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No Netflix: Luke Cage

Será que este herói realmente merecia um seriado próprio? Confira na crítica a seguir!
                                                         
Os seriados originais da Marvel "para adultos" feitos pelo NetFlix têm sido bem recepcionados pelos fãs de super-heróis, não só pela pegada mais dramática e realista que sacia aqueles que se sentem desamparados pelo universo cinematográfico, mas também pela sua qualidade como um todo, tanto em termos de ação quanto de interpretações e personagens. Depois de Demolidor (já com duas temporadas) e Jessica Jones, chegou a hora de Luke Cage receber sua chance para brilhar solo. Após assistir aos treze episódios da primeira temporada, posso dizer que, ainda que tenha alguns altos e baixos, esta nova série continua a sequência vitoriosa das anteriores, mostra que tem razão de existir além de preparar o cenário para "Os Defensores" e explora temas e aspectos sociais que até agora nunca tinham sido foco no gênero de super-heróis.

Uma coisa que chamou minha atenção foi o comentário do meu co-editor dizendo que viu o primeiro episódio e achou bastante "blacksploitation". Para quem não sabe, este termo se refere a um movimento cinematográfico da década de 70 em que filmes foram feitos por negros e visando o mercado de espectadores negros. Realmente o primeiro episódio de Luke Cage deixa clara a intenção de seguir esse caminho, ainda que se mantenha atual e dentro do esperado para um seriado de super-herói.

O fato é que a questão racial é um dos grandes focos deste seriado, o que é algo totalmente compreensível e até esperado, uma vez que é a primeira séria de tv de um super-herói negro da Marvel. Neste aspecto, o tema do preconceito é recorrente e afeta bastante o desenrolar da trama, sendo que nomes como Malcolm X e Martin Luther King são citados mais de uma vez. Casos atuais como a agressão a negros pela polícia também são tratados e discutidos. Mas também é importante destacar o relato apaixonado da cultura e da música negra, além é claro da carta de amor ao Harlem, considerado o berço de grandes figuras afro-descendentes.

Porém, nem tudo são flores e no seu terço final o seriado sofre por algumas decisões erradas que retiram personagens importantes e os substituem por versões menos interessantes. Ao contrário do que aconteceu nas duas primeiras temporadas do Demolidor, não temos aqui nenhuma cena de luta tão marcante e o próprio desfecho final é bem decepcionante ao se render demais aos clichês do gênero. O fato de Luke Cage ser quase um 'Superman' poderia dificultar bastante a empatia com este personagem, mas os roteiristas fizeram questão de trabalhar bem seu lado humano e também introduziram uma "cryptonita" bem interessante.

No elenco, mais uma vez temos excelentes atores que entregam performances surpreendentes. Mike Colter reprisa o papel de Luke Cage (que estreou em Jessica Jones) e mostra mais uma vez que foi a escolha perfeita para protagonista, agradando nas lutas e com uma presença física proporcional ao seu talento. Temos também o rosto já conhecido de Rosario Dawson que vem aparecendo em todas as séries Marvel Netflix, mas desta vez ela desempenha um papel muito mais importante e não decepciona. Destaque também para Mahershala Ali que dá vida ao gangster Cornell Stokes de uma forma fantástica durante o tempo que lhe é oferecido e é um dos pontos altos desta série. Também no canto dos vilões temos Erik LaRay Harvey que, ao meu ver, não consegue segurar o bastão com o mesmo brilhantismo de Mahershala, o que acaba afetando um pouco o desfecho do seriado. Já a atriz Alfre Woodard consegue convencer no papel da vereadora corrupta Mariah Dillard. A minha surpresa ficou na figura de Simone Missick, que interpreta a policial Misty de uma forma memorável e esbanja carisma na telinha.

Para quem já assistiu aos outros seriados Marvel da Netflix e está aguardando a apresentação de "Punhos de Aço" e a reunião da trupe toda em "Os Defensores", esta série é simplesmente obrigatória. Ainda que a conexão com as outras séries seja bem limitada, seria uma grande perda não acompanhar a trajetória dos personagens e você estaria correndo o risco de boiar em referências futuras. Para o público em geral, até mesmo para quem acompanha o universo cinematográfico da Marvel (raramente citado), talvez seja uma recomendação mais restrita. Assista pelo menos aos três primeiros episódios e dê uma chance, só lembrando que no final será necessário novamente uma certa perseverança ;)

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