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No NetFlix:Operação Final(2018)

Com pompa de filme grande, com grandes estrelas e um das histórias reais mais fascinantes do século passado, finalmente ganhou uma adaptação para o cinema, aqui, no serviço do NetFlix. Vamos analisar, sem spoilers, perdas e ganhos dessa obra aqui em baixo

Rende pano para muitas mais mangas

Nota IMDb:
 6,6, (até o dia da postagem) (IMDb)
Título original: Operation Finale
Ano de Lançamento: 2018
Diretor:  Chris Weitz(roterista de obras como A Bússola de Ouro, Um Grande Garoto e Rogue One)
Estrelas:  Oscar Isaac(famoso por ser o piloto Poe Dameron no Star Wars, aqui faz o papel de Peter Malkin), Ben Kingsley(famoso por variados papeis como Gandhi à Casa de Areia e Névoa como o iraniano Behrani, assim como até em Homem de Ferro 3, aqui é Aldof Eichmann), Mélanie Laurent(famosa por Alma Dray em Truque de Mestre e Shosanna de Bastardos Inglórios, aqui é a fictícia Hanna), entre outras estrelas.
Sinopse: Em um ousado sequestro, um grupo de israelenses tenta levar um dos grandes responsáveis pela chamada "Solução Final" à júri em Israel, enfrentando um governo colaborador e a tentação de fazer justiça com as próprias mãos.


Quando eu era pequeno, sofria com três coisas que eram constantes no Fantástico: a Zebra da loteria, uma figura meio assustadora pra época, as histórias de fantasmas ou coisas do tipo(geralmente passavam essas histórias na época de férias e para piorar Poltergeist tocava o terror no imaginário não só infantil) e a dúvida se era ou não uma ossada a de Josef Mengele. E aí que começamos essa história.

Segundo relato do próprio Aldof Eichmann, o objetivo do partido nazista era antes de tudo a eliminação da ameaça comunista. Porém o apoio popular vinha da perseguição aos Judeus, assim como sua eliminação em massa. Isso implicaria no roubo e execução em escala industrial. Ainda segundo o mesmo, ele constatou que o método que se tinha até então era a execução por fuzilamento em grandes covas, o que levava a uma queda de moral da tropa, tendo ainda um exaustivo preparo para isso. Então, seguindo orientação de Hitler, colaborando com Heinrich Hummler(que usou o termo "Solução Final" para o "problema judeu") e Reinhard Heydrich, Aldof implementou uma forma de extermínio de milhares em vários campos a cada dia.

Ironicamente capturado por americanos, porém ainda não identificado por seus crimes, consegue fugir com ajuda de um padre para a Argentina, onde desde de Juan Domingo Perón os governos eram simpatizantes com criminosos de guerra, mudando para Buenos Aires em 1952, onde trabalhava em uma fábrica da Mercedes-Benz. Durante meses inclusive era entrevistado pelo jornalista nazi Willem Sassen com o objetivo de fazer uma biografia. Por capricho da vida, serviram de base para reportagens na Life e Stern no final dos anos 60, depois de sua captura.

Pois justamente na Argentina havia muitos sobreviventes do Holocausto e um deles, Simon Wiesenthal, identificou em carta a possibilidade de que Eichmann estava em Buenos Aires, isso em 1953. Por vários motivos, Israel não tinha recursos para conseguir realizar uma ação mais concreta durante anos. E também, por várias vezes , a Argentina negava a extradição de criminosos , e quando subiu ao poder Arturo Frondizi, o mesmo prometeu realizar uma caçada ao antigo protegido de Perón, mas isso se mostrou apenas um teatro, tendo claramente o governo uma atitude protetiva tanto com para a Eichmann, assim como Martin Bormann, lugar-tenente de Hitler. É interessante ler a notícia do O Globo da época aqui.

Com base nessas informações, vamos ao filme. O objetivo do filme seria a ousada proposta de reproduzir o sequestro e transporte para julgamento desse famoso criminoso em uma operação que tinha um grande problema:implicaria em um desgaste enorme internacional e principalmente na Argentina que teria sua soberania violada na operação.

Como fio narrador temos com base a participação de Peter Malkin no Metsada, um braço do serviço secreto de Israel, o Mossad, e seu dilema de se vingar logo ou levar a cabo a operação de captura de um dos grandes responsáveis pelo extermínio de milhões de seres humanos. E aí os problemas começam. É natural realizar adaptações para que o filme não vire algo maçante para o espectador. Porém é bem importante manter o máximo possível de fidelidade histórica, principalmente sobre um assunto tão importante como esse, o que não é muito o caso já que há várias inconsistências. Diria que seria 65% de fidelidade. Não iremos comentar as diferenças para não gerar spoilers.

Uma decisão polêmica é justamente não desenvolver a bizarra lógica de Eichmann ou mesmo gastar um pouco mais nos eventos de 61, o que é uma pena. O ritmo é mais lento, o que seria compreensível se o filme se limitasse ao registro oficial, contudo suas tentativas de tornar mais palatável fracassam, tornando-o nem uma coisa, nem outra. A parte mais importante acaba sendo os minutos finais com cenas e informações documentais.

Resumindo, é um filme sobre um episódio importantíssimo e que infelizmente, apesar de tudo, não conseguiu uma adaptação à altura. Não é ruim, porém não consegue realizar, acredito eu um dos objetivos do filme, a reflexão sobre a importância do seu julgamento, assim como a possibilidade de sua impunidade.

Para finalizar, recomendo muito o trabalho de Hannah Arendt para compreender a mecânica da banalização do mal. Outra dica é conhecer a história de outro famoso assassino em massa conhecido como "Carrasco de Riga", Herbert Cukurs, que morou no Brasil sem esconder sua identidade e sob proteção do DOPS - Departamento de Ordem Política e Social. Um começo pode ser visto aqui. E por fim o excelente Experimento Milgram que se encontra também na NetFlix.



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