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Filme da vez: Robocop (1987)


Nota imdb: 7,5 (até o dia da postagem):  (IMDB)
Título original: Robocop
Ano de Lançamento: 1987
Diretor: Paul Verhoeven
Estrelas: Peter Weller, Nancy Allen, Dan O'Herlihy
Sinopse: A futurista Detroit sofre com a escalada da violência. Uma organização chamada Omni Consumer Products (OCP) é contratada para administrar a polícia e começa a desenvolver um projeto de um policial robô para combater o crime.

Aproveitando a proximidade do lançamento do novo Robocop de Padilha e também o fato de ter colocado as mãos na nova versão remasterizada em blu-ray, resolvi finalmente incluir este clássico cult no hall do Mexido. Já declarei minha admiração ao filme em um post onde sugeri uma história para continuar a série em oposição à decisão tomada de partir para um reboot. Quem se interessar, basta clicar aqui. Agora pretendo falar de coisas diferentes para tentar explicar a forma como, semelhante ao que acontece na montagem de um robô, as peças certas se encaixaram para gerar este filme que até hoje é relevante e possui uma legião de admiradores.

Um robô autônomo não pode existir se não possuir inteligência, uma "cabeça" pensante que toma as decisões e faz todas as partes agirem da maneira correta para obtenção do resultado esperado. No caso deste filme, esta cabeça foi a figura do então jovem e genial diretor Paul Verhoeven. Poucos sabem que ele inicialmente recusou o cargo. Seu financiamento público na Holanda foi cortado devido à sua pegada violenta e o diretor estava em busca de um "filme americano" para fazer. Ele recebeu o script de Robocop e, como qualquer cineasta sério havia feito antes, nem passou do título. Foi sua esposa quem leu o roteiro e o convenceu a fazer a película (vida longa a essa mulher de visão!!!). Ele então inseriu seu toque na história e em seu primeiro trabalho para hollywood entregou sua versão do "Jesus americano" em um filme recheado de violência, humor afiado e críticas à cultura americana (principalmente através dos falsos comerciais). O auge da Guerra fria, o consumismo e o submundo corporativo embalado por sexo e drogas foram alguns dos temas abordados. O fato é que o diretor conseguiu contar de forma magistral a história da morte de Alex Murphy e sua ressurreição como uma máquina. Mesmo sem se aprofundar muito nas questões psicológicas, o cineasta mostra alguns dos conflitos enfrentados pelo policial ao descobrir seu passado humano. Em uma cena em que ele visita sua casa isso fica claro pelo fato de não ouvirmos os ruídos mecânicos e o "zunido" característico do personagem durante quase todo o tempo. Até o final do filme o personagem se humaniza progressivamente até o ponto de se considerar novamente como Murphy (uma segunda morte/ressurreição).

Mas só uma cabeça pensante não é o suficiente para se montar um robô, ele precisa de um corpo. O excelente (e injustiçado) ator Peter Weller foi o encarregado de dar vida ao policial do futuro. Depois de vestir a armadura e perceber que todos os meses de treinamento foram em vão, ele precisou improvisar e suportar condições desumanas de calor e desidratação. Ainda assim, sua performance foi maravilhosa e seus movimentos e poses conseguiram convencer apesar dos defeitos na armadura que em algumas cenas revelam partes de seu corpo. Para mim, uma das cenas mais marcantes é a da chegada de Robocop na delegacia e os queixos caídos das pessoas que parecem não acreditar no que vêem. Ao meu ver, foi naquele momento que Peter Weller mostrou que o filme deveria ser levado a sério.

Ainda assim, sem um objetivo ou um problema para resolver, um robô seria inútil. Neste sentido, o filme pinta um cenário de violência, drogas e caos social que mostram a necessidade de um Robocop. Tudo isso é personificado nas figuras marcantes dos vilões Clarence Boddicker e Dick Jones (este nome em si já é uma piada), interpretados com muito carisma respectivamente pelos atores Kurtwood Smith e Ronny Cox. Enquanto o primeiro e sua gangue aterrorizam a cidade o segundo arquiteta tudo por detrás da blindagem de sua liderança corporativa. Juntos, eles se mostram adversários à altura do policial do futuro.

Para fechar a construção de um robô, não podemos esquecer do ingrediente secreto: o fator surpresa. Na minha opinião, neste caso a grande surpresa foi a trilha sonora de Basil Poledouris. E não me refiro apenas ao tema marcante e "pegajoso" (no bom sentido), mas a todas as peças dessa obra prima que misturou elementos eletrônicos à pegada clássica e poderosa do compositor. A cena em que Robocop é alvejado por dezenas de policiais tem uma carga emocional que só foi possível devido ao maravilhoso fundo musical.

Basta assistir ao filme para saber que no final todas essas partes citadas se encaixaram perfeitamente para montar um dos maiores cults de ficção científica dos anos oitenta. Com certeza é um dos meus filmes favoritos e eu fiquei muito triste em saber que decidiram refilmá-lo, mesmo respeitando o trabalho de Padilha e desejando todo o sucesso para este excelente diretor. Infelizmente, a ganância dos estúdios aliada à sua falta de criatividade acabaram gerando mais uma vítima que, ao meu ver, fazia parte do seleto grupo de "filmes irretocáveis" (juntamente com De Volta Para o Futuro, O Poderoso Chefão, Star Wars, etc). A verdade é que, independente do que o estúdio faça com a franquia, o Robocop de Paul Verhoeven, Peter Weller, Kurtwood Smith, Ronny Cox e Basil Poledouris permanecerá vivo para sempre na memória dos fãs e na história do cinema.

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