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Eu faria assim: Filme de ficção científica - O Devorador de Ossos - Capítulo 1 - Parte 2

Duas novas e importantes peças são adicionadas ao tabuleiro.
                                                                                                                                                        
Em um restaurante lotado da região central de Washington, a figura solitária de Sibelle sentada em uma mesa para dois destoa da movimentação e do alvoroço do local. Ela está com a cabeça apoiada na mão e balança nervosamente a perna em sinal de impaciência. Uma mulher atraente mas discreta, de estatura mediana, pele morena e cabelos negros e encaracolados. De vez em quando ela respira fundo e olha no relógio para constatar a penosa e vagarosa passagem do tempo. De repente, ela é mais uma vez interpelada pelo garçom que insiste:

- A senhora já está pronta para fazer o pedido ou vai querer apenas água novamente?

Sibelle faz uma cara de tristeza e responde sem esconder seu cansaço:

- Não, obrigado, eu vou esperar mais um pouco.

Enquanto o garçom se afasta, em sua mente ela começa a relembrar os últimos dez anos de usa vida e dos sonhos e planos que fez. Ela estica sua mão esquerda e vê sua aliança no dedo, já um pouco descolorida e sem tanto brilho. Ao comparar sua situação atual com o que havia visualizado antes, Sibelle sabe que acabou abrindo mão de muitas coisas em nome, principalmente, da sua carreira. Apesar de ser considerada uma das maiores referências em astrobiologia do mundo e de ter alcançado isto antes mesmo de chegar aos quarenta anos, ela sente que deixou muitos dos seus objetivos pessoais de lado, principalmente em relação aos filhos e à construção de uma família.

Suas divagações são interrompidas por duas mãos que a tocam nos ombros. Sibelle leva um susto e se volta para ver a figura de Mark que se abaixa para dar um beijo em sua face.  Sua estatura é bem maior do que a de Sibelle e, apesar de estar em forma, sua pele quase pálida denuncia a falta de exposição ao Sol e vários fios brancos já se destacam em meio a seus  cabelos curtos e castanhos. Ele se senta com um grande sorriso no rosto e fala:

- Boa noite, meu amor, desculpe o atraso, mas posso garantir que foi por um motivo justo e mal posso esperar para compartilhar com você.

O descontentamento no rosto de Sibelle seguido pelo seu silêncio são sinais de que ela não está tão empolgada como o marido. Mark fica mais sério e diz:

- O que foi, Sisi? Aconteceu alguma coisa? Me desculpe se atrasei, mas acabei perdendo o avião porque demorei demais para sair da base de testes. Tivemos um dia de grandes avanços lá.
Sibelle respira fundo e franze a testa antes de responder:

- Fico feliz por você Mark, mas gostaria de me sentir uma prioridade também…

Mark assume uma postura defensiva e se mostra um pouco irritado:

- Como assim? Claro que você é uma prioridade na minha vida, meu amor. Mas eu achei que já estávamos acertados de que iríamos priorizar nossas carreiras neste momento, principalmente depois de tanto esforço. Por acaso você me chamou aqui para discutir a nossa relação e para revermos isso?

Ela fica surpresa com as palavras de Mark e retruca:

- Então é por isso que você acha que marquei este jantar, Mark?

Ele faz uma careta e responde:

- Pelo visto, sim. Isto está parecendo uma daquelas suas estratagemas para tentarmos corrigir algo que está funcionando muito bem. Me sinto como um animal que acabou de cair numa armadilha.
Após as últimas palavras de Mark, Sibelle abaixa a cabeça e cobre o rosto com as mãos para esconder as lágrimas que começam a surgir em seus olhos. Alguns segundos de seus soluços são suficientes para Mark perceber o mal que causou e ele sente um profundo remorso pelo que acabou de dizer. Ele pega um lenço do bolso e o oferece para Sibelle enquanto se inclina em direção a ela e coloca a mão direita no seu ombro e diz:

- Me perdoe, Sisi, eu não queria te magoar.

Apesar de bastante envergonhado, Mark ainda tenta se justificar:

- Mas eu achei que estava tudo bem e que você estava feliz em focarmos nos nossos trabalhos na Nasa. Você sabe o quanto eu me esforcei no projeto do “EM Drive” e finalmente estamos perto de alcançar o estágio em que será possível tornar a exploração do resto do nosso sistema solar uma realidade. Ontem mesmo nossa equipe fez um teste que comprovou a confiabilidade e a viabilidade desse novo sistema de propulsão. Eles garantiram que serei o piloto da próxima missão para Marte que será a estreia do “EM Drive” e levará menos de um décimo do tempo gasto da última vez. Esqueça Marte, nós vamos para as luas de Júpiter, de Saturno ou até mesmo para o espaço interestelar! E você já pensou nas implicâncias que isso poderá ter no seu trabalho como astrobiologista?  Pode ser a chance de finalmente encontrarmos vida em outro lugar e você terá a oportunidade de presenciar e estar completamente envolvida nisso.  Não era este o nosso sonho?

Sibelle já está mais calma e depois de enxugar as últimas lágrimas de seu rosto, ela fala:

- Eu sei Mark, sempre tivemos o sonho de nos realizarmos profissionalmente e chegamos bem mais longe do que imaginávamos. Mas já faz algum tempo que tenho pensado sobre os outros planos que tivemos que adiar e do quanto nossa relação foi deixada de lado. Nós quase não nos vemos mais e os poucos momentos que estamos juntos é para falar do trabalho. Claro que estou empolgada com todas essas possibilidades que se abrem com a conclusão do seu projeto, mas eu não estou ficando mais nova e ainda quero ter filhos e construir uma família. Por acaso você desistiu deste sonho?

Mark se afasta de Sibelle e se recosta na cadeira enquanto baixa sua cabeça. As palavras de sua esposa parecem tê-lo acordado de um transe e por alguns segundos ele se lembra do período de namoro e dos primeiros anos de casamento quando ele e Sibelle falavam sobre os filhos e discutiam sobre nomes e quais traços de personalidade eles iriam pegar de cada um. Ainda assim, ele vive um conflito interno grande pois sabe que está muito perto de finalmente comandar e pilotar uma missão espacial interplanetária. Por isso, tenta apaziguar o ânimo de Sibelle:

- Calma, meu amor, claro que eu ainda quero ter filhos com você. Mas você sabe o quanto lutei por isso nos últimos anos na Nasa e não seria justo me pedir para desistir de tudo justamente agora.
Sibelle olha com profunda tristeza nos olhos de Mark e depois de alguns segundos ela tira um envelope da bolsa e o deixa sobre a mesa. Depois, ela respira fundo e diz:

- A verdade é que sinto como se você tivesse desistido de mim e do nosso casamento. A distância que sinto entre nós neste momento é tão grande que é como se você já tivesse partido para uma missão em um planeta longínquo.

Após proferir estas palavras, ela se levanta e deixa Mark sozinho no restaurante. Ele ficou petrificado após as últimas palavras de sua esposa e nem sequer tentou impedir sua saída. Pela primeira vez ele é invadido com a sensação de que seu casamento está por um fio e que ele corre o risco de perder a mulher que tanto ama. Alguns minutos se passam até que ele decide ver o que está dentro do envelope deixado por Sibelle. Ele o abre com cuidado e, para sua surpresa, é um cartão comemorativo que traz, logo após a mensagem, uma dedicatória de Sibelle que diz: “Feliz aniversário de 10 anos de casamento, Mark. Da sua esposa que te ama muito, Sisi”.

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2 comentários:

  1. Ô louco! A história já tinha chamado minha atenção e agora fui "fisgada" pelos personagens... esse livro promete! Acho que você acertou optando por liberar a história em partes "auto-contidas" e não no formato de roteiro. O texto fica leve, a leitura dinâmica e a gente fica com vontade de ler o próximo capítulo. Parabéns!

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    1. Muito obrigado, meu bem! Você é suspeita pra falar, mas agradeço o comentário e fico feliz pois tenho pelo menos um leitor garantido!rs

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