Série da vez:1971 - O Ano em Que a Música Mudou o Mundo
Em uma mini-série de 8 episódios, os vários aspectos daquele agitado ano, sem exagero, de fato formaram muito que que vivemos no início do século XXI, tanto na música, comportamento e arte. Confiram mais detalhes na crítica abaixo.
Famoso "pelo menos a música era boa" |
De uma forma surpreendente, recebi com alegria os relatos de alguns amigos meus que por terem nascido em 1970/1971, estão tomando as primeiras doses da vacina anti-covid-19. E recomendando com cuidado necessário pelo indicativo de idade(eu diria experiência. Porque no Brasil você em regra é antes de tudo um sobrevivente) essa série da Apple TV que faz valer todas as licenças musicais que ela tem, para listar as diferentes forças culturais naquele ano que de fato mudou a música como conhecemos.
E sim, logo de cara temos o anterior campeão que é a década de 60, mais especificamente o ano de 68, como influenciador/decepção, mas as demandas e os fatos fizeram que aquela década se tornasse anacrônica, seja no campo das lutas pelos direitos raciais, o amadurecimento do feminismo, a manifestação dos movimentos gays(também nesses dias faz o marco dos primeiros casos da AIDS nos EUA e o estrago naquela comunidade por falta de informação), a piora na escalada da Guerra do Vietnã, a difícil relação das drogas e a música, tudo isso embalado por uma série de artistas e estilos que realmente, como é comentado na série, fazia a pessoa passar por dilemas do que levar das novidades com o seu salário da loja de discos.
A paulada em forma de música de Marvin Gaye, o fim dos Beatles, a crise do rock britânico, a desilusão do "Flower Power", recessão econômica, a distância dos artistas e a maioria do público, a crise de costumes, o (des)governo Nixxon, novas forças como David Bowie, T-Rex, Elton John, o engajamento no movimento negro de Aretha Franklin, a os anseios femininos nas chamadas letristas poetas como Carole King e Joni Mitchell, a ascensão e problemas com as drogas de astros como Jim Morrison, Sly Stone, The Rolling Stones e o início do ciclo de artistas negros como James Brown, Ike e Tina Tunner, a música eletrônica, The Who, Iggy Pop , Lou Reed e Alice Cooper, tudo isso em uma viagem de vários estilos, os fatos relacionados e algumas consequências...
Como crítica a série começa com o depoimento muitas vezes dos próprios artistas, imagens de arquivos muito bem organizadas pelo Studio Mercury, com trilha sonora impecável, ainda que presa ao eixo EUA-Inglaterra, focando em pontos importantes históricos que geraram obras, mas também músicas que geraram fatos históricos, porém há alguns episódios onde a chamada "ego trip" de alguns artistas, o foco às vezes exagerado em alguns fatos gerando uma quebra de ritmo, a estranha lacuna de alguns artistas(seria por problemas de licenciamento?) e uma estranha linha narrativa, indo e voltando no tempo naquele ano, dando uma impressão estranha de confusão(vai ver é um recurso narrativo para enfatizar quão conturbado foi aquele ano), tudo isso, apesar dos problemas, faz de fato reconhecer a importância para o rock daquele ano.
Resumindo, a tarefa inicialmente simples de citar tudo de importante que ocorreu naquele ano se mostra um grande desafio nessa série essencial para todos que gostam do estilo, inclusive a justificativa de muita coisa que aconteceu na época, ficando quase como um convite para o espectador entrar mais fundo em tantas estórias. Vale a pena sem dúvida, mesmo com as barrigas narrativas. Disponível na AppleTV+(dada a excelente qualidade do som do Apple Music, vale assinar o Apple One para quem for abraçar um passeio no lado da Maçã).
Por fim, uma dica que tem tudo a ver com revisitar a História e o Rock, vale conferir o podcast Discoteca Básica que sempre analisa grandes álbuns, o contexto e os artistas. Até bandas que eu não curto me surpreenderam nos detalhes. Disponíveis nos principais agregadores, assim como no site deles.
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