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No NetFlix: Altered Carbon (2018 - ?)

Dinheiro de sobra e boas ideias são suficientes para criar um clássico? Confira na nossa análise da primeira temporada.
                                                                                         
Nota IMDb: 8,4 (até o dia da postagem) (IMDb)
Título original: Altered Carbon
Ano de Lançamento: 2018
Criador:  Laeta Kalogridis
Estrelas:  Joel Kinnaman, James Purefoy, Martha Higareda
Sinopse: No futuro, a sociedade se acostumou à prática da troca de corpos: após armazenar a consciência de uma pessoa, ela pode ser transferida a outra "capa", podendo viver várias vidas. O mercenário Takeshi Kovacs (Joel Kinnaman) acorda após 250 anos em outro corpo. Além de se adaptar a esta situação e à nova sociedade, ele é contratado por um homem riquíssimo para descobrir o autor de seu próprio assassinato. Tak conta com a ajuda de uma policial mexicana, um ex-militar tentando ajudar sua filha e uma inteligência artificial.

Como já falamos várias vezes recentemente aqui no blog, os fãs de ficção científica estão recebendo "tratamento VIP" das produtoras de conteúdo para streaming, seja na forma de filmes ou de novos seriados. A NetFlix está investindo em peso nas suas produções originais (talvez já se preparando para a fuga do conteúdo dos grandes estúdios) e este gênero têm se beneficiado bastante. A bola da vez é "Altered Carbon", série baseada em uma trilogia de livros homônima e que vem bancada com uma produção de primeira que rivaliza, pelo menos em termos de orçamento, com gigantes como 'Game of Thrones' e 'House of Cards'.

Vale ressaltar que não conheço os livros nem seu conteúdo e farei minha análise apenas baseado no seriado. Considerando isso, desde o início fica claro que o criador fez o dever de caso em termos de construção de mundo e esse é um dos pontos fortes do seriado. Em um futuro distante, os seres humanos conquistaram outros planetas e conseguiram também atingir a imortalidade após armazenar sua consciência em um "cartucho" e poder trocar de corpo (ou "capa") indefinidamente. Esta premissa fantástica gera desenvolvimentos interessantes como a clara divisão social: os ricos (ou "matusas", referência ao personagem bíblico Matusalém que teria vivido 969 anos) que conseguem produzir clones de si mesmos e viver eternamente; e os pobres que precisam trocar de "capa" e, dependendo da condição financeira, sem qualquer similaridade de idade ou gênero com a anterior. Além disso, as claras implicações religiosas (aqueles que querem trocar de "capa" ou não) , tecnológicas (backup do seu "cartucho", inteligência artificial e realidade virtual) e filosóficas (duplicar uma pessoa e a consequência que as trocas de "capas" geram a longo prazo) são muito bem exploradas nesse mundo. Um universo cheio de possibilidades de histórias é criado e com um realismo que também o aproxima de outras obras conhecidas e reverenciadas como Blade Runner. E a produção do seriado, tanto em termos de efeitos especiais quanto em figurino e cenários, é de primeira linha e mostra que não foi poupado investimento para dar vida a tantas boas ideias (parece que cada episódio custou cerca de 7 milhões de dólares).

A história que seguimos é a de um homem que é "acordado" 250 anos depois da sua morte para investigar o assassinato de um "matusa". Este protagonista, Tak, é um ex-emissário (grupo de guerreiros de elite rebeldes que lutam contra o regime dominante e opressor) que precisa lidar com os fantasmas do seu passado ao mesmo tempo em que se adéqua a uma realidade bem diferente. Não posso revelar muitos detalhes para não estragar surpresas, mas ele acaba se envolvendo com uma policial e sua conexão com ela é muito maior do que parece. Ainda que a trama comece muito bem e a construção dos personagens e do universo seja excelente, do meio para o fim as coisas decaem um pouco e o final acaba ficando bastante previsível. Além disso, a necessidade de chocar para chamar a atenção, seja em termos de violência ou de exposição sexual (talvez para tentar ser um "Game of Thrones do futuro") também acaba mais subtraindo do que somando. Isso sem falar da polêmica de termos um ator protagonista ocidental interpretando um personagem originalmente asiático.

E por falar em protagonista, Joel Kinnaman é o responsável por dar vida a Takeshi Kovacs (Tak) e o faz com resultados mistos. Nas cenas em que ele precisa fazer careta, lutar ou tirar a camisa, ele é excelente e tem uma entrega fantástica. Porém, nas partes mais dramáticas deixa muito a desejar. O mais curioso, e que inclusive ajudou a aumentar as reclamações de discriminação racial, é o fato do ator Will Yun Lee, que interpreta a "versão original" e asiática de Kovacs, ter se mostrado muito mais completo tanto em termos de ação quanto nas cenas dramáticas. A outra protagonista, a policial mexicana interpretada por Martha Higareda, não convence tanto no papel de durona e sua forte caracterização como "latina" também acaba sendo mais uma distração desnecessária. Já James Purefoy está totalmente à vontade no papel do "matusa" que contrata Tak e seu estilo casa perfeitamente com o personagem.

Apesar de todos os pontos negativos levantados, quero deixar claro que o resultado final acaba sendo muito positivo e estamos diante de uma séria que irá agradar muitos fãs do gênero de ficção, principalmente por conta do universo que foi construído. Ainda é cedo para rotular como "um novo clássico", mas sem dúvidas existe potencial suficiente. E ainda que o desfecho tenho sido previsível e não tenham ficado muitas pontas para uma próxima temporada, este universo apresenta inúmeras possibilidades e ideias interessantes a serem exploradas. Mantendo-se esse nível caprichado de produção, com certeza aguardarei com expectativa a continuidade dessa série.


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