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Filme da vez:Fahrenheit 451(2018)

O que um livro de 1953 e um filme de 1966 tem a ensinar para a sociedade atual e o diretor da última edição? Confira no review abaixo

A verdade é que Celsius é muito melhor!


Nota IMDb: 5,0 (até o dia da postagem) (IMDb)
Título original: Fahrenheit 451
Ano de Lançamento: 2018
Diretor: Ramin Bahrani(premiado diretor de filmes engajados como 99 Casas, A Qualquer Pre;o, Adeus, Chop Shop e Man Push Cart)
Estrelas:   Michael Shannon(que tem uma longa lista de vilões premiados, entre eles o da A Forma da Água, mas também outros diferentes como Destino Especial como Roy), Michael B. Jordan(aqui como Montag, ficou famoso no excelente papel de Creed ), entre outras estrelas.
Sinopse: Membro de uma organização governamental de segurança mental, Montag, que queima livros, de repente se vê tentado a entender melhor seu objeto de trabalho e daí o mundo que ele vive.


Em 2009, em um erro da Amazon, todos os aparelhos que tinham conexão com os servidores receberam a ordem de excluir os livros "1984" e "A Revolução dos Bichos", isso de forma automática. Naturalmente a empresa se desculpou, ressarciu os proprietários e alegou que a empresa que forneceu as obras na verdade não tinha os direitos e achou melhor remover as obras. Na época as pessoas lembraram da frase "O Grande Irmão está observando você", só que na verdade a comparação poderia facilmente vir mais para o Fahrenheit 451.

Em 1953, o escritor americano Ray Bradbury escreveu um mundo distópico que iria render vários prêmios, adaptações para o cinema e outras produções, sendo que de todas elas, ganhou especial atenção a adaptação de 1966 do grande mestre do cinema François Truffaut. Como várias vezes havia explicado Ray, ele era frequentemente mal interpretado com o seu suposto objeto nessa obra: em vez  de alertar principalmente para um Estado Autoritário, isso era mais uma consequência de um processo. Ele temia que a falta de um cidadão sem reflexão, sem senso crítico e pensamento superficial seria naturalmente mais dócil e manipulável. E isso seria possível pelo consumo de mídia de massa, como TV, filmes e esportes, um hedonismo crescente, drogas e, principalmente, a ausência do hábito de leitura. A chave de tudo eram os livros. Tanto que nessa que foi a sua obra mais famosa, os livros eram temidos e a posse era um crime grave e com sérias consequências.

Muitos anos depois, agora vemos a adaptação bancada pela HBO com nomes de peso como Michael B. Jordan, Michael Shannon e dirigidos por Ramin Bahrani, o que prometia muito no trailer, mas... O filme realmente leva a uma pergunta simples: se vai realmente adaptar um clássico, se não vai acrescentar nada, ou fazer de uma forma insatisfatória, por que não ter a decência intelectual de cancelar o projeto?

Michael está perdido como Montag e Shannon faz o que dá no papel do Capitão Beatty. Aliás ele é muito bom em fazer um tipo de papel: de vilão. Só que tal como o livro, o papel não é linear, há um conflito essencial para uma parte importante do filme. Contudo, de novo, seja por culpa da direção(por entrevistas feitas pelo diretor, parece que ele não quis ou não entendeu a ideia do livro), ou produção, o filme tem atuações muito aquém do que demanda um filme desse calibre. Curiosamente, pode-se até ter a impressão de que houve um orçamento menor do que deveria ter sido gasto, mas isso é uma ilusão porque é um filme relativamente simples e barato de ser feito, ainda que com GRANDE ênfase na interpretação de personagens chave.  Ainda contam como defeitos a ausência de personagens chave na história como a esposa de Montag e o Professor Faber, por exemplo.

Entretanto, hey, o filme não é um completo desastre. Estão lá a preocupação com a filosofia agora muito popular que as pessoas não devem se preocupar com o amanhã ou tratar de notícias tristes. E também, como grande mérito do filme, uma tentativa de atualizar a forma de alienação, com jogos, Realidade Virtual e mídias sociais. E manipulação do que foi a História. Porém, de novo, a construção não é envolvente, inclusive personagens, usando de efeitos visuais claramente chupados do mais novo Blade Runner.

Resumindo, o filme serve como propaganda para a reflexão de futuro que o livro tenta evitar, assim como o excelente filme de 1966(com seus problemas de ritmo para os padrões atuais) e um convite: alguma obra que consiga aproveitar essa poderosa mensagem. Também não vai mal um conselho: se não vai respeitar a estrutura original, dá outro nome, como Bombeiros(que na verdade botam fogo em livros...:))). Por favor só não coloquem com o mesmo nome da obra original. Além do mais é mais barato e mais sincero.

Por fim, uma última pergunta: há quanto tempo que você leu um livro?


PS:E o lança-chamas é igualzinho o do Elon Musk...

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