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Viajando na maionese: O cine materna dos horrores

Filme de terror? Não!!! É o cine materna!!!

Meu filho está completando dez meses e, desde que ele nasceu, as idas ao cinema ficaram escassas e dependentes daquele "habeas corpus" da patroa. Eu e minha esposa já tínhamos ouvido falar do cine materna, uma sessão especial de cinema do Cinemark (aqui em Brasília) voltada para mães (em sua maioria) e pais (só os corajosos) que possuem bebês e ainda assim querem continuar aproveitando a sétima arte. Ontem finalmente as estrelas se alinharam e conseguimos nos programar para ir a uma sessão do cine materna. O filme era um drama (Para Sempre Alice), mas nossa experiência foi digna de um filme de terror.

Veja só a inocência deste blogueiro: eu imaginei que hoje estaria escrevendo mais uma coluna "Filme da vez" sobre a película que fui assistir. O problema é que eu não consegui prestar a atenção suficiente para fazer uma análise. Na verdade, sequer consegui "imergir" no filme o suficiente para me importar com os personagens.

Tudo começou já na entrada. Parecia um saldão de fraldas, com mães, vovós e bebês por todos os lados. Um ou outro pai ocasional me deram alguma esperança de que não tinha entrado pelo cano, mas não passou de uma ilusão. O estacionamento de carrinhos estava pior do que o setor comercial sul na hora do almoço. Meu filho até que chegou tranquilo enquanto eu e minha esposa torcíamos para ele dormir, mas aos poucos a sala foi enchendo até o ponto de não ter mais lugar vago. Eu tentei escolher um lugar esquema, mas a tranquilidade só durou até sentar uma vovó ao nosso lado que ficou com o neto enquanto a mãe folgava.

Meu filho começou a ficar agitado devido à sinfonia de barulhos. Se não bastasse a orquestra de chororôs dos pobres bebês, que gritavam em ritmo e parecendo uma "ôla" num estádio, as mães ficavam matracando o tempo todo. Isso sem falar do incessante "senta e levanta" necessário para tentar acalmar as crianças. Eu precisei ficar revezando com minha esposa enquanto ela inventava novas posições para dar de mamar e confessou quase chorar em simpatia aos bebês do local. Pra piorar tudo, escolheram um filme longo e sofrido. Como sentir empatia com a personagem de Julianne Moore sendo consumida pelo mal de alzheimer enquanto você está presenciando bebês e pais se contorcendo nas cadeiras?

E quando, para nosso alívio, a sessão acabou, fiquei me perguntando o que fazia com que pais e mães se sujeitassem a isso. As inúmeras pessoas tirando "selfies" para postar nas redes sociais deu algumas dicas desse motivo, mas a verdade é que acredito que algumas pessoas, como eu, vão na esperança de assistir ao filme. O problema é que, assim como vários outros exemplos, não acho que o cinema seja um lugar adequado para bebês e crianças de colo. Uma sala fechada e escura, sem nada colorido e sem a tranquilidade necessária para acalmar uma criança mais agitada. Isso sem falar da necessidade de levar óculos de visão noturna para conseguir trocar a fralda no escuro. Tenho certeza de que, se algum dos pimpolhos ali pudesse falar, me daria razão.

Talvez você curta esse tipo de coisa e eu respeito isso, mas para mim, como todo cinéfilo que se preze, um filme exige um nível de imersão e envolvimento impossíveis de se alcançar no cine materna. Já falei com a minha esposa para voltarmos ao modelo de revezamento e, se quisermos ir juntos, tentaremos conseguir um passaporte da alegria com os avós ou uma babá. Estou ansioso para levar meu filho ao cinema de novo, mas vou esperar até ele entender o que isso significa para poder curtir a experiência tanto quanto eu.

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