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Filme da vez: Boyhood - Da Infância à Juventude

Será que este filme é mesmo um clássico moderno? Confira na nossa análise.

Nota imdb: 8,3 (até o dia da postagem) (IMDb)
Título original: Boyhood
Ano de Lançamento: 2014
Diretor: Richard Linklater
Estrelas: Ellar Coltrane, Patricia Arquette, Ethan Hawke
Sinopse: O filme conta a história de um casal de pais divorciados (Ethan Hawke e Patricia Arquette) que tenta criar seu filho Mason (Ellar Coltrane). A narrativa percorre a vida do menino durante um período de doze anos, da infância à juventude, e analisa sua relação com os pais conforme ele vai amadurecendo.

Eu descobri sobre este filme em uma entrevista que Ethan Hawke deu em um desses programas americanos e fiquei intrigado com o fato do filme ter sido filmado no decorrer de 12 anos com os mesmos atores principais, mesmo que no total as filmagens tenham durado pouco mais de 30 dias. Apesar de ser um encantador retrato da vida cotidiana, o filme gera também opiniões polêmicas e chega até a ter seu valor cinematográfico questionado.

O título nacional, "Da infância à juventude", resume bem a trama do filme que acompanha o crescimento de um garoto desde os 5 anos até ir para a faculdade com 18. Mesmo retratando bem os desafios de uma família de pais separados, de padastros complicados e das fases de amadurecimento emocional do protagonista, o filme não traz nada tão interessante em termos de qualidade artística de roteiro e isso se reflete em um longa metragem (e como é longo, mais de duas horas e meia!) bem monótono. Na minha opinião, essa foi a ideia do diretor, responsável pelos filmes da série "Antes do..." com Ethan Hawke no papel principal. Acredito que ele quis realmente fazer um registro sincero do cotidiano e mostrar como uma vida comum poderia virar filme. O fato dele contar com os mesmos atores principais e evidenciar seu crescimento/envelhecimento é algo que dá uma credibilidade nunca vista antes no cinema.

Mas ainda que seja um dos pontos fortes do filme, isso também é o principal alvo das críticas. O fato dos diálogos e da história como um todo não trazer muito conteúdo faz com que muitas pessoas classifiquem esse filme mais como um documentário do que como um drama, pois a falta de coesão nos lapsos temporais tira um pouco do brilho da história. Questões mais profundas, como o relacionamento problemático dos pais e as causas de sua separação, são deixados de lado e isso pode gerar um certo descontentamento, mesmo se relevando o fato do filme focar na pessoa do jovem Mason.

E por falar no protagonista. devo registrar que gostei mais das primeiras performances do ator Ellar Coltrane, quando ainda era criança. O brilho e um talento evidentes foram dando lugar a uma timidez e a uma atitude relapsa que chegam a denotar que ele só terminou o filme porque era algo que estava sendo obrigado a fazer. E isso acontece justamente na segunda metade da película onde ele deveria realmente assumir o papel de protagonista e segurar o filme. Não sei se isso foi algo intencional para mostrar os desafios da adolescência, mas essa foi a impressão que ficou para mim. O mesmo vale para sua irmã. Já os pais separados, Patricia Arquette e Ethan Hawke comprovam seu talento e entregam atuações consistentes e carregadas de personalidade, ainda que tenham sido deixados um pouco de lado no roteiro em vários aspectos.

Sendo assim, este é o tipo de filme que gera opiniões diversas. Se você estiver pensando em ver um drama carregado de conflitos e reviravoltas, irá se decepcionar. Mas se você se permitir saborear as peculiaridades de um retrato sincero do cotidiano, poderá encontrar vários momentos em que irá pensar "isso aconteceu comigo" e irá apreciar o que este filme tem a oferecer. Afinal, apesar de muitas vezes nossas vidas serem pontuadas de momentos simples e sem tanto drama, isso não torna nossa existência sem sentido e nem nossas lembranças menos agradáveis.

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