anos depois, em 2015, um empresário chinês , o curioso Cho Tak Wong, decide abrir uma fábrica que é uma espécie de experimento, trazendo chineses que seriam supervisores dos empregados americanos, muitos deles os quais passaram anos desempregados.

Como pontos positivos vemos momentos quase hilários de diferenças e filosofias bem diferentes de vida e conceito sobre trabalho. Segurança, quantidade de horas e até custos são bem distintas nos dois lados. A simples possibilidade de um sindicato que não está ligado diretamente à direção da empresa gera uma série de ameaças. Também é curioso observar o esforço e a frustração conforme os problemas vão crescendo e as projeções de produtividade ou se mostraram irrealistas ou até cruéis. Há momentos que você quase se pergunta se não é um tipo de spin-off do The Office americano...:P

Uma espécie de forma de viés talvez seja que o filme, que foi o primeiro financiado pela nova companhia de produção do Barack Obama e sua esposa Michelle, a chamada Higher Ground, os quais juram que não interferiram na produção, pode levantar dúvidas em muitos e, infelizmente, aponta poucas alternativas. Aliás pode ser simplesmente porque o filme queria retratar apenas o que ocorreu. E como aviso, o final é particularmente amargo. 

Porém, como uma espécie de plus, há uma entrevista interessante dos dois diretores e os Obamas, e aí fiquei particularmente decepcionado já que como o presidente que estava justamente logo depois das primeiras ondas de choque da grande crise que foi 2008(ele foi eleito e tomou posse em janeiro de 2009 até 2017), acredito que falar como alguém que só estava observando os fatos não é ser sincero o suficiente. E a conversa poderia ter evoluído para alternativas, como o que tem feito alguns sindicatos no EUA e Canadá que dão suporte em termos de educação/especialização para realocar empregados. Também vale lembrar que algumas fábricas no passado já foram reconstruídas por associações de trabalhadores até virarem corporações que tem problemas com...os próprios trabalhadores e sindicatos(vale lembrar que era comum o controle dos mesmos por donos de fábricas ou organizações políticas)...É o ciclo de ajustes e oportunidades. E também são justas as demandas dos trabalhadores que são universais em todos os lugares do mundo.

Resumindo, é interessante documentário que levanta boas dúvidas sobre qualidade de trabalho, competitividade, perceptivas e, principalmente, muitas dúvidas sobre o futuro. Vale muito a pena ver e refletir sobre.

PS:E por fim o filme peca por não destacar algo interessante:a mudança de perfil do trabalhador médio chinês e a mudança nos países que viraram os lugares de produção mais baratos para os chineses.



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