Livro da vez:A Coragem de Não Agradar

Será que essa dupla de japoneses marotos consegue mesmo usar a filosofia para te ajudar ou a coisa fica no meio do caminho? Confira na resenha desse livro o que achamos.

Vai que um dia fazem uma versão BR do mesmo

Por coisas dessa vida, estou fazendo análise, coisa que recomendo a todos que puderem. Claro que algumas pessoas conseguem com diferentes níveis de sucesso, que são extremamente subjetivos, lidar com os desafios dessa vida. E nisso que justamente o livro se propõem: como se livrar da opinião dos outros e se tornar uma pessoa mais feliz.

O livro de Ichiro Kishimi e Fumitake Koga propõe uma reflexão de como uma suposta pessoa "boazinha" sofre com as expectativas(dela e as que seriam cobradas dela), o que geram uma série de frustrações, limitações e infelicidades. Através de um dialogo entre um filosofo, que ironicamente praticamente só cita Adler, e um jovem estudante, eles se propõem a uma série de "confrontos" de visão de vida que ilustram as bases dessa escola psicológica. Fazendo um pouco de spoiler, em um dos pontos principais, há a análise de que Adler teria proposto que todo o problema dos seres humanos tem origem nos relacionamentos entre seus semelhantes. 

Na verdade o livro meio que faz uma trapaça: ele se baseia muito na escola da psicologia adleriana e não necessariamente filosófica.. Até aí nada demais. Como muitas vezes temos a influência da família freudiana ou comportamentalista, seria muito bem vinda a apresentação dessa que é um das escolas clássicas para o mundo leigo. O problema é quando não há um debate franco e não simplificado, o que por um motivo estranho os dois autores devem ter tido experiencias horríveis com Freud. 

Há sim méritos no livro, porém há um detalhe importante: a cultura japonesa tem peculiaridades que não só tem uma forte presença das expectativas coletivas, assim como questionamentos quanto à autoridade. Por isso há situações que a pessoa tem que usar um pouco essa informação para entender o que realmente a dupla de autores está questionando. Quem sabe assim se explica também quase o conselho reativo, que depois de alguma reflexão, se prova não tão ótimo assim em várias situações por ser quem sabe quase exagerado. Fruto daquela visão 0 ou 80? Pode ser.

Naturalmente o livro tem seus acertos, porém carece de capacidade literária de interligar as diferentes questões, como vemos nos livros de Irvin D. Yalom e também poderia ir mais além da preferencia de uma ou outra escola. E como diz a capa do livro, poderia utilizar a rica bagagem da filosofia para amenizar ou mediar problemas do dia a dia, como alguns livros já conseguiram conciliar. 

Resumindo, vale ler, contudo é muito mais proveitoso como uma pauta para um debate com seu terapeuta. 

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