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Jogo da vez: The Last of Us


Há muito tempo um jogo não me marcou tanto, com uma história cativante em perfeita sincronia com trilha sonora e uma jogabilidade quase perfeita. O último jogo que despertou esse tipo de sentimento em mim foi ainda no PS2: a obra prima de Fumito Ueda chamada Shadow of the Colossus, lançada bem no fim do ciclo daquele console. Tanto que eu iria inaugurar esta coluna do "Jogo da vez" falando do game dos gigantes, por ser um dos meus clássicos favoritos. Mas, aproveitando que terminei o The Last of Us no final de semana passado e o impacto que ele me causou, vou ceder a vez e falar dele primeiro, fazendo uma análise praticamente "spoiler free" (E também pra não dizerem depois que eu só falo de coisa antiga!) : )

Muitos jogos atuais deixam a história de lado para focar em uma ação desenfreada digna dos melhores filmes de hollywood. Eu gosto de jogos de ação neste estilo, como Call of Duty, Battlefield e Crysis. Mas para mim, no mundo atual onde os jogos estão cada vez mais parecidos com os filmes, o jogo ideal é aquele consegue aliar a ação com uma história marcante que faça eu me importar com os protagonistas. Isso, junto a uma jogabilidade balanceada e um nível adequado de desafio, pode resultar em verdadeiras obras de arte digitais.

Esse é o caso de TLoU (vou usar a abreviação de The Last of Us), um jogo que se diferencia até na sua versão de apocalipse zumbi (que está na moda), explicando ele como uma infecção por fungos que alteram o sistema nervoso e geram comportamentos bizarros, mas somente nos vivos e não nos mortos como no clássico vírus zumbi. Na internet existem algumas matérias legais pegando carona no sucesso do jogo e falando se seria possível tal infecção por fungos, quem quiser pode dar uma olhada (exemplo: http://kotaku.com/the-real-science-behind-the-last-of-us-zombie-hordes-580280972). Falando em sucesso, esse jogo está vendendo muito bem e foi praticamente aclamado pela crítica, recebendo várias notas 10.

Tendo como pano de fundo o apocalipse fungi (gostaram?), o jogo mostra a história de Joel, um homem comum tentando sobreviver em um mundo inóspito e cruel, onde o perigo maior não reside nos mutantes-cabeça-de-repolho e sim nos humanos que restaram nessa terra sem lei. Joel é uma pessoa amargurada em busca de uma razão para viver depois de uma grande tragédia pessoal. Ele encontra isso na figura de Ellie, uma menina imune que precisa de sua proteção para ser levada a um local onde possa ajudar na sintetização de uma cura. Essa história é dividida em atos nomeados como as estações do ano, sendo que cada um apresenta atmosferas diferentes e mudanças no tom da trama que trazem uma variação muito bem vinda ao jogo e evitando que ele caia na monotonia. Mas se engana quem pensa que o protagonista é uma pessoa boazinha e que evita a violência. O mundo mudou e seu protagonista mostra que não sobreviveu sendo gentil. Joel mata todos que se mostram uma ameaça e não mede esforços para proteger Ellie. Isso inclusive gera comportamentos duvidosos que culminam com o desfecho dramático da trama.

A parte artística do jogo é impecável, definitivamente o jogo mais bonito graficamente do PS3, na minha modesta opinião. Alternando entre paletas mais vibrantes para áreas externas e cores mais escuras para ambientes internos, o jogo consegue montar a atmosfera correta de acordo com a necessidade. Este jogo tem momentos de suspense e expectativa, principalmente pela mecânica de "sonar" que possibilita ver os inimigos através das paredes. Mas ele não é um daqueles jogos tipo Dead Space ou Silent Hill que te mantém quase sempre no limite esperando que algo vá agarrar seu pé ou sair da parede a qualquer momento. E isso é algo bom, uma vez que muitas pessoas deixam de jogar para não sentirem tanta angústia. O TLoU consegue balancear muito bem os momentos de suspense com ação e também momentos de alívio e tranquilidade. A atuação dos dubladores originais também é excelente e representa mais uma peça importante na construção desse clássico.

Como elemento central dessa fórmula de sucesso, a jogabilidade "over-the-sholder" já conhecida dos jogos anteriores da produtora foi adaptada de maneira competente e se adéqua perfeitamente ao conjunto. As armas possuem a precisão esperada (com opção de mira automática para os menos entusiastas) e o combate corpo a corpo foi bem integrado na ação. A resolução de puzzles não ficou de fora, inclusive com a introdução de novas mecânicas que funcionam perfeitamente e trazem novidade ao gênero. Nenhuma surpresa tratando-se dos mesmos criadores da série Uncharted, sempre inovando de maneira competente. Em relação ao nível de dificuldade, pelo menos no "Normal", creio que ficou muito bem balanceado. Os recursos são escassos, mas nada que te obrigue a matar fungos só com faca (lembra dos primeiros jogos do Resident Evil?). Existe até uma opção para "reiniciar o encontro", muito útil para quem achar que gastou muitos recursos em um combate, apesar de que sofri algumas vezes ao usar isso e ver que o jogo voltou bem mais do que queria. Fica registrado o ponto negativo (nem tudo é perfeito!).

Se eu acreditasse em dar notas, com certeza TLoU mereceria quase nota máxima. Um clássico que mostra o poder do PS3 e serve como um marco final para este console enquanto ele cavalga em direção ao horizonte. Desde o início eu fui transportado ao mundo pós-apocalíptico para sofrer juntamente com Joel e Ellie e torcer por eles. Considerando o enorme sucesso do jogo e fazendo um trocadilho com o seu título, encerro minha análise dizendo que, pelo menos neste caso, ficou comprovado aquele dizer popular que afirma: "os últimos serão os primeiros".

3 comentários:

  1. Ao invés de "matar fungos na faca", não seria melhor andar com uma bisnaga de pomada anti-micótica? Ou uma bomba de tênis pé baruell? :)

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    1. kkkkkkkkkk
      Excelente ideia!!! Bem que isso podia vir num extra depois de terminar o jogo! heheheheheh

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  2. Realmente seria um DLC que eu compraria! :)

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